Em 2020, o ano que parece estar longe de acabar, o mundo parou por causa da COVID-19. Chegamos a dezembro e a impressão é de que nada foi produzido enquanto tentamos sobreviver à guerra invisível contra o novo coronavírus. Porém, este ano deixa boas lembranças, como o disco Do meu coração nu, do pernambucano Zé Manoel, que está entre os preferidos da cantora Fernanda Takai e do produtor Kassin.
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Cris do Morro lança 'Favela e sociedade: Um muro a ser derrubado'É fã de Steven Spielberg? Veja seleção especial de 12 filmes do diretor'Anticomputador sentimental', com João Santos, estreia hojeFestival Arte Como Respiro encerra temporada com 51 pocket showsPara enfrentar 2021, 'Não tenha medo não'As melhores canções da década vão do rap ao sambaDez profissionais ligados à música foram convidados pelo Estado de Minas para listar os discos que marcaram a década 2010/2020. Entre os brasileiros, Elza Soares, com A mulher do fim do mundo, lançado há cinco anos, é quase unanimidade. “Um álbum de importância histórica”, afirma Rodrigo Vellozo. “É o trabalho mais potente dela, tanto pela qualidade musical quanto pela gama de símbolos que carrega”, destaca o rapper Roger Deff.
» JOÃO FERREIRA
Vocalista da banda Daparte
. Random access memories (2013)
De Daft Punk
“Em um álbum que sustenta uma tese e tece argumentos, a primeira faixa da obra-prima do Daft Punk, tanto lírica quanto sonoramente, inaugura um assunto que seria amplamente abordado e discutido pelo restante da década: devolva a vida à música. Com a mecanização e transformação da produção fonográfica em uma indústria de modos fordistas, é fácil perceber a falta de entusiasmo lírico e a desalma das composições radiofônicas de meia-vida povoando as rádios. Mais notável ainda se torna um álbum produzido e gravado com técnicas dos anos 70 e 80, mixado analogicamente, alcançar o número 1 na Top 200 da Bilboard. Como o grande álbum que é, Random access memories tem não só um, mas dois smash hits: Get lucky e Lose yourself to dance, que trouxeram de volta às paradas (e ineditamente ao léxico de uma geração afogada em sons de plástico) a estética do funk e techno setentista e oitentista, que seria seguidamente adotada por ídolos teen como Bruno Mars, Miley Cyrus e Dua Lipa. O álbum de 2013 foi extensamente aclamado por público e crítica por ser conciso e congruente em sua mensagem de recuperação do clamor artístico, do calor musical e do tesão dançante que parecia se diluir e ainda dilui nos tempos de autotune. Uma peça impecável de mixagem e masterização, R.A.M. é obra para se ouvir de cabo a rabo, em ordem, como se fazia com os antigos LPs, mas com uma diferença: a sua sobrinha de 15 anos também gosta dela.”
. AM (2014)
De Arctic Monkeys
. Currents (2015)
De Tame Impala
. A moon shaped pool (2016)
De Radiohead
. Caress your soul (2013)
De Sticky Fingers
. Manual (2015)
De Boogarins
. Why me why not (2019)
De Liam Gallagher
. World’s strongest man (2018)
De Gaz Coombes
. Noel Gallagher's high flying birds (2011)
De Noel Gallagher
. Melhor do que parece (2016)
De O Terno
» FERNANDA TAKAI
Cantora da banda Pato Fu
. Seasons of my soul (2010)
De Rumer
“Ouvi a música Slow tocando na Barnes & Noble, em Los Angeles, na época em que gravei com o Andy Summers. A voz dela me lembrou demais a Karen Carpenter. Comprei o disco na hora e as canções são ótimas!”
