"Vi que a gente precisa fazer algo onde tem injustiça, violência e miséria. Temos que agir, temos de ser ponte"
Marcelo Jeneci, cantor e compositor
Lançado há 10 anos, o álbum Feito pra acabar, de Marcelo Jeneci, chega às plataformas digitais em uma versão renovada. Além das 12 faixas originais, foram incluídas mais quatro canções, três delas inéditas (Rara, Me sinto bem e Doce loucura). Há ainda uma versão em italiano de Felicidade, que contou com a participação da cantora italiana Erica Mou.
Álbum de estreia de Jeneci, que se tornou um cantor e compositor de destaque em sua geração, Feito pra acabar foi lançado em 25 de outubro de 2010. “Essa é a graça da vida e da arte, afinal”, afirma o cantor, que diz ainda descobrir coisas novas em seu primeiro disco.
No ano passado Jeneci lançou Guaia, que disputa o Grammy Latino 2020 de Melhor Disco de Música Popular Brasileira, categoria em que ele concorreu também em 2013, com De graça.
Apesar da quarentena devido à pandemia do novo coronavírus, o artista diz que tem trabalhado bastante. “São muitos significados que essa pandemia está trazendo para cada pessoa. Um deles aqui, no meu recanto, foi produzir com o que tinha à minha disposição, com pouca coisa, e ir até o final de uma etapa da produção de um fonograma, além de compor, gravar todos os instrumentos, produzir as faixas. Fui preparando, porque não queria deixar passar essa data, que tem sido tão gratificante para mim.”
Ele conta que decidiu produzir as novas faixas “porque são melodias que começaram a ser feitas na época, mas que tiveram as suas letras finalizadas recentemente. São músicas que poderiam ter entrado no CD e acabaram não entrando”.
A escolha, segundo Jeneci, tem a ver com sua “vontade de celebrar isso com aquele paladar e não com algo que tenho feito mais recentemente”.
Na disposição do edição especial do álbum, as três faixas inéditas vêm na abertura e Felicidade encerra o trabalho. “Me sinto bem tem um clipe que também está sendo lançado e Rara dá nome à minha filha, que deve nascer na lua cheia, no máximo daqui a duas semanas. Esse é o nome que ela mesma escolheu e que, de alguma maneira, a ouvimos dizer para nós”.
Ambas as canções foram gravadas por Jeneci em sua casa. “Foi quando vi que, sozinho, eu nunca estou sozinho. E quero validar esse gesto em cada pessoa que lida com criação, seja do que for, de ir até o fim. Assim, dá para a gente se virar e, com força de vontade, a gente vai abrindo os caminhos, do começo ao fim de uma criação. Na pandemia, acho que isso é um dos ensinamentos. Então essas duas eu gravei aqui no meu recanto, com o pouco de equipamento que tenho e confesso que gostei da brincadeira.”
Para Doce loucura também foi produzido um clipe, com lançamento previsto para este mês de novembro. “Foi tipo eu e a minha primeira banda tocando o Feito pra acabar. Doce loucura é o meu reencontro com Laura Lavieri, com o Curumim e o Regis Damasceno.”
PANDEMIA
Além de trabalhar no disco durante a quarentena e se dedicar a aprender mais sobre programas de gravação, Jeneci também participou como ator de uma série que tem estreia prevista para o ano que vem. “Estou fazendo a trilha sonora”, conta.
Nesse período, ele se sentiu também mais inclinado ao ativismo. “Vi que a gente precisa fazer algo onde tem injustiça, violência e miséria. Temos que agir, temos de ser ponte.”
Para 2021 ele planeja “uma gravação em espanhol e inglês. Na verdade, estamos olhando de maneira mais topográfica, o que será melhor para a minha música”.
Feito pra acabar
Marcelo Jeneci
Selo Slap (Som Livre)
16 faixas
Disponível nas plataformas digitais