Desde que Para todos os garotos que já amei (2018) fez sucesso, a Netflix se deu conta de que uma produção teen pode ter todos os clichês possíveis, e ainda assim inovar em termos de linguagem. Essa é a herança que o filme estrelado por Noah Centineo deixou para o conjunto já robusto de comédias românticas adolescentes, tanto na forma de longas quanto na de séries. Com Dash & Lily, essa premissa chega às produções natalinas da plataforma.
Baseada no livro O caderninho de desafios de Dash & Lily (Galera, 2016), de David Levithan e Rachel Cohn, a série gira em torno da relação entre Dash (Austin Abrams), um rapaz cínico e arrogante, e Lily (Midori Francis), garota otimista e tímida, incapaz de criar laços com outros jovens.
PLANOS
Os dois não se conhecem pessoalmente e são bastante diferentes um do outro. Ela, entusiasta das festas de fim de ano, gosta de passar a data em família e participa de corais natalinos. Porém, todos os planos vão por água abaixo quando descobre que os pais e o avô não ficarão em casa durante o Natal. Para Lily, resta a companhia do irmão, Langston (Troy Iwata), que já tem planos com o novo namorado, o que colabora para o sentimento de abandono da garota.
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No melhor estilo “os opostos se atraem”, a dupla vai percebendo o quanto tem em comum por meio da troca de mensagens no caderno, que ambos deixam em diferentes pontos de Nova York.
Pouco ortodoxa para uma série teen, a produção tem sua trama apresentada aos poucos. O roteiro mostra a mesma situação a partir da perspectiva dos dois personagens – a construção narrativa de cada episódio parte, principalmente, do mistério, que faz as vezes de gancho para os oito episódios da primeira temporada.
Ambientada no Natal, a fotografia destaca a Nova York colorida, cheia de adereços para o fim de ano. A direção de arte é outro deleite. Tudo o que envolve Lily é alegre e lúdico, enquanto ambientes, roupas e lugares frequentados por Dash são mais fincados na realidade – ou na solidão.
Para quem procura clichês, eles estão lá, para deleite dos fãs de comédia romântica. Lily vive seu momento de Cinderela e perde uma bota vermelha. Dash encontra o calçado e o usa como uma forma de rastreá-la, tentando descobrir quem é a garota que o encantou.
CAT POWER
A trilha sonora salta aos ouvidos. As canções emulam um espírito natalino diferente de clássicos do gênero, como a já citada River. Estão lá Manhattan, de Cat Power, Come on! Let's boogey to the elf dance, de Sufjan Stevens, e Silent night, interpretada por Mariah Carey.
Destaca-se o momento musical no fim do último episódio. A banda Jonas Brothers surge para fazer um show na véspera de ano-novo. Criação da Disney, a boy band retomou os trabalhos recentemente e canta Like it's christmas.
A participação dos irmãos Jonas não se resume ao show. Nick Jonas é coprodutor do projeto, via sua empresa Image 32, em parceria com Shawn Levy (produtor de Stranger things), da 21 Laps Entertainment.
Considerando que o livro que inspirou a série tem uma continuação (The twelve days of Dash & Lily), é bem provável que a história do jovem casal prossiga em 2021. Não está confirmado, mas tudo leva a crer que a Netflix não vai perder essa oportunidade.
DASH & LILY
.A primeira temporada, com oito episódios, está disponível na Netflix.