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Estado de Minas FOLIA VIRTUAL

Ciclo on-line reúne curtas que retratam o carnaval dos ensaios à ressaca

Promovida pelo Cinusp, mostra traz trabalhos de diretores que competirão este ano em Berlim e o primeiro curta da carreira de Marcelo Gomes 


16/02/2021 04:00 - atualizado 16/02/2021 07:59

Cena de O tambor me chamou, de Márcio Cruz, realizado em 2019 e que acompanha a trajetória do Ilú Obá de Min, bloco afro feminista de São Paulo(foto: ONERPM STUDIOS/DIVULGAÇÃO)
Cena de O tambor me chamou, de Márcio Cruz, realizado em 2019 e que acompanha a trajetória do Ilú Obá de Min, bloco afro feminista de São Paulo (foto: ONERPM STUDIOS/DIVULGAÇÃO)

 
Durante um mês, o Cinusp Paulo Emílio, sala de cinema da Universidade de São Paulo (USP), que está de portas fechadas em virtude da pandemia do novo coronavírus, vai exibir em seu canal no YouTube curtas sobre carnaval. Até 14 de março, a mostra Ó Abre Alas vai apresentar 11 curtas, em programação que ainda terá debates ao vivo e podcasts.
 
A seleção é bastante diversa. Primeiro curta do premiado cineasta pernambucano Marcelo Gomes (Cinema, aspirinas e urubus, Maracatu, maracatus/1995), destaca as diferenças culturais entre as várias gerações de integrantes do maracatu rural, manifestação de cunho afro-indígena originária dos engenheiros de açúcar de Pernambuco. 
 
Dirigido por Bárbara Wagner e Benjamin de Burca (dupla cujo curta One hundred steps está  selecionado para a competição oficial do Festival de Berlim deste ano), Faz que vai (2015) flerta com a performance ao colocar em cena dançarinos diversos que apresentam passos característicos de ritmos como o frevo, o funk e o vogue. 

BLOCO De uma safra mais recente, O tambor me chamou (2019), de Márcio Cruz, acompanha a trajetória do Ilú Obá de Min, bloco afro feminista de São Paulo. Já Arrasta a bandeira colorida (1970), de Aloysio Raulino e Luna Alkalay, documenta o carnaval de rua paulistano de 50 anos atrás a partir de fotografias tiradas pelos diretores. 
 
As marchinhas também são centrais no enredo de Polêmica (1999), ficção de André Sampaio que encena a famosa rivalidade entre Noel Rosa e Wilson Batista, nos anos 1930. Com influências da chanchada e do cinema marginal, o filme faz uma homenagem ácida a esses dois grandes nomes do samba carioca.
 
 O exagero também toma conta de Carnaval inesquecível (2008), filme escatológico de Pedro Severien, em que todo o exagero do período carnavalesco é levado às últimas consequências. 
 
Rainha (2016), de Sabrina Fidalgo, retrata a cultura dos desfiles de escolas sob o viés das mulheres negras. Já Dramática (2005), de Ava Gaitán Rocha, é uma adaptação livre do poema Hierarquia (1970), de Pier Paolo Pasolini, e traça um paralelo entre a embriaguez na festa e a violência no Brasil.
 
Por fim, a mostra apresenta filmes em que o transe do carnaval se faz presente, de forma sensorial e abstrata, nas imagens e no som. É o caso de A colour box (1935), breve animação do pioneiro Len Lye realizada como uma propaganda para os correios britânicos. Seu desfile de cores, formas e linhas evoca os ritmos e a alegria do carnaval, enquanto Sólo un poco aqui (2018), do Duo Strangloscope, trabalha com borrões e com efeitos sonoros distorcidos para representar a efemeridade e a euforia que envolvem a festa. 
 
Encerrando a programação, Borboleta (1974), de Shuji Terayama, apresenta imagens de fantasias, orgias e comilanças, fazendo lembrar uma ressaca de quarta-feira de cinzas em que os acontecimentos e as consequências do carnaval precisam ser enfrentados. 
 
Ó ABRE ALAS

A mostra, gratuita, vai até 14 de março 
no canal do YouTube do Cinusp Paulo Emílio    


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