Tradicionais na agenda cultural de dezembro em Belo Horizonte, os concertos natalinos promovidos pela Fundação Clóvis Salgado (FCS) não ocorrerão em 2020 devido às restrições impostas pela pandemia da COVID-19. A FCS optou por deixar as celebrações presenciais para o futuro, quando a disseminação do coronavírus não significar um problema tão urgente. Apesar disso, a festa cristã não passará em branco.
A solução encontrada foi a gravação de vídeo inédito que será lançado nesta quarta-feira (23), às 19h, no Facebook e no Instagram da FCS. Nele, a Orquestra Sinfônica e o Coral Lírico de Minas Gerais se juntam à Happy Feet Jazz Band e ao grupo de dança BeHo- ppers para apresentar a canção Mr. Santa (1955), gravada pela cantora norte-americana Dorothy Collins (1926-1994) a partir de variação da clássica Mr. Sandman (1954), composta por Pat Ballard (1899-1960), sucesso do grupo feminino The Chordettes.
“Foi a forma que encontramos de celebrar a data e, ao mesmo tempo, respeitar as restrições que a pandemia impôs”, explica Marcelo Costa, trompetista da Happy Feet, que destaca a parceria longeva da banda com o coral, a orquestra e o grupo de dança.
“É uma colaboração de muitos anos, especialmente na época das festas. Já subimos inúmeras vezes no palco do Grande Teatro do Palácio das Artes e o resultado sempre foi muito bonito. Com a impossibilidade de fazer isso este ano, surgiu a ideia do vídeo”, afirma.
Com direção musical do regente titular da Sinfônica, Sílvio Viegas, e da maestrina associada ao Coral Lírico, Lara Tanaka, a canção tem arranjo jazzístico assinado pelo pianista Fred Natalino. Respeitando protocolos de segurança, cada participante fez a gravação em sua própria casa.
No caso da Happy Feet, os cinco integrantes gravaram em estúdio com o propósito de conferir melhor qualidade ao áudio. Depois disso, Marcelo Costa, Fernanda Rabelo, Fred Natalino, Yan Vasconcelos e Bo Hilbert foram filmados em casa, assim como os componentes da Sinfônica e do Coral Lírico.
“Cada grupo fez uma coisa diferente. Em nossa participação, tivemos o cuidado de preparar um áudio que fosse de qualidade. Caso a apresentação ocorresse presencialmente, esta seria uma das características. Não há motivo para fazermos diferente só porque se trata de um produto virtual”, comenta Marcelo.
bh Além dos fãs de música, o vídeo tem tudo para agradar a quem sente saudades de alguns dos principais pontos turísticos de BH. A equipe do BeHoppers dançou na Praça da Liberdade, Palácio das Artes e CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais, que fica na Praça Sete.
A maestrina Lara Tanaka ressalta a importância do trabalho conjunto de músicos e dançarinos em Mr. Santa. “Sempre buscamos trazer outras vertentes de audiência para nossos concertos. No vídeo, somamos os amantes da música do coral e da orquestra aos entusiastas da dança e do jazz. Uma mistura que festeja com alegria o momento do Natal”, diz.
Mr. Santa é uma canção que vem quebrar um pouco o clima pesado deste ano de pandemia, observa o maestro Sílvio Viegas. “O alto-astral da música carrega uma mensagem extremamente necessária para 2020: a resiliência em meio às adversidades. Sentimos e transmitimos, com a produção do novo vídeo, o espírito natalino de uma forma feliz e muito bela”, acredita.
Especializado em lindy hop, estilo de dança que surgiu no Harlem, em Nova York, nos anos 1920, o grupo BeHoppers vem conquistando fãs com coreografias que exaltam a alegria. Em vários eventos, os bailarinos descem do palco e ensinam passos ao público, como ocorre no festival I Love Jazz, realizado na Praça do Papa, mas cancelado este ano.
PRESENTE Fabrício Martins, integrante do BeHoppers, considera o vídeo uma celebração oportuna neste ano complicado. “Adoramos dançar. O convite feito pelo Coral Lírico e pela Orquestra Sinfônica para participarmos desse projeto junto à Happy Feet Jazz Band foi um presente enorme de fim de ano”, afirma.
Apesar de não ter visto o corte final, apenas a prévia do que será lançado, o trompetista Marcelo Costa garante: “Ficou tudo muito bonito, principalmente porque destaca os pontos da cidade que representam a cultura e a arte. Então, também é uma forma de homenagear esses setores, que foram e continuam sendo negligenciados por conta da pandemia.”
Para o músico, o balanço de 2020 é negativo, pois a Ha- ppy Feet pretendia realizar uma série de apresentações ao longo do ano. Conseguiu fazer apenas duas até a agenda ser suspensa por causa do coronavírus.
“A cultura e o entretenimento foram extremamente atingidos, isso é muito frustrante. Tivemos um monte de shows cancelados até mais recentemente, quando houve a reabertura das casas para o público. No entanto, alguns contratantes cancelaram eventos por causa da proibição da venda de bebidas alcoólicas. Ao mesmo tempo em que entendemos o quanto essas medidas são necessárias, é triste para quem está há meses na expectativa de se apresentar novamente”, comenta.
AGENDA Diante de tudo isso, o grupo se prepara para entrar em 2021 com o pé direito e vontade de cumprir uma extensa agenda de shows.
“Assim que a vida voltar ao normal, as pessoas terão muita sede de eventos ao vivo. Então, estamos contando com isso para o próximo ano. Queremos atender a essa demanda para tirar o atraso dos palcos”, afirma. “Também vamos dar uma reformulada em nosso repertório, como fazemos todos os anos. E torcer para que a pandemia fique no passado”, conclui Marcelo Costa.