Com tanto tempo dentro de casa, mantendo o distanciamento recomendado em virtude da pandemia do novo coronavírus, as pessoas têm buscado variadas formas de transformar esse período em um tempo produtivo, seja lendo livros, vendo filmes, séries, ou partindo para colocar a mão na massa.
Muitos demonstraram aptidões para trabalhos manuais – costurando, tricotando ou fazendo artesanato –, para efetuar pequenos consertos na residência ou ainda colocar em prática atitudes positivas com o meio ambiente. Seguindo nessa inspiração ecológica, o canal Off lançou a série “Como mudar o mundo sem sair de casa”, em sua página oficial no YouTube.
Composta por sete episódios, que estreiam sempre às sextas-feiras, às 20h, a atração é comandada pelo casal Larissa Colombo e Tiago Azzi. A ideia, segundo eles, é mostrar para o público diversas formas práticas para incorporar uma vida saudável e ecológica à rotina do dia a dia. Educadora ecológica, a apresentadora diz na entrevista a seguir que a série é uma provocação para as pessoas repensarem sua forma de pensar e agir.
O que vamos ver no programa?
São muitos os questionamentos envolvendo nossas escolhas enquanto humanidade e os impactos que essas escolhas podem causar na manutenção da vida. Vida do ser humano e de todos os seres que residem neste planeta. Serão aulas práticas com várias dicas e provocações para repensar a forma como pensamos e agimos. Escolhi áreas da vida que eu e Tiago repensamos e mudamos. A partir disso, busquei construir uma linha narrativa que fizesse a conexão entre essas áreas.
Como foi pensada a série? Cada episódio é independente?
A linha narrativa foi construída pensando em conectar o assunto de um episódio ao seguinte. Da escolha do alimento, seguindo para a horta, depois vamos fechar o ciclo e aprender a compostar e por aí vai. Até chegar ao ativismo de sofá, que seria amplificar ações individuais e dar voz para as causas coletivas. Cada episódio é independente, com começo, meio e fim, num ritmo que envolve dicas práticas capazes de tornar as mudanças possíveis e simples de ser estabelecidas. Ao mesmo tempo provocando questionamentos para que o espectador busque mais informações e maneiras de adequar cada tema abordado à sua realidade, no seu tempo, com os recursos que tem, mas sem perder de vista a autorresponsabilidade.
Tudo o que é mostrado na série o público tem condições de fazer?
Sim, com certeza! Busquei ensinar de uma forma democrática, sempre me lembrando de que nada do que trago ali é uma verdade absoluta. São incentivos para que as pessoas se questionem sobre a maneira que vivem, para que busquem mais informações e haja coerência entre fala e ação. Por exemplo, pense na sua última compra, seja lá do que for. Você já parou para pensar que esse consumo pode estar diretamente relacionado com grandes impactos socioambientais que tanto nos incomodam? É de extrema importância que as mudanças sejam aplicadas na vida de cada um de maneira leve e presente, que as dicas não sejam interpretadas como regras. O radicalismo não é saudável para nossa saúde, precisamos manter nossa sanidade mental ativa.
É um objetivo da série mostrar um lado mais simpático de quem cuida do meio ambiente?
É mostrar que todos somos ambientalistas, ativistas, educadores e alunos. Que todos somos agentes da transformação que queremos e precisamos ver no mundo e que somos disseminadores de mudanças. O intuito da série não é ser moralista e ficar ditando regras, é estender os nossos (meus e do Tiago) questionamentos e mudanças de vida e mostrar que é possível, sim, fazer sua parte de maneira divertida e leve. Algo que acho importante dizer é que toda mudança só se torna real e consistente se tocar seu coração. Se fizer sentido para você, se você entender a real necessidade de tal mudança, você muda, demore o tempo que for. Mudar já é desafiador, com regras demais, a tendência é que nos tornemos reativos. E de reatividade e polaridade acredito que o mundo já está saturado.
Tema mais que atual, acredita que a humanidade ainda tem tempo de repensar suas atitudes com a natureza e dar uma guinada para o lado da preservação?
Acredito, com certeza! Há seis anos, quando ouvi pela primeira vez sobre agrofloresta, senti uma profunda conexão entre a lógica daquele sistema e os mecanismos humanos de viver em sociedade. Ali, entendi que sim, nós temos um papel essencial aqui enquanto espécie e podemos, sim, regenerar nossos estragos. Na verdade, eu nem acho que preservar é a palavra. Acho questionável o preservar a natureza, é quase como se a saída fosse deixá-la "intocada". Acredito no regenerar, entender que estamos aqui como humanidade para cooperar com a sucessão natural da vida.