Jornal Estado de Minas

NEM PIERRÔ, NEM COLOMBINA

No domingo sem carnaval, confira opções culturais em BH


"Acabou nosso carnaval/ninguém ouve cantar canções/ninguém passa mais brincando feliz/ e nos corações saudades e cinzas foi o que restou." No final de 1963, Carlos Lyra e Vinicius de Moraes compuseram a Marcha de Quarta-feira de Cinzas. O tom antecipatório fez com que ela passasse para a história como uma canção de resposta ao golpe militar ocorrido no ano seguinte. Hoje, tal letra casa perfeitamente com o “não-carnaval” decorrente da pandemia da COVID-19.





Por esta razão, a Belo Horizonte deste domingo (14/02) e dos próximos dias será como a cidade de anos atrás, antes da explosão da festa de rua iniciada nos anos 2000. Com bares e restaurantes fechados no período, restará àqueles que, com os devidos protocolos sanitários, desejarem sair de casa, um leque restrito de opções.

Mas há museus e centros culturais, pelo menos aqueles que já retomaram suas atividades, com programação aberta ao público – e gratuita, vale dizer. A principal exposição na cidade, recém-inaugurada no CCBB, homenageia o mestre da arte cinética Abraham Palatnik, morto em maio passado, no Rio de Janeiro, aos 92 anos, em decorrência da infecção pelo novo coronavírus. 

A retrospectiva A reinvenção da pintura, com curadoria de Pieter Tjabbes e Felipe Scovino, reúne 75 trabalhos de épocas distintas, que abrangem os diferentes segmentos em que Palatnik atuou. Pintor, escultor, desenhista e inventor, o potiguar filho de judeus russos que foi criado em Tel Aviv antes de retornar ao Brasil foi essencial para ampliar os horizontes das artes visuais ao combinar arte, ciência e tecnologia em uma carreira de mais de sete décadas.





A mostra destaca os chamados aparelhos cinecromáticos, que marcaram a trajetória do artista desde que vieram a público pela primeira vez, na Bienal Internacional de São Paulo, em 1951. A combinação de luz e movimento era tão inovadora que os organizadores da mostra não sabiam como enquadrá-lo. A retrospectiva traz ainda mobiliário, objetos cinéticos, pinturas e desenhos de projetos.

BILHAR

Este domingo é também o último dia para conferir a exposição do Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais. Ocupando as galerias Genesco Murta e Arlinda Corrêa, na parte inferior do Palácio das Artes, a mostra apresenta diferentes linguagens. Em É hora da onça beber água, exposição do mineiro Froiid, uma mesa de bilhar de 13 metros convida o público para recriar as regras do jogo. Já Figurar o impossível, da carioca Marcela Cantuária, reúne pinturas que enfatizam a presença da mulher nas lutas de classe.

Além dessas exposições, os museus públicos de Belo Horizonte estão abertos com suas mostras de longa duração. O Museu Mineiro destaca a cultura, a história e a política de Minas Gerais em diferentes salas, enquanto o Museu Histórico Abílio Barreto enfatiza a trajetória da capital. Entre eles ainda há o Centro de Arte Popular, uma pequena pérola que reúne obras de artistas populares de todo o estado.





A retrospectiva de Abraham Palatnik, em cartaz no CCCBB-BH, reúne 75 trabalhos do artista cinético, que sucumbiu à COVID-19 em maio passado, aos 92 anos (foto: Vicente de Mello/Divulgação)


>> ABRAHAM PALATNIK – A REINVENÇÃO DA PINTURA
Em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, Praça da Liberdade, 450, (31) 3431-9400. Visitação diária,
 exceto às terças, das 10h às 22h. 
Ingressos, gratuitos, devem ser 
emitidos antecipadamente no site Eventim. 

>> CASA DO BAILE
Exposição Marcel Gautherot – Registros modernos da invenção da Pampulha. Avenida Otacílio Negrão 
de Lima, 751, (31) 3277-7443. 
Visitação neste domingo (14/2), das 11h às 18h. Entrada franca mediante agendamento prévio pelo site da PBH.

>> CENTRO DE ARTE POPULAR
Exposição do acervo. Rua Gonçalves Dias, 1.608, (31) 3222-3231. 




Neste domingo (14/2), das 11h às 17h e terça (16/2), das 12h às 19h. Entrada franca.
 
>> MINAS DAS ARTES, HISTÓRIAS GERAIS
Em cartaz no Museu Mineiro, Avenida João Pinheiro, 342, (31) 3269-1103. Visitação neste domingo (14/2), das 11h às 17h e terça (16/2), das 12h às 19h. Entrada franca. 

>> MUSEU DOS MILITARES MINEIROS
Exposição do acervo. Rua dos Aimorés, 698, (31) 3058-1587. Visitação segunda (15/2) e terça (16/2), das 12h às 17h. Entrada franca.

>> MUSEU HISTÓRICO ABÍLIO BARRETO
Exposições Complexa cidade, Intercâmbio MHAB/MAP – Pampulha território museus e Gráfico grafia. Avenida Prudente de Morais, 202, (31) 3277-8573. Visitação neste domingo (14/2), das 11h às 18h. Entrada franca mediante agendamento prévio pelo site da PBH.





>> PRÊMIO DÉCIO NOVIELLO
Em cartaz nas Galerias Arlinda Corrêa e Genesco Murta do Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, (31) 3236-7400. Visitação neste domingo (14/2), das 16h às 20h. Entrada franca. 

Coprodução entre o Reino Unido e a Suécia, o drama Fale com as abelhas, sobre o romance de duas mulheres, é uma das poucas estreias desse período (foto: Arteplex Filmes/Divulgação)

Cinemas funcionam parcialmente


No início deste mês, os cinemas foram autorizados a reabrir em Belo Horizonte. Mas somente quatro complexos da cidade estão funcionando desde então. Os da Cinemark – nos shoppings Pátio, Diamond e BH – e o da Cinépolis – no shopping Estação. Com as salas esvaziadas de público – situação não só local, mas mundial – não há grandes lançamentos.

A animação Tom & Jerry – O filme está sendo exibida em regime de pré-estreia com horários diurnos nos quatro complexos. Estreia mesmo é só a de #Semsaída, produção B de terror que acompanha três britânicas, uma youtuber e suas amigas, que desaparecem em um motel na Califórnia depois de postar em uma rede social a hashtag que dá título ao filme.

Outras opções são o blockbuster Mulher Maravilha 1984, que segue dominando as bilheterias do Brasil desde sua estreia, em 17 de dezembro passado, e o drama lésbico Fale com as abelhas, dirigido por Annabel Jankel (este em cartaz somente no Pátio). Estrelado por Anna Paquin, o filme trata de aborto, violência doméstica, agressão sexual, racismo e homofobia na Escócia dos anos 1950, a partir da relação de uma médica e sua governanta.

A Cinemark informou que neste domingo não haverá venda de alimentos e bebidas em seus complexos. 




audima