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Estado de Minas MÚSICA

Mônica Salmaso e André Mehmari revisitam o repertório de Bituca

Projeto 'Milton' chega ao YouTube na sexta-feira, com ingressos solidários disponibilizados pela plataforma Sympla


14/01/2021 04:00 - atualizado 14/01/2021 07:07

Teco Cardoso, Mônica Salmaso e André Mehmari durante a gravação de Milton, em São Paulo
Teco Cardoso, Mônica Salmaso e André Mehmari durante a gravação de Milton, em São Paulo (foto: Teco Cardoso/Divulgação)
Acompanhada pelo pianista André Mehmari, Mônica Salmaso gravou 10 canções do repertório de Milton Nascimento, que serão mostradas na sexta-feira (15/1), às 21h, no canal oficial da cantora no YouTube. A gravação do projeto Milton ocorreu no estúdio de Mehmari, em São Paulo, contando com a participação do saxofonista e flautista Teco Cardoso.

“Esse projeto é uma espécie de bolha da felicidade no meio deste momento. É ótimo poder abrir o ano fazendo um encontro feliz e com a melhor qualidade possível, homenageando um artista fundamental para todos nós”, afirma Mônica.

Janeiro
 
A gravação ficará disponível até 31 de janeiro para aqueles que adquirirem o ingresso solidário disponibilizado no link da plataforma Sympla. Teco toca sax em Milagre dos peixes e flauta em A terceira margem do rio, enquanto Mehmari deixa o piano para assumir a marimba de vidro nessas duas canções.

Milton é fruto da quarentena. Mônica e Teco moram em São Paulo, mas cumpriram o isolamento social no interior paulista, onde têm casa. De lá, ela fez uma série de lives domésticas acompanhada de destaques da MPB, como Chico Buarque, Teresa Cristina, Ney Matogrosso e Marcos Valle, entre outros.

“Ficamos lá e saímos com raríssimas exceções. Uma delas foi depois que conversei com o André, que tem estúdio na capital, onde gravei o disco Caipira, e o convidei para fazermos algo juntos novamente”, relembra. André topou. “Ele respondeu: ‘Pelo amor de Deus, não aguento mais essa solidão pandêmica’”, diz Mônica.

Em dezembro, ela e o marido deixaram o interior rumo ao estúdio de Mehmari. “Foi uma sessão inteira com repertório variado, coisas que eu e ele vínhamos fazendo há mais tempo. Como gravamos muita coisa, decidimos dividir em duas partes.” Foi assim que surgiu o projeto Quarentena partes 1 e 2. “Colocamos no YouTube, a primeira parte foi ao ar em 7 de novembro e a segunda no dia 14. A repercussão foi muito boa”, conta ela.

Isso estimulou o projeto Milton. “Fazemos naquele esquema de deixar por um período para que as pessoas possam ouvir e colaborar com o que chamo de ingresso consciente. É a única forma de trabalho que encontramos neste período, a função da música é muito importante neste momento. É fundamental que ela possa chegar a todas as pessoas. É uma função de saúde mesmo.”

Na opinião da cantora, disponibilizar música no YouTube é uma forma de o artista oferecer algo ao coletivo neste momento difícil. “Encontramos essa maneira de trabalho que, ao mesmo tempo, é democrática, pois ganha o apoio de quem tem condições e acha o projeto bacana, e também é o reconhecimento do trabalho do artista. O ingresso simbólico é uma forma de as pessoas colaborarem”, defende.

Em Quarentena 1, Mônica gravou Morro velho, de Milton. “É uma das mais bonitas do repertório”, comenta. Na verdade, trata-se de uma antiga “conhecida” da cantora e do pianista, que haviam apresentado a canção nos shows em duo que fizeram.

“Essa música muito nos emocionou, tanto que gerou a vontade de um novo encontro para homenagear o Milton Nascimento”, explica Mônica.

Milton começou a ser gravado em 14 de dezembro. “Tudo foi emocionante, a começar pelo fato de me encontrar com um músico com quem trabalho há muito tempo. Não via o André há quase um ano”, revela. “Usamos equipamento de ponta para fazer a melhor música possível. Isso depois que fiz lives heroicas, vídeos quase artesanais. É emocionante poder trabalhar com aquilo que lhe dá condições de apresentar o melhor.”

Mergulho

O novo projeto representa um mergulho na obra de Milton. “André adora tudo dele, tocou e ainda toca Bituca direto. Ele me disse: ‘Gosto tanto de tudo que deixo na sua mão. Veja aí o que você quer fazer’”, conta a cantora.

Mônica ouviu novamente os discos de Milton e apresentou sua lista ao pianista. “Entraram duas que não são de Bituca, mas foram gravadas por ele e são muito marcantes para nós. Uma delas, Paixão e fé, eu havia gravado com André. Já Casamiento de negros, conheci na voz do Milton”, conta, referindo-se à canção do repertório da chilena Violeta Parra, faixa do disco Clube da Esquina 2 (1978).


MÔNICA SALMASO E ANDRÉ MEHMARI
Projeto Milton. Sexta-feira (15/1), às 21h, com transmissão pelo canal da cantora no YouTube. Ingresso solidário a R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia) e R$ 100 (apoiador), disponibilizado na plataforma Sympla.

REPERTÓRIO

A lua girou
Tema tradicional adaptado por
Milton Nascimento

Noites do sertão
Milton Nascimento e Tavinho Moura

Saudade dos aviões da Panair
Milton Nascimento e Fernando Brant

A terceira margem do rio
Milton Nascimento e Caetano Veloso. Com leitura de trecho do conto A terceira margem do rio, de Guimarães Rosa

Canção amiga
Milton Nascimento e Carlos Drummond
de Andrade

Casamiento de negros
Tema tradicional adaptado por Violeta Parra e Polo Cabrera

Paixão e fé
Tavinho Moura e Fernando Brant

Milagre dos peixes
Milton Nascimento e Fernando Brant

Credo
Milton Nascimento e Fernando Brant,  com citação de San Vicente

Paula e Bebeto
Milton Nascimento e Caetano Veloso


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