Recordes de pré-venda, prêmios e elogios: os Estados Unidos se renderam à jovem poeta negra Amanda Gorman desde sua comovente participação na cerimônia de posse do presidente americano, Joe Biden.
Ela "ofereceu um poema que foi para além do momento. Jovens como ela são a prova de que 'sempre há luz, se formos suficientemente corajosos para vê-la; se formos suficientemente corajosos para sê-lo'", tuitou Obama, pegando carona em um par de versos que a jovem recitou na cerimônia.
Três de suas obras – uma coleção de poemas, um livro para crianças e uma edição especial dos versos recitados para o 46º presidente dos Estados Unidos – lideravam nesta sexta-feira (22/01) as vendas de livros na Amazon.
O que é mais surpreendente é que nenhum deles ainda foi publicado e os ansiosos novos fãs de Gorman terão que esperar até abril, ou setembro, no caso de Change cings: A children's anthem, versos ilustrados para os mais jovens.
Mas isso não os dissuadiu de recorrerem em massa para pré-encomendar os livros, a ponto de colocar a nova artista e ativista à frente de Barack Obama, cujo livro de memórias, Uma terra prometida, está no quinto lugar na lista dos mais vendidos.
O ex-presidente ficou impressionado com Gorman, que, com apenas 22 anos, recitou na quarta-feira com graça e uma confiança assombrosa um poema de sua autoria: The hill we climb (A colina que subimos).
OBAMA
Ela "ofereceu um poema que foi para além do momento. Jovens como ela são a prova de que 'sempre há luz, se formos suficientemente corajosos para vê-la; se formos suficientemente corajosos para sê-lo'", tuitou Obama, pegando carona em um par de versos que a jovem recitou na cerimônia.
A estrela de televisão Oprah Winfrey, a ex-candidata presidencial democrata Hillary Clinton e a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz paquistanesa Malala Yousafzai, ativista em favor da educação, também elogiaram seu trabalho.
Em um dia, ela ganhou 2 milhões de seguidores no Instagram e mais de 1 milhão no Twitter e seus versos já foram inclusive musicados pelo americano Rostam Batmanglij. Originária de Los Angeles, criada pela mãe solteira, ela sofreu de gagueira quando era criança, problema que Biden enfrentou até o início da vida adulta. A dificuldade na fala a animou a se dedicar à escrita.
Menina prodígio, ganhou seu primeiro prêmio de poesia aos 16 anos e foi considerada a "melhor poeta jovem" do país três anos depois, enquanto estudava sociologia na prestigiosa Universidade de Harvard.
Antes dela, outros cinco poetas, entre eles Robert Frost e Maya Angelou, foram convidados à cerimônia de posse dos presidentes dos Estados Unidos, mas nenhum deles era tão jovem.
Seu nome foi sugerido aos organizadores da cerimônia por Jill Biden, a primeira-dama, que tinha assistido a uma de suas leituras.
Em dezembro, então, pediram-lhe que escrevesse uma ode à "América unida", uma mensagem que o presidente democrata está empenhado em transmitir.
Ela havia escrito apenas metade do texto quando apoiadores de Donald Trump invadiram o Capitólio, em 6 de janeiro.
Horrorizada, escreveu de uma vez o final do poema. "Não somos uma nação partida; só uma nação inacabada."