O Trio Concertante é a atração desta terça-feira (27) da série de recitais Allegro Vivace. O grupo sobe ao palco do auditório na Rede Mater Dei de Saúde às 20h, com transmissão pela internet. Sem plateia por causa da pandemia, o trio executará repertório formado por peças eruditas, um clássico dos Beatles e destaques da música popular brasileira.
Integrado pelo oboísta Alexandre Barros, o clarinetista Ney Franco e a fagotista Raquel Carneiro, o grupo se formou em 2000. A partir de 2008, cada um deles trilhou seu próprio caminho. Agora, o Allegro Vivace marca a volta do trio.
“O recital é o nosso reencontro. Uma nova estreia com bri- lhantismo. Estamos felizes, mas também ansiosos por ser um modelo diferente”, diz Raquel. Embora sem o calor da plateia, o suporte virtual permite alcance maior, afirma.
“A intenção é que a gente consiga atingir um público diversificado, mostrar um pouco dos instrumentos que compõem a orquestra, o naipe das madeiras, que geralmente exige muito dos músicos tanto em termos de técnica quanto de expressividade. Fagote e oboé são menos populares. Vamos demonstrar a diversidade dos coloridos musicais que conseguimos com essa formação”, explica a fagotista.
O programa terá Divertimento nº 2, de Mozart; Concerto campestre, do francês Henri Tomasi; Cinco peças em trio, do francês Jacques Ibert; e Yesterday, de Lennon & Mc Cartney, com arranjo de William Barros.
CHORO
O recital será encerrado com os chorinhos Segura ele, de Pixinguinha e Benedito Lacerda (com arranjo de William Barros); Tico-tico no fubá, de Zequinha de Abreu (arranjo de Eliseu Barros); e Flor amorosa, de Catulo da Paixão Cearense e J. A. Callado (arranjo de William Barros). Os arranjadores integram a Orquestra de Câmara do Sesiminas.
O clarinetista Ney Franco comemora a oportunidade de subir ao palco. “É a volta do fazer musical. Ter de novo contato com o público depois de seis meses, ainda que a distância, é muito bom”, diz. Para ele, é diferente estar em uma orquestra, com a escrita musical delineada para um conjunto numeroso de artistas, e tocar em pequenos grupos, preceito da música de câmara.
No caso dos trios, observa Ney, a responsabilidade é maior. A música de câmara é densa, com mais dificuldade técnica e musical. “É delicada, performática, refinada. O repertório é generoso, bonito, virtuosístico, ainda que cobre seu preço. É a água mais pura das águas puras”, compara.
Ney espera que o espaço aberto pela Rede Mater Dei de Saúde se multiplique. “Temos boas casas em Belo Horizonte, mas poucos projetos de música erudita”, pondera.
Alexandre Barros diz que a formação em trio é especial. “O oboé é mais agudo, o que mais responde pelos solos, o fagote é a base e a clarineta fica no meio. Essa é a configuração de que mais gosto. Há compositores brasileiros com lindas peças específicas para trios, como Heitor Villa-Lobos”, ressalta.
FOMENTO
Alexandre começou a estudar oboé em 1988, Ney Franco se dedica à clarineta há 28 anos, e Raquel toca fagote há 22. “Nossa intenção é fomentar a cultura erudita”, afirma o oboísta.
“As apresentações podem ser vistas por qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo”, enfatiza Myrian Aubin, diretora-artística do Allegro Vivace, ao comentar a temporada on-line da série. Com seis recitais, a edição deste ano foi aberta pelo violonista Fábio Zanon, em 6 de outubro.