Em operação há um ano nos EUA, o serviço de streaming de vídeos Disney+ finalmente chegará ao mercado brasileiro no próximo dia 17. Antes de a pandemia do novo coronavírus obrigar as salas de cinema a fechar, a expectativa pelo lançamento da plataforma já era alta, por sua concentração de conteúdos exclusivos ligados a universos temáticos muito populares, como o dos super-heróis da Marvel e a saga Star wars.
Com a desorganização do mercado cinematográfico promovida pela crise sanitária, a Disney também acabou se tornando palco para grandes estreias, como a do filme Mulan. A entrada da marca no Brasil vem acompanhada do anúncio de promoções e de uma parceria estratégica com a Globo, tornando o concorrido mercado de streaming ainda mais aquecido.
Na última terça-feira (3), a Disney iniciou a pré-venda de assinaturas a preços promocionais, 15% mais baratos do que os que serão praticados a partir do lançamento. Em números, a assinatura anual que custará R$ 279,90 está sendo vendida a R$ 237,90.
Isso coloca mais cifras na planilha dos amantes de filmes e séries, já habituados nos últimos anos com a disputa entre a Netflix, Amazon Prime Video, Apple TV e outras marcas, como Starz Play, Looke, HBO GO, Telecine Play e Globoplay, que preferiu se aliar a concorrer com a novata.
Os valores anunciados pela Disney entram na faixa observada no mercado atual. A Netflix, por exemplo, cobra R$ 21,90 pelo seu plano mais básico, que dá direito a uma única tela de exibição, independentemente do dispositivo. O premium, com alguns recursos gráficos superiores disponíveis e possibilidades de acesso simultâneo em três dispositivos diferentes, custa R$ 45,90. Nos EUA, os valores do plano básico sofreram aumento de US$ 13 para US$ 14 na semana passada. No Brasil, nenhum reajuste foi anunciado.
Por aqui, a Amazon Prime Video se oferece com valores mais baixos, com mensalidade de R$ 9,90, assim como a Apple TV . Já a Globoplay, fora do combo com a Disney, varia entre R$ 22,90 mensais ou R$ 238,80 por ano (R$ 19,90 ao mês) pela opção apenas com conteúdo sob demanda, e R$ 514,80 anuais (R$ 42,90 ao mês) pela opção que tconta com os canais ao vivo.
CONTEÚDO
A disputa pela fidelidade do público passa especialmente pelo conteúdo oferecido em cada serviço. A Netflix colhe frutos de suas produções originais e exclusivas, que incluem séries de sucesso, como La casa de papel e Stranger things, e filmes que chegaram ao Oscar, como Roma, O irlandês e História de um casamento, além de produções de estúdios parceiros, de várias épocas.
O serviço da Amazon opera de forma semelhante, exibindo com exclusividade séries como as vencedoras do Emmy Fleabag e The Marvelous Mrs. Maisel, por exemplo. O longa Borat: Fita de cinema seguinte, um dos títulos mais badalados nesses últimos meses (de lançamentos escassos no cinema por conta da pandemia), também só pode ser visto por lá.
O canal de televisão por assinatura HBO também tem serviço de streaming próprio (HBO GO, R$ 34,90 por mês), para o qual reserva a exclusividade de suas cultuadas séries, como Game of thrones, Westworld e Watchmen. A Globoplay, por sua vez, tem como diferencial produções nacionais originais, como novelas, séries e filmes, além da diversidade de programas de entretenimento e variedades de seus canais GNT e Multishow Off, entre outros.
STAR WARS
Para entrar nesse disputado mercado, a Disney conta com articulações bilionárias com outros estúdios, feitas nos últimos anos, com a intenção de seduzir algumas das maiores legiões de fãs da cultura pop. Em 2012, o grupo pagou US$ 4 bilhões para adquirir a Lucasfilm, de George Lucas, e ser dona de tudo que é produzido ligado ao universo de Star wars. Dessa forma, passam a ser exclusivos da plataforma Disney todos os nove episódios cinematográficos (1977-2019), além de outros longas, como Rogue one (2016) e Han Solo (2018), e animações e seriados, como The clone wars e a ainda inédita no Brasil The Mandalorian.
A trama criada por Jon Favreau e estrelada por Pedro Pascal, paralela à história principal de Star wars, acompanha as aventuras de um misterioso caçador de recompensas nos confins da galáxia. A produção conquistou os fãs da saga e é agora apontada como o grande cartão de visitas do serviço de streaming.
A Disney desfalcou seus concorrentes não só do universo Star wars, cujos filmes já estiveram nos catálogos da Netflix e do Telecine Play, por exemplo. Numa outra gigantesca transação comercial, a Disney adquiriu os estúdios cinematográficos da Marvel, há 10 anos.
Com isso, a vasta lista de filmes lançados desde O Homem de Ferro (2008), até os recentes Vingadores: Ultimato (2019), e os longas dedicados a um único personagem, como Homem-Aranha: Longe de casa (2019), se tornaram restritos ao catálogo da Disney , bem como lançamentos já programados. Entre eles, as séries WandaVision, Falcão, Soldado Invernal e Loki, que darão protagonismo a esses coadjuvantes em histórias mais amplas.
Além da aposta no público das comic cons, a Disney também procura contemplar fãs de conteúdos documentais com produções da National Geographic. Estão no catálogo a série Ciência do absurdo e filmes como Antes do dilúvio, protagonizado por Leonardo DiCaprio, e Free solo, longa-metragem vencedor do Oscar na categoria em 2019. Outra importante parceria presente na plataforma é com os estúdios Pixar, responsáveis por animações consagradas, como Divertida mente e Procurando Nemo, e as séries inéditas Disney family Sundays e Forky asks a question.
O foco declarado em um catálogo “para toda a família” se vale ainda de produções originais dos estúdios Walt Disney, incluindo os clássicos animados. A empresa anunciou que pretende, em breve, produzir também conteúdos originais no Brasil, como já fazem Netflix e Amazon Prime Video.
Em maio do ano passado, antes de o serviço ser lançado nos EUA, uma pesquisa da empresa Morning Consult apontou que 28% dos assinantes da Netflix naquele país poderiam trocar o serviço pela Disney . Atualmente, a Disney tem 60 milhões de usuários nos EUA. A Netflix tem 190 milhões, em 190 países.