Marcos Valle sempre foi um compositor disposto a descobrir novos parceiros, aberto a várias sonoridades. Bossa-nova, pop, samba, rock psicodélico, jazz, soul e funk lounge fazem parte da praia dele. Aos 77 anos, o músico carioca tem fôlego de garoto. Depois da bem-sucedida parceria com o rapper Emicida, vai lançar em breve um álbum com o ex-titã Nando Reis. Recebeu a encomenda de canções para os novos discos de Otto e da cantora Céu. E também está compondo com Zélia Duncan, Joyce Moreno e Ivan Lins.
Marcos e Nando têm prontas sete canções, mas ainda faltam três. “Faço a melodia e mando para ele fazer a letra”, conta. O álbum está previsto para o segundo semestre. Artista antenado, Valle é fã do novo parceiro desde os tempos da banda Titãs.
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EMICIDA
Ele e Nando convidaram Marcus Preto para produzir o novo trabalho. Aliás, foi Preto quem apresentou Marcos a Emicida. O veterano participou de Pequenas alegrias da vida adulta, faixa de AmarElo, disco do rapper lançado em 2019. No ano seguinte, Emicida bateu ponto em Cinzento.
O autor de Samba de verão diz que Preto é um “cupido maravilhoso” por aproximá-lo de Emicida e Nando Reis. Ao comemorar a parceria com o ex-titã, Valle é só elogios. “Ele é tão entusiasmado com o que faz quanto eu.” Quando ouviu as primeiras canções da dupla, o produtor percebeu que surgia ali algo especial. “O Preto nos disse: 'Isso daí vai dar um projeto maravilhoso. São estilos diferentes, mas que se encaixam bem'”, relembra.
“Eu e o Nando estamos que nem corda e caçamba. A gente se provoca. Fui trabalhar com ele e comecei a fazer coisas diferentes, mas dentro do meu estilo. Fui provocado a caminhar para cá e para lá. E quando mandei a melodia, ele também foi provocado. É tudo coisa nova, criativa, um caminho diferente. Não estou dizendo que seja melhor ou pior, mas é algo novo. Acredito que as pessoas se surpreenderão com o resultado”, afirma Valle.
O novo álbum vai sair pela gravadora Deck, que lançou Cinzento. “Já temos tudo na cabeça, só não sabemos ainda se nós dois seremos os intérpretes ou se convidaremos cantoras para o projeto”, diz Marcos. “Quem sabe a gente consegue gravar até o meio do ano? A ideia é fazer disco físico e vinil. Com o Cinzento foi assim, teve o digital, que está nas plataformas, CD, vinil e até fita cassete.”
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Apesar dos transtornos, o confinamento social é uma espécie de aliado de Marcos Valle. “Acabei de fazer uma música para o Otto, que sairá no próximo disco dele. Fiz outra para a Céu. Também estou compondo com o Ivan Lins, já estamos na terceira canção”, conta.
As parcerias a distância têm funcionado muito bem. “O Ivan me mandou uma melodia e fiz a segunda parte. Adoramos, ficou muito legal. Enviamos para a Joyce Moreno, que nos devolveu com uma letra incrível.” O trio gravará um single que vai chegar às plataformas digitais em breve.
Outra parceira é Zélia Duncan, que letrou a melodia de Ivan e Marcos. O disco de inéditas dessa dupla de craques da MPB deve ser lançado no final do ano.
Quando a pandemia surgiu, em março de 2020, Marcos Valle começaria a gravar um álbum para o selo Far Out Recordings, na Europa. “Já fiz uns seis CDs lá. Havia composto várias faixas, mas, infelizmente, tivemos de segurar, porque veio a quarentena e eu teria de entrar no estúdio. Mas o projeto vai rolar este ano”, garante.
Cheio de planos, ele contabiliza – por enquanto – três discos para 2021: o europeu, o álbum com Nando Reis e o outro com Ivan Lins.
Além disso, o cantor, compositor e instrumentista carioca está ansioso para retomar as turnês. Já conversou com Joe Davis, dono da gravadora Far Out, sobre shows na Europa e recebeu convites para se apresentar no Japão.
“Assim que a situação estiver sob controle, com tudo garantido, vou fazer. Aliás, estou louco para ir”, diz, lamentando o cancelamento das temporadas no Japão e na Europa por causa da COVID-19. “Agora é hora de recomeçar.”