No livro Batman: A série animada – Uma revolução dos heróis na TV (Amavisse), o jornalista e crítico de cinema André Azenha analisa a ligação do expressionismo alemão e dos filmes noir com o desenho animado exibido no Brasil em 1994, pelo SBT/Alterosa. Com ampla pesquisa visual, o autor demonstra que a série reinventou as referências originais do Homem-Morcego.
Adolescente, André Azenha assistia a Batman: A série animada na TV. Adulto, dedicou a ela sua dissertação de mestrado no programa de pós-graduação em comunicação da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo. “Na minha opinião, é a melhor transposição audiovisual do Batman, embora a série não seja pesquisada ou falada como merecia. Por isso, quis dar espaço na minha pesquisa para esse tema”, explica o autor, de 40 anos.
Derivado da pesquisa acadêmica de Azenha sobre Batman, o noir e o expressionismo, a publicação, segundo o autor, também é voltada para fãs que queiram conhecer melhor o personagem. Em 2016, ele lançou Histórias: Batman e Superman no cinema.
“O noir e o expressionismo estão presentes em Batman desde sempre, mas o ápice ocorre na animação de 1992”, defende Azenha. De acordo com ele, a série – vencedora de quatro prêmios Emmy – foi um marco do desenho animado devido à sua técnica e a suas referências cinematográficas.
O expressionismo alemão, movimento surgido no início do século 20, influenciou o cinema na década de 1920. De acordo com Azenha, há marcas expressionistas tanto na origem de Batman quanto no desenvolvimento de Coringa. O vilão mais famoso de Gotham City é inspirado no filme O homem que ri (1928), do diretor Paul Leni, um dos principais expoentes expressionistas.
O filme noir surgiu na década de 1940, com histórias de suspense envolvendo detetives e mistério, características comuns de Batman, além da figura da mulher fatal – marca da Mulher-Gato, outra vilã de Gotham City.
O livro de Azenha mostra Batman nos quadrinhos, as primeiras versões no cinema e a trajetória do personagem até os anos 1990. A diversidade de inimigos do herói é outro destaque da série. O autor procura mostrar a relação de Duas Caras, Pinguim, Homem-Morcego, Mulher-Gato e Cara de Barro com o cinema noir.
REFLEXÕES
Azenha elogia Batman: A série animada por trabalhar os personagens com profundidade e também inserir novas figuras no universo de Gotham City, como Arlequina, a namorada do Coringa. “Há episódios que a criançada adora, mas outros rendem reflexões profundas, como a exploração de trabalho infantil e relacionamentos abusivos”, comenta.
Por outro lado, Batman: A série animada apostou em inovações narrativas, como ágeis movimentos de câmera e um design especial. “A produção abriu mão de traços desnecessários, como aqueles que você vê em desenhos de Super Amigos, X-Men ou Homem-Aranha. São traços crus, que dão fluidez e leveza quando o personagem se movimenta. Batman, muitas vezes, parece flutuar. Isso tornou a animação mais orgânica”, afirma o pesquisador.
* Estagiário sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro
BATMAN: A SÉRIE ANIMADA – UMA REVOLUÇÃO DOS HERÓIS NA TV
De André Azenha
Editora Amavisse
243 páginas
R$ 40 (+ frete)