. Record (2018)
De Tracey Thorn
. Mafaro (2010)
De André Abujamra
. Super Mario odyssey (2018)
De The Greatest Bits
. Superultramegafluuu (2015)
De Erika Machado
. Religar (2010)
De Léo Cavalcanti
. Disco voador (2011)
De Clã
. Claridão (2012)
De Silva
. Goldfrapp (2010)
De Head First
. Do meu coração nu (2020)
De Zé Manoel
KASSIN
Produtor musical e multi-instrumentista
. Untitled (Rise) (2020)
De Sault
“Neste ano estranho de 2020, basicamente um ano suspenso, dois discos desta lista foram lançados, Zé Manoel e o primeiro aqui, Sault, que lançou dois discos quase ao mesmo tempo e poderiam estar aqui nesta lista, mas não quis ficar repetitivo. Sault é um projeto misterioso, não se sabe ao certo quem participa, mas o que interessa é que a música é muito boa.”
. Black Messiah (2014)
De D’Angelo
. Metaprogramação (2019)
De Deafkids
. Do meu coração nu (2020)
De Zé Manoel
. O glorioso retorno de quem nunca esteve aqui (2013)
De Emicida
. Abraçaço (2013)
De Caetano Veloso
. IIII%2bIIII (2017)
De Ìfé
. AOR (2013)
De Ed Motta
. Bang (2015)
De Anitta
. Zony w pracy (2016)
De LXMP
» KADU VIANA
Cantor
. Belo Horizonte (2019)
De Toninho Horta e Orquestra Fantasma
“Para mim, é o mais importante disco da década por ter levado a música feita em Belo Horizonte, Minas Gerais, ao topo do mundo, uma vez que foi o vencedor do Grammy Latino 2020 – Melhor álbum de MPB.”
. Dreaming fully awake (2019)
De Moons
. Rua dos Amores (2012)
De Djavan
. AOR (2013)
De Ed Motta
. Cantante (2020)
De Mariana Nunes
. The lost and found (2011)
De Gretchen Parlato
. Momentum (2013)
De Jamie Cullum
. Lo mejor de cada casa (2013)
De Steen Rasmussen Quinteto e Leo Minax
. Paradise valley (2013)
De John Mayer
. Voicenotes (2018)
De Charlie Puth
RODRIGO VELLOZO
Cantor
. A mulher do fim do mundo (2015)
De Elza Soares
“O encontro da voz mítica de Elza Soares com a invenção de alguns dos principais artistas da cena contemporânea brasileira constrói um álbum de importância histórica e fundamental.”
. Lemonade (2016)
De Beyoncé
. Grae (2020)
De Moses Sumney
. O disco das horas (2018)
De Romulo Fróes
. AmarELO (2019)
De Emicida
. Casas (2018)
De Rubel
. Pedaço duma asa (2015)
De Mariana Aydar
. Recanto (2011)
De Gal Costa
. Mulher (2015)
De As Baías
. Bahia fantástica (2012)
De Rodrigo Campos
» LUÍS COUTO
Vocalista da banda Devise
. Dogrel (2019)
De Fontaines D. C.
“É muito bom ver que uma banda
'de guitarras' ainda pode ser muito relevante no mundo da música. O disco de estreia do Fontaines D.C., banda de Dublin, é daqueles álbuns salvadores do rock que aparecem de tempos em tempos para provar que o estilo segue vivo, apesar de todos os pesares internos e externos que envolvem o rock hoje em dia. Dogrel é garage rock com boas doses de
pós-punk e o genial vocalista/frontman Grian Chatten comprovando que sua forte ligação com a literatura o transformou em um dos melhores letristas da atualidade.”
