O violão vadio de Baden Powell, livro lançado em 1999, acaba de ser reeditado pela Editora 34. Ele dá destaque às temporadas europeias do violonista e ganha força com a boa documentação apresentada por sua autora, Dominique Dreyfus, jornalista francesa apaixonada por MPB e amiga pessoal de Baden.
Um dos pontos curiosos aparece no último capítulo, que abre com a narração da conversão de Baden ao Centro Evangélico Unido (CEU). “Vendo nessa religião o caminho da paz que estava procurando desesperadamente, converteu-se. E jogou fora tudo o que se referia ao candomblé na casa de Itanhangá, que mandou depois benzer pelo amigo de infância, Maurício...”
Curioso saber que Baden lidou com o catolicismo, a umbanda e o candomblé “sem se envolver profundamente com nenhum deles”, de acordo com a biógrafa.
Os jornalistas e os fãs parecem ter levado suas decisões de conversão espiritual mais a sério do que ele mesmo. O que Baden procurava não era o sentido religioso, mas cultural.
A guinada ao CEU, no entanto, foi levada mais a fundo e fez o artista se aproximar ainda mais de um de seus ídolos, o compositor luterano alemão Johann Sebastian Bach, a ponto de chorar ao visitar a igreja em que Bach se apresentava.
Dominique conta sobre a grata surpresa que teve ao lançar o livro, em outubro de 1999. Contrariando o pessimismo de quem dizia que Baden não iria comparecer, lá estava ele, sorridente e feliz, disposto até a tocar ao lado do filho Philippe.