Participar do processo de criação de uma peça de teatro e ajudar Otávio Müller a montá-la, falando mal de si mesmo. Esse é o convite feito por Questão de falha, que estreia nesta sexta-feira (5/2) e fica “em cartaz” na internet até o próximo dia 21.
Enquanto aguarda o retorno das encenações de teatro com presença de público, o ator carioca decidiu fazer uma autoficção sobre a desconstrução do masculino em tom de comédia, segundo diz. A transmissão on-line comporta até 150 pessoas em cada “sessão”.
Müller diz que ele e a plateia dividirão uma sala virtual. Ele estará em sua casa, no Rio de Janeiro. Em alguns momentos, com a câmera ligada, o ator terá a possibilidade de interferir, opinando e fazendo sugestões sobre a peça, que terá trechos pré-gravados.
“É como se fosse uma peça on-line com improvisos e participação ativa do público. A comédia é parte da minha história e do meu próprio histórico”, diz o ator. A proposta do texto é repensar de forma divertida a sociedade patriarcal e o machismo. “Será uma autocrítica, reconhecer os erros, falar mal de mim mesmo”, afirma. Integrantes do público poderão se arriscar a dirigi-lo ou mesmo atuar.
O texto é de Daniel Belmonte e Fabrício Branco; a direção é de Gabriel Fontes Paiva. André Prado assina a luz, assistência de direção, direção tecnológica e de arte. “As cenas foram criadas a partir de provocações sobre as minhas histórias. O processo de escrita tem sido colaborativo a partir de reuniões on-line.”
Segundo Müller, essa ainda não é a peça que ele pretende montar. “O que estou fazendo é ainda um ensaio de um processo inicial. E o que faremos é apresentar, quer dizer, essa é até uma palavra meio demais, mas é o que faremos com as pessoas. E queremos a troca com elas, conversar e fazer com que elas falem.”
MUDAR
Em princípio, o espetáculo terá aproximadamente 40 minutos. “Mas posso mudar tudo. Vou seguir o pouco que está lá no texto, mas posso reler, pois estou querendo saber o que as pessoas irão falar ou mudar”, diz o ator.Em relação à pandemia do novo coronavírus, ele diz ter “uma sensação de que, mal comparando ou comparando mesmo, é como se fosse um pós-guerra, no qual passamos a ver o que sobrou como vida, casamento, empresa, restaurante... Olharemos e diremos, poxa, aquele lugar a que adorava ir, não existe mais”.
Mas ele não teme pelo futuro do teatro. “O teatro não acabará nunca, pois é forte e já passou por diversas situações, como guerras e pandemias. Acho que agora se somam a ele coisas novas que estão acontecendo, como por exemplo a questão das lives e de apresentações pelo Zoom. Acho também que tudo isso poderá ser absorvido pelo teatro, mas o palco e a plateia não acabarão.”
No elenco da próxima novela global das 21h, Um lugar ao sol, de Lícia Manzo, ele conta que a equipe começou a trabalhar em outubro passado. “Mas ainda não participo, pois entro no capítulo 28.” Ele interpretará o pai de uma adolescente com síndrome de Down.” Além da novela, ele deve gravar também a segunda temporada de Segunda chamada, de Carla Faour e Julia Spadaccini
Questão de falha
Estreia nesta sexta (5/2). Apresentações às sextas e sábados, às 21h30, e aos domingos, às 19h. Ensaio aberto on-line, via Zoom, com o ator Otávio Müller. Ingressos a R$ 20 (preço único), com transmissão pela Sympla (www.sympla.com.br). Até 21/2.