Jornal Estado de Minas

CINEMA

Saiba como ver o curta-metragem nacional aspirante ao Oscar

Uma sombrinha amarela é capaz de muita coisa. É o que mostra o curta-metragem de animação Umbrella, produção brasileira dirigida pelo casal Helena Hilario e Mario Pece, que estreia nesta quinta-feira (7/1) no YouTube. O filme já alcançou resultados impressionantes, ainda mais em se tratando de uma produção de diretores estreantes. 





Desde novembro de 2019, Umbrella participou de 54 festivais em diversos países (nenhum deles no Brasil). Dezenove desses eventos para os quais foi selecionado, como os festivais de Tribeca, de Chicago e de Calgary, qualificam os curtas participantes para concorrer ao Oscar. Em decorrência da pandemia, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood adiou a 93ª edição do prêmio para 25 de abril. Somente um mês antes, Helena e Mário saberão se Umbrella foi selecionado.

“O que podemos fazer neste período é tentar chamar a atenção dos membros da Academia, já que não sabemos quem vota na categoria. Mas, chegando lá ou não, estamos felizes, pois o Brasil, até então, foi indicado em 2016 pelo longa de animação O menino e o mundo, do Alê Abreu. E teve as indicações do Carlos Saldanha, que é brasileiro, mas suas produções não são (Saldanha dirigiu o longa O touro Ferdinando e o curta A aventura perdida de Scrat, indicados em 2018 e 2004, respectivamente)”, diz Helena.


MEMÓRIAS

Umbrella é um filme de oito minutos com uma mensagem simples, direta e universal. Joseph é um menino que vive em um orfanato e sonha em ter um guarda-chuva amarelo. A visita de uma garota que vai fazer doações no local abre o baú de memórias de Joseph.  

Não há diálogos, mas uma trilha sonora marcante (composta por Gabriel Dib e executada por orquestra de 30 instrumentos), que conduz a narrativa a um final positivo. Umbrella é o primeiro curta autoral da Stratostorm, estúdio com sede em São Paulo (mas também com escritório em Los Angeles), especializado em animação 3D, CGI e até então voltado para a produção publicitária.





A narrativa foi inspirada em uma passagem vivida pela irmã de Helena. A família da diretora e produtora é de Palmas, no interior do Paraná. “Em dezembro de 2011, minha irmã foi a um abrigo em Palmas para doar brinquedos para o Natal. Ali ela encontrou um menino de 4, 5 anos, que disse que não queria brinquedo. Pediu um guarda-chuva, e ela achou estranho, pois estava um dia superbonito de sol. Conversando com ele, o menino falou que o dia em que o pai o deixou ali estava chovendo e que ele havia prometido que iria buscá-lo, mas nunca mais voltou”, conta Helena.

Impactada pela história, ela começou a escrever com Mário um roteiro já naquela época. “A ideia era refletir como, às vezes, a gente julga o outro sem saber”, ela diz. Ao longo da última década, a dupla montou sua base em São Paulo. “Um dos objetivos quando abrimos a empresa foi viabilizar o Umbrella. Mas nunca tínhamos feito animação com personagens. Foi um desafio técnico e complexo.” O curta foi produzido de modo independente e com uma equipe jovem, toda de brasileiros. 

Campanha por Babenco

A atriz e diretora Bárbara Paz lançou uma campanha de financiamento coletivo para impulsionar a campanha de seu longa Babenco – Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou ao Oscar. O filme sobre a vida do diretor brasileiro de origem argentina Hector Bebenco (1946-2016), com quem Bárbara foi casada, foi o escolhido pelo Brasil como seu representante na categoria melhor filme internacional e tentará também uma indicação a melhor documentário. A meta da campanha é obter R$ 200 mil até o próximo dia 31 e R$ 350 mil numa segunda etapa. A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood deve divulgar em 9 de fevereiro próximo os 10 finalistas entre os 92 filmes inscritos ao Oscar de melhor filme internacional. Os concorrentes à estatueta serão conhecidos em 15 de março. O longa está disponível nas plataformas de streaming NetNow, Looke, Vivo Play e Oi Play, depois de ter estreado nos cinemas, em novembro passado.




audima