''Querência'', