Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Marcos Ruffato canta a esperança no disco 'Vata'

Produzido de forma colaborativa, Vata é o primeiro disco autoral do compositor mineiro Marcos Ruffato. Além do mutirão da “vaquinha eletrônica”, o álbum contou com o apoio dos músicos Sérgio Santos, Toninho Horta e Cristóvão Bastos, além do trio Amaranto, formado pelas cantoras Marina, Lúcia e Flávia Ferraz. “Eles abraçaram a proposta de peito aberto”, diz Ruffato.





O título do projeto vem da medicina ayurveda. “O vento, o fluxo e o movimento estão relacionados ao vata dosha (um dos três perfis biológicos do indívíduo, de acordo com a tradição milenar indiana). É sabido que a força que mora no vento é imprescindível a quem se lança ao trabalho de desmanchar nuvens pesadas”, explica Ruffato, que ganhou o Prêmio BDMG Instrumental em 2016.

“As músicas foram sendo compostas à medida que iam se desenhando nuvens pesadas no nosso horizonte. Por sua vez, a força do vento dá uma pulverizada nessas nuvens, uma contribuição para abrir o horizonte”, observa.

PSICANÁLISE 
Com seu álbum, o cantor e compositor, que também é psicanalista, pretende falar “para as pessoas que se sentem em um lugar de desesperança, estado em que estamos tendendo a cair nos tempos atuais”.





As canções começaram a ser registradas em 2018, quando Ruffato foi “provocado” por dois amigos a fazer um disco: o baterista Eduardo Sueitt e o baixista Sá Reston. “Eles disseram: 'Vamos gravar suas músicas. Venha para São Paulo para a gente gravar todas’. Fui e gravamos apenas Carta ao patriota, pois eram muitas as pessoas que pretendia incluir nesse trabalho”, relembra o compositor.

Posteriormente, outros amigos se juntaram ao projeto. “Em cada faixa, houve uma formação diferente, para que o disco pudesse abranger o maior número de pessoas. Mesmo assim ficou gente de fora”, comenta Ruffato, destacando a importância da energia de cada convidado. “Temos uma obra feita a muitas mãos.”

Das 13 faixas, três são parcerias dele com a letrista Clara Delgado e o compositor e violonista Edelson Pantera, descoberto por Toninho Horta. “Três canções têm arranjos meus e as outras foram arranjadas coletivamente. Eu ia dirigindo, dando os sinais da dinâmica e marcando as convenções rítmicas que já estavam no violão guia para que a galera pudesse colar e tocar junta”, explica Ruffato.





Vata foi gravado em São Paulo e no estúdio belo-horizontino Motor. “Em BH, convidei o tecladista Davi Fonseca, o guitarrista Felipe Villas Boas e o José Luiz Braga para cantar”, continua ele.

O trabalho de Marcos Ruffato tem influências do samba, maracatu, capoeira, congado, baião, ijexá, marcha-rancho e ciranda.  “Muitas expressões brasileiras perpassam o meu trabalho como pano de fundo. É uma proposta estética com vários ritmos e linguagens da música brasileira.”

LETRA 
Se venceu o BDMG Instrumental com seu bandolim, Ruffato, que também é violonista, guitarrista e arranjador, agora estreia com um álbum de canções. “No meu caso, feitas ao violão, pois já nascem com suas levadas e, muitas vezes, com letra.”

Em Vata, ele priorizou a sonoridade acústica. “Há, no máximo, uma guitarra elétrica, todo o resto é organicidade. Valorizo muito as raízes da nossa música, que é tão rica”, explica. Rafael Dutra é o coprodutor do álbum.





Ruffato conta que está aproveitando estes dias de pandemia para compor. “De vez em quando, finalizo alguma música e a posto no Instagram e no YouTube. Gravo a canção como ela me chega naquele primeiro momento”, revela.

VATA 
.De Marcos Ruffato
.Tratore
.13 faixas
.Disponível nas plataformas digitais


REPERTÓRIO
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