Mulher-Maravilha 1984 era uma das estreias mais aguardadas de 2020. Previsto para junho, o lançamento foi adiado por causa da COVID-19. Ao contrário de estrelas de superproduções que aguardarão a volta da normalidade às salas de cinema, a heroína dos quadrinhos resolveu encarar a pandemia. Forte candidato a maior bilheteria deste período, o longa chega nos próximos dias às telonas de todo o mundo. Nesta quarta-feira (16/12), sessões de pré-estreia ocorrem em 47 salas de BH, a exemplo de todo o Brasil.
Sequência do sucesso lançado em 2017, décima maior arrecadação mundial daquele ano, o novo longa tem novamente Patty Jen- kins na direção e Gal Gadot no papel principal. Desta vez paramentada de forma mais imponente, com a armadura dourada já vista em trailers e cartazes.
Se o longa anterior apresentou a origem da personagem ainda como a princesa amazona Diana, mostrando como ela se torna a Mulher-Maravilha numa trama ambientada na Primeira Guerra Mundial, 1984 se passa 70 anos depois. A heroína tem a mesma aparência, força e jovialidade graças aos seus superpoderes.
Os inimigos são outros. O vilão da vez é o empresário Max Lord (Pedro Pascal), cujos planos maquiavélicos passam pelo museu onde a Mulher-Maravilha tenta levar uma vida comum como a funcionária Diana Prince. Lord tem como parceira de maldades uma colega de trabalho de Diana, Barbara Minerva (Kristen Wiig), a supervilã Mulher-Leopardo.
Paralelamente à pirotécnica luta do bem contra o mal, a Mulher-Maravilha se destaca por enfrentar o machismo. No primeiro filme, a personagem, oriunda de uma sociedade inteiramente dominada pelas mulheres, conhece o mundo opressor dos homens. O novo enredo se conecta ao contexto da luta feminista nos anos 1980, na medida do possível para um filme de super-herói – ou melhor, super-heroína.
Para a crítica Kate Erbland, do site especializado americano IndieWire, o filme é sobre “brincar com magia e desejos, apenas para vê-los levar a ramificações horríveis, satisfação instantânea e a revelação de que mentir nunca é sem consequências. Essas são algumas grandes oscilações. Nem todas funcionam, mas as que acontecem são alegres e genuinamente dignas de reflexão”.
Com orçamento de US$ 200 milhões, Mulher-Maravilha: 1984 será o primeiro filme de super-herói lançado nos cinemas desde Aves de Rapina: Arlequina e sua emancipação fantabulosa, de fevereiro, protagonizado pela vilã Arlequina (Margot Robbie) e integrante do universo cinematográfico da DC, assim como Mulher-Maravilha, Batman e Superman.
Principal concorrente da DC, os estúdios Marvel preferiram adiar para 2021 o longa Viúva Negra, dedicado à personagem de Scarlett Johansson, grande aposta para 2020 (o lançamento seria em abril). Com isso, Mulher-Maravilha se tornou a solitária heroína da pandemia.
Streaming
No Brasil, onde a estreia ocorre uma semana antes da Europa e dos EUA, a exibição será exclusiva nos cinemas. No exterior, o lançamento acontecerá nas salas e no serviço de streaming HBO Max.
Essa decisão do estúdio Warner gerou polêmica, com descontentamento de empresas exibidoras e de empresários de artistas como Gal Gadot e Patty Jenkins. De acordo com o jornal The New York Times, um acordo teve que ser feito pelo estúdio para que elas recebam o valor adicional de US$ 10 milhões pela veiculação de seu trabalho em outras telas.
Ricardo Daehn
A diretora Patty Jenkins não se intimida com a pandemia, que atrasou a estreia de seu filme Mulher-Maravilha 1984, nas salas de cinema. “A Mulher-Maravilha é algo de que o mundo precisa agora. Ela não se encerra no conceito de derrubar os malvados. Ela desperta amor, compaixão, gentileza e o desejo de se aprimorar como ser humano”, afirma.
Como definiria o poder da Mulher-Maravilha de enxergar, sem julgamentos, as fraquezas e de entender gestos inesperados dos inimigos?
Esse é um ponto-chave, um fator para as coisas mais interessantes que tocam Diana. Normalmente, há heróis e vilões. Na maior parte do tempo, eles ficam tentando destruir uns aos outros. Eles perseguem a tentativa de se livrar uns dos outros, tendo por base o ódio. O diferencial de Diana é que ela nunca deseja machucar ou destruir ninguém, mesmo quando são pessoas más. Ela tem o sentimento bondoso da compreensão. Ela se vê como uma pessoa prestativa, preocupada em melhorar a vida de quem está à sua volta, cuida do mundo que a envolve. No filme, uma das vilãs é amiga dela. Diana se mostra favorável a reeducar, a ajudar a pessoa a sair da trilha errada. Isso é fascinante e conduz a uma esfera de luta diferenciada.
Qual é a importância desta heroína em tempos de pandemia?
