Se boa parte dos bares anda fechada por causa da pandemia de coronavírus, que tal levar a atmosfera botequeira para o seu cantinho? Foi um pouco desse espírito que motivou o sanfoneiro Targino Gondim a lançar um álbum com estilos variados nas plataformas digitais. “Sabe aquelas canções que a gente sempre ouve quando vai a uma seresta, um barzinho? Pois, então, assim é Boteco do Ginô. São 18 músicas escolhidas a dedo por mim. Aquelas que sempre tocaram o meu coração e acredito que de outras pessoas também. É só o cara chegar em casa, abrir uma bem gelada, de preferência acompanhada de uma branquinha, preparar um tira-gosto e saborear tudo, ouvindo o meu disco. Ele nem vai se lembrar do boteco”, brinca o músico.
Ele conta que o projeto traz canções de compositores como Peninha, Zé Ramalho, Roberto Carlos, Moacyr Franco, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Benito di Paula, entre outros, além de músicas autorais. “Na verdade, elas foram gravadas durante duas lives que fiz em julho e agosto do ano passado, cujo cenário era um boteco e agora a gravadora ONErpm resolveu lançar o disco. Como foi gravado um número maior de canções durante as apresentações, achei melhor selecionar aquelas que fizeram parte da minha vida e de milhões de pessoas.”
O material está disponível somente em streaming. No ano passado, o forrozeiro foi um dos concorrentes do Grammy Latino pelo Melhor Álbum de Música de Raízes com Targino sem limites, 19 anos depois de vencer o 'Oscar da Música' com a canção Esperando na janela (Targino Gondim & Manuca Almeida & Raimundinho do acordeon).
Gondim ressalta que o boteco do Ginô, na verdade, não existe. “Na realidade, Ginô é um apelido carinhoso que atravessa gerações. É do meu pai, meu e agora do meu filho também”. Dono de uma versatilidade artística e do projeto Targino sem limites, em que interpreta ritmos diferentes do forró, o músico mais uma vez mostra toda a sua versatilidade. As canções se dividem entre Tortura de amor (Waldick Soriano), Gostoso demais (Dominguinhos & Nando Cordel) e Eu só quero um Xodó (Dominguinhos & Anastácia).
Há ainda outros clássicos, como Cabecinha no ombro (Paulo Borges), Ainda ontem chorei de saudade (Moacyr Franco), Esotérico (Gilberto Gil), Leãozinho (Caetano Veloso), Detalhes (Roberto Carlos & Erasmo Carlos), Caminhoneiro (Roberto Carlos) e Charlie Brown e Retalhos de cetim (Benito di Paula). “De minha autoria gravei duas inéditas, Amor estranho e Vai chorar por mim. Esse projeto surgiu na pandemia, quando fiz uma seleção para cantar com a minha sanfona e interpretação durante duas lives. São músicas para aqueles que querem passar momentos com os amigos e tomar uma cerveja.”
LIVE FOI A BASE
O artista não produziu o álbum pensando em gravar outros volumes. “Fiz a primeira live, que foi um sucesso danado e por isso resolvi fazer a segunda, já misturando músicas compostas mais para os lados do Rio de Janeiro e São Paulo, como o samba de Benito di Paula, entre outras. Era fundamental também que escolhesse canções que já estava habituado a ouvir e gostar de cantar, não porque fulano quer ou beltrano goste, mas sempre a partir do meu gosto musical, com as composições que mais me tocam nos bares. Aí, resolvi colocá-las nesse trabalho. Por enquanto, não tenho a pretensão de gravar outros botecos não.”
E as versões em streaming, acredita, vieram para ficar. “As gravadoras, todas elas, estão agora com o foco no digital. Por isso não temos essa pretensão de fazer um CD. As gravadoras maiores estão nessa vibe e a tendência é cada vez mais diminuir essa coisa do físico. Até o próprio público não procura mais, ninguém que andar mais com um CD debaixo do braço, pois agora as canções estão na palma da mão, celular, pen drive e bluetooth.”
Vem aí homenagem ao Rio São Francisco
O músico revela que está em estúdio gravando um CD que se chamará Belo Chico. “É uma homenagem ao Rio São Francisco, feita por mim e meus parceiros Roberto “Gogó” Malvezzi e Nilton Freitas. O objetivo é fazer uma viagem pelo Rio São Francisco, mostrando as deficiências, o que ele tem de tão bom em toda a sua história de vida, os ribeirinhos, quais as dificuldades que o rio passa agora, como as questões sociais e ambientais, o seu o habitat... E vamos transformando isso tudo em música.”
Além de canções inéditas ligadas ao Rio São Francisco o projeto prevê alguns clássicos, como Petrolina Juazeiro (Jorge de Altinho), Sobradinho (Sá & Guarabyra), Matança (Jatobá). Nesse caso, por ser um trabalho com caráter também didático, haverá versão tanto digital quanto em CD, voltado para salas de aulas e palestras. A perspectiva é de que esteja pronto até o fim de abril, com lançamento em outubro.
BOTECO DO GINÔ
.Targino Gondim
.Selo ONErpm
.18 faixas
.Disponível nas plataformas digitais