. Felt the bolt cutters (2020)
De Fiona Apple
. Blackstar (2016)
De David Bowie
. A mulher do fim do mundo (2015)
De Elza Soares
. Lonerism (2012)
De Tame Impala
. AM (2013)
De Arctic Monkeys
. Assim tocam os meus tambores (2020)
De Marcelo D2
. Manual (2015)
De Boogarins
. Salad days (2014)
De Mac DeMarco
. Heads up (2016)
De Warpaint
» PEDRINHO ALVES MADEIRA
Produtor
. Recanto (2011)
De Gal Costa
“Considero a Gal Costa e a Ella Fitzgerald as melhores cantoras, não intérpretes, do século 20. Gal, certamente, é a mais camaleônica cantora brasileira de todos os tempos. Seus lancinantes agudos já estiveram a serviço de históricos projetos e, também, de outros quase banais. Recanto, ousado projeto criado por Caetano Veloso, cumpriu a árdua tarefa de resgatar Gal Costa, a mais fiel intérprete de sua obra, do embotado período que ela atravessou ao longo de praticamente toda a primeira década dos anos 2000. E o resultado, embora tenha gerado opiniões diversas, pode ser considerado um divisor de águas na ampla e irregular discografia da errática musa do Tropicalismo. Quem esperava um disco no mesmo clímax dos hoje icônicos trabalhos que ela gravou entre o final dos anos de 1960 e meados dos anos de 1970, certamente se decepcionou. Os lancinantes agudos e o célebre cantar rasgado foram levados pelo tempo, cedendo espaço a novos e até então pouco conhecidos graves, que, somados à também desconhecida qualidade de Gal Costa como intérprete, causaram estranhezas e encantamentos. O inédito feixe de impactantes canções e arranjos instigantes, por vezes minimalistas, foram as senhas para que pudéssemos decifrar a velha/nova Gal Costa de volta ao futuro. Recanto pode até não soar experimental como muitos ansiavam, mas classificá-lo como atemporal não é exagero algum. É bemprovável que, mais adiante, o repertório venha a ser redescoberto e gravado por uma nova geração de conectadas/antenadas cantoras/intérpretes, as verdadeiras herdeiras da
camaleônica Gal Costa.”
. The suburbs (2010)
De Arcade Fire
. Lonerism (2012)
De Tame Impala
. Cavalo (2013)
De Rodrigo Amarante
. Gilbertos samba (2014)
De Gilberto Gil
. A mulher do fim do mundo (2015)
De Elza Soares
. Abyss (2015)
De Chelsea Wolfe
. You want it darker (2016)
De Leonard Cohen
. Triplicate (2017)
De Bob Dylan
. Bluesman (2018)
De Baco Exu do Blues
. AmarElo (2019)
De Emicida
. Só (2020)
De Adriana Calcanhotto
» ROGER DEFF
Rapper e jornalista
. A mulher do fim do mundo (2015)
De Elza Soares
“A mulher do fim do mundo é uma obra de grande importância para a música brasileira. É o primeiro disco da Elza Soares com repertório totalmente inédito em seus mais de 60 anos de carreira. Arrisco dizer que é o trabalho mais potente dela, tanto pela qualidade musical quanto pela gama de símbolos que carrega.”
. Nó na orelha (2011)
De Criolo
. Pangeia (2015)
De Cromossomo Africano
. Emicídio (2010)
De Emicida
. Amor geral (2016)
De Fernanda Abreu
. Boa noite (2018)
De Julgamento
. Para dias ruins (2018)
De Mahmundi
. 2 atos (2017)
De Matéria Prima
. Cores e valores (2014)
De Racionais
. Nacional (2011)
De Transmissor
» WILSON SIDERAL
Cantor e compositor
. Brothers (2010)
De The Black Keys
“O número 1 da minha lista – se é que é possível escalar um destes álbuns como melhor do que o outro – escolho pelo impacto a longo prazo e pelos 'milhões de plays' que já dei nele: Brothers, de The Black Keys, é um festival de boas referências, blues, rock, soul, psicodelia e timbres, muitos timbres incríveis... Desses que a gente
tenta reproduzir em estúdio! Riffs,
sons e melodia em perfeita
engenharia de áudio! Inspirador.”
. Esperar é caminhar (2010)
De Palavrantiga
. 21 (2011)
De Adele
. Nó na orelha (2011)
De Criolo
. Unorthodox jukebox (2012)
De Bruno Mars
. Dois amigos, um século de música
ao vivo (2015)
De Caetano Veloso e Gilberto Gil
. I still do (2016)
De Eric Clapton
. Boogie naipe (2016)
De Mano Brown
. Blue & Lonesome (2016)
De Rolling Stones
. Melhor do que parece (2016)
O Terno