Espero que o filme toque as pessoas de modo extremado e profundo. A Mulher-Maravilha é algo de que o mundo precisa agora. Ela não se encerra no conceito de derrubar os malvados. Ela desperta amor, compaixão, gentileza e desejo de se aprimorar como ser humano. Diana se desafia para se tornar uma pessoa melhor, ainda que esteja na posição de heroína. Há resiliência e vontade de transformação nela. O roteiro traz uma mensagem de amor e de otimismo, algo positivo, alegre e divertido. No primeiro filme, a visão de muitas pessoas foi associar a personagem apenas às mulheres, como uma espécie de símbolo. Mas ela representa muito mais do que isso. Ela é um presente real para as mulheres, mas, atualmente, se tornou um símbolo para a humanidade.
No atual contexto de ajuste dos valores da humanidade, seria possível inserir Núbia, a gêmea negra da Mulher-Maravilha, nas histórias que virão no cinema?
Sim. Nós temos um futuro filme em andamento e avançando ou não no tempo das tramas, Núbia se mostra um dos grandes personagens.
Como vê o lançamento do filme nos Estados Unidos simultaneamente em streaming e nas salas de cinema?
Não era o modo ideal pelo qual queria lançá-lo, mas temos que nos ajustar às circunstâncias de hoje. Eu não poria, normalmente, fé no modo como será lançado. Realmente acredito em experiências que passam pelo lançamento nas salas de cinema. Entretanto, os tempos têm nos obrigado a nos ajustar. Nesse cenário, acho que estrear em meio a mudanças é belo e válido. Claro que estou descontente com o fato de o filme não ter o lançamento costumeiro e do tamanho esperado. Mas estou feliz de poder entregá-lo ao mundo de um modo muito seguro, o que traz um sentido pleno e muito forte.
Você conduziu o violento Monster – Desejo assassino (2003), sobre uma serial killer. Como dosa a violência no novo Mulher-Maravilha?
Acho interessante observar cada caso, e isso inclui o filme Monster. Você sabe, há questões de mortes que tocam os dois filmes, particularmente em relação ao que acontece com Mulher-Maravilha. Como diretora, você está sempre detectando qual é o foco emocional de algo. Será que encaixa, combina? Também não explorei muito grafismo em Monster, mas, emocionalmente, não fui indulgente com a plateia. A personagem doentia promove momentos muito desconfortáveis.
Há equilíbrio de violência em Mulher-Maravilha 1984?
Estou, como artista, muito familiarizada com a violência e a ação, sinto que estou sempre tentando contar a história e posicionar o público em um lugar no qual experimente o que, de fato, seja importante no âmbito da ação e da violência. No caso de Mulher-Maravilha, adoro o fato de não haver a morte de uma pessoa no filme. Mulher-Maravilha desvia de tudo para evitar mortes de pessoas e para anular vilões de agigantados poderes, sempre sem que alguém morra. Acho que é um tremendo e divertido desafio.
Sequência do sucesso lançado em 2017, décima maior arrecadação mundial daquele ano, o novo longa tem novamente Patty Jen- kins na direção e Gal Gadot no papel principal. Desta vez paramentada de forma mais imponente, com a armadura dourada já vista em trailers e cartazes.
Se o longa anterior apresentou a origem da personagem ainda como a princesa amazona Diana, mostrando como ela se torna a Mulher-Maravilha numa trama ambientada na Primeira Guerra Mundial, 1984 se passa 70 anos depois. A heroína tem a mesma aparência, força e jovialidade graças aos seus superpoderes.
Os inimigos são outros. O vilão da vez é o empresário Max Lord (Pedro Pascal), cujos planos maquiavélicos passam pelo museu onde a Mulher-Maravilha tenta levar uma vida comum como a funcionária Diana Prince. Lord tem como parceira de maldades uma colega de trabalho de Diana, Barbara Minerva (Kristen Wiig), a supervilã Mulher-Leopardo.
Paralelamente à pirotécnica luta do bem contra o mal, a Mulher-Maravilha se destaca por enfrentar o machismo. No primeiro filme, a personagem, oriunda de uma sociedade inteiramente dominada pelas mulheres, conhece o mundo opressor dos homens. O novo enredo se conecta ao contexto da luta feminista nos anos 1980, na medida do possível para um filme de super-herói – ou melhor, super-heroína.
Para a crítica Kate Erbland, do site especializado americano IndieWire, o filme é sobre “brincar com magia e desejos, apenas para vê-los levar a ramificações horríveis, satisfação instantânea e a revelação de que mentir nunca é sem consequências. Essas são algumas grandes oscilações. Nem todas funcionam, mas as que acontecem são alegres e genuinamente dignas de reflexão”.
Com orçamento de US$ 200 milhões, Mulher-Maravilha: 1984 será o primeiro filme de super-herói lançado nos cinemas desde Aves de Rapina: Arlequina e sua emancipação fantabulosa, de fevereiro, protagonizado pela vilã Arlequina (Margot Robbie) e integrante do universo cinematográfico da DC, assim como Mulher-Maravilha, Batman e Superman.
Principal concorrente da DC, os estúdios Marvel preferiram adiar para 2021 o longa Viúva Negra, dedicado à personagem de Scarlett Johansson, grande aposta para 2020 (o lançamento seria em abril). Com isso, Mulher-Maravilha se tornou a solitária heroína da pandemia.
Streaming
No Brasil, onde a estreia ocorre uma semana antes da Europa e dos EUA, a exibição será exclusiva nos cinemas. No exterior, o lançamento acontecerá nas salas e no serviço de streaming HBO Max.
Essa decisão do estúdio Warner gerou polêmica, com descontentamento de empresas exibidoras e de empresários de artistas como Gal Gadot e Patty Jenkins. De acordo com o jornal The New York Times, um acordo teve que ser feito pelo estúdio para que elas recebam o valor adicional de US$ 10 milhões pela veiculação de seu trabalho em outras telas.
Entrevista/Patty Jenkins/cineasta
“Estrear em meio a mudanças é belo e válido”Ricardo Daehn
A diretora Patty Jenkins não se intimida com a pandemia, que atrasou a estreia de seu filme Mulher-Maravilha 1984, nas salas de cinema. “A Mulher-Maravilha é algo de que o mundo precisa agora. Ela não se encerra no conceito de derrubar os malvados. Ela desperta amor, compaixão, gentileza e o desejo de se aprimorar como ser humano”, afirma.
Como definiria o poder da Mulher-Maravilha de enxergar, sem julgamentos, as fraquezas e de entender gestos inesperados dos inimigos?
Esse é um ponto-chave, um fator para as coisas mais interessantes que tocam Diana. Normalmente, há heróis e vilões. Na maior parte do tempo, eles ficam tentando destruir uns aos outros. Eles perseguem a tentativa de se livrar uns dos outros, tendo por base o ódio. O diferencial de Diana é que ela nunca deseja machucar ou destruir ninguém, mesmo quando são pessoas más. Ela tem o sentimento bondoso da compreensão. Ela se vê como uma pessoa prestativa, preocupada em melhorar a vida de quem está à sua volta, cuida do mundo que a envolve. No filme, uma das vilãs é amiga dela. Diana se mostra favorável a reeducar, a ajudar a pessoa a sair da trilha errada. Isso é fascinante e conduz a uma esfera de luta diferenciada.
Qual é a importância desta heroína em tempos de pandemia?
Espero que o filme toque as pessoas de modo extremado e profundo. A Mulher-Maravilha é algo de que o mundo precisa agora. Ela não se encerra no conceito de derrubar os malvados. Ela desperta amor, compaixão, gentileza e desejo de se aprimorar como ser humano. Diana se desafia para se tornar uma pessoa melhor, ainda que esteja na posição de heroína. Há resiliência e vontade de transformação nela. O roteiro traz uma mensagem de amor e de otimismo, algo positivo, alegre e divertido. No primeiro filme, a visão de muitas pessoas foi associar a personagem apenas às mulheres, como uma espécie de símbolo. Mas ela representa muito mais do que isso. Ela é um presente real para as mulheres, mas, atualmente, se tornou um símbolo para a humanidade.
No atual contexto de ajuste dos valores da humanidade, seria possível inserir Núbia, a gêmea negra da Mulher-Maravilha, nas histórias que virão no cinema?
Sim. Nós temos um futuro filme em andamento e avançando ou não no tempo das tramas, Núbia se mostra um dos grandes personagens.
Como vê o lançamento do filme nos Estados Unidos simultaneamente em streaming e nas salas de cinema?
Não era o modo ideal pelo qual queria lançá-lo, mas temos que nos ajustar às circunstâncias de hoje. Eu não poria, normalmente, fé no modo como será lançado. Realmente acredito em experiências que passam pelo lançamento nas salas de cinema. Entretanto, os tempos têm nos obrigado a nos ajustar. Nesse cenário, acho que estrear em meio a mudanças é belo e válido. Claro que estou descontente com o fato de o filme não ter o lançamento costumeiro e do tamanho esperado. Mas estou feliz de poder entregá-lo ao mundo de um modo muito seguro, o que traz um sentido pleno e muito forte.
Você conduziu o violento Monster – Desejo assassino (2003), sobre uma serial killer. Como dosa a violência no novo Mulher-Maravilha?
Acho interessante observar cada caso, e isso inclui o filme Monster. Você sabe, há questões de mortes que tocam os dois filmes, particularmente em relação ao que acontece com Mulher-Maravilha. Como diretora, você está sempre detectando qual é o foco emocional de algo. Será que encaixa, combina? Também não explorei muito grafismo em Monster, mas, emocionalmente, não fui indulgente com a plateia. A personagem doentia promove momentos muito desconfortáveis.
Há equilíbrio de violência em Mulher-Maravilha 1984?
Estou, como artista, muito familiarizada com a violência e a ação, sinto que estou sempre tentando contar a história e posicionar o público em um lugar no qual experimente o que, de fato, seja importante no âmbito da ação e da violência. No caso de Mulher-Maravilha, adoro o fato de não haver a morte de uma pessoa no filme. Mulher-Maravilha desvia de tudo para evitar mortes de pessoas e para anular vilões de agigantados poderes, sempre sem que alguém morra. Acho que é um tremendo e divertido desafio.