Acusado de assédio e estupro por várias mulheres, incluindo a atriz americana Evan Rachel Wood, o cantor Marilyn Manson negou as alegações e afirmou que as relações foram consensuais.

"Meus relacionamentos íntimos sempre foram totalmente consensuais com companheiras que pensam como eu", escreveu o músico em sua conta no Instagram. "Independentemente de como – e por quê – outras estão optando hoje por manipular o passado, essa é a verdade", alegou. Ele não enfrenta até o momento nenhum processo penal.





Sobre Brian Warner, seu nome verdadeiro, existia há alguns anos a suspeita de que era o homem denunciado em 2018 no Congresso por Evan Rachel Wood durante uma audiência sobre agressões sexuais, sem revelar sua identidade.

Na mensagem publicada na segunda-feira, a atriz dos filmes Aos treze e Tudo pode dar certo afirmou que, efetivamente, seu agressor era o cantor. No Congresso, ela disse que foi violentada em várias ocasiões.

Evan Rachel Wood, de 33 anos, sustentou que o cantor a "manipulou psicologicamente" quando não tinha nem 20. Ela conta que depois foi submetida "a horríveis abusos durante anos".

Atriz da série Westworld, ela esteve oficialmente em uma relação com Marilyn Manson por vários anos antes de ficarem noivos em 2010 e se separar alguns meses depois.

Em 2018, Evan Rachel Wood prestou depoimento no Comitê de Assuntos Judiciais da Câmara dos Representantes, falando de sua longa e dura experiência como vítima de abusos físicos e psicológicos.





Em sua mensagem postada na segunda, ela revelou que seu agressor, cujo nome havia se recusado a indicar na época, é Brian Hugh Warner. No Congresso, ela alegou, entre outras coisas, que havia sido estuprada várias vezes.

Outras quatro mulheres, que afirmam ter tido uma relação afetiva com ele, acusaram o artista de manipulação, assédio, abuso e ameaças. Uma delas também menciona vários estupros. Sua relação começou em 2015.

SEM CONTRATO 

Em poucas horas, a gravadora de Manson, Loma Vista Recordings, anunciou seu rompimento com o artista. "Diante das alegações perturbadoras de Evan Rachel Wood e outras mulheres nomeando Marilyn Manson como seu abusador, a Loma Vista deixará de promover, de forma imediata, seu álbum atual", afirmou a gravadora em comunicado.





"Devido a esses eventos preocupantes, também decidimos não trabalhar com Marilyn Manson em projetos futuros." Manson lançou três álbuns com a Loma Vista, o mais recente, We are chaos, no ano passado.

Perfil gótico e, segundo fãs, manipulador

Ele admitiu retórica pesada até quanto a relacionamentos, mas atribuía isso à composição de seu personagem artístico

(foto: Frazer Harrison/AFP %u2013 9/2/20)

Marilyn Manson, de 52 anos, criou uma personalidade pública com uma imagem perturbadora de inspiração gótica. Ele usa maquiagem e lentes de contato de diferentes cores e cabelos pretos.

O nome do que era originalmente uma banda, mas agora se resume à sua pessoa, é inspirado em Marilyn Monroe e Charles Manson, conhecido pelo assassinato da atriz Sharon Tate.

Seu universo musical, o "shock rock”, combina o heavy metal com uma encenação espetacular para capturar o público, mesclando imagens satânicas e góticas. Dois de seus álbuns alcançaram o primeiro lugar em vendas nos Estados Unidos.




As mulheres que fizeram seus relatos na segunda-feira, muitas delas ex-groupies, retrataram um personagem tão sedutor quanto manipulador, capaz de prendê-las, ameaçá-las de morte ou obrigá-las a usar drogas. Várias das supostas vítimas afirmam sofrer de transtorno de estresse pós-traumático.

"Estou farta de viver com medo das represálias, das calúnias e da chantagem", escreveu Evan Rachel Wood. Em uma entrevista ao site da revista Spin, em 2009, Marilyn Manson disse que tinha "todos os dias a fantasia de pulverizar" o crânio de Wood "com um martelo".

"Minha arte e minha vida sempre atraíram a controvérsia", escreveu Manson na segunda-feira. "Mas essas afirmações são distorções horríveis da realidade.

"Quero expor esse homem perigoso", declarou Evan Rachel Wood, "e bradar contra as muitas indústrias que permitem que ele faça isso, antes que ele destrua mais vidas".





"Apoio Evan Rachel Wood e as outras mulheres corajosas que deram um passo à frente", comentou a atriz Rose McGowan, ex-companheira de Marilyn Manson no início dos anos 2000. McGowan foi uma das primeiras mulheres a denunciar o produtor de cinema Harvey Weinstein, com participação no movimento #MeToo. "Vamos deixar que a verdade apareça", escreveu no Twitter. "Deixemos que a cura comece".

ABUSOS 
Em setembro, Dan Cleary, um ex-funcionário de Manson, afirmou ter visto o cantor "destroçar" Evan Rachel Wood durante as semanas em que a atriz o acompanhou em turnê, em 2007 e 2008.

"Ele é um músico brilhante, um homem incrivelmente inteligente e engraçado", escreveu ele no Twitter, "mas também é um viciado em drogas e capaz de abusos psicológicos e físicos".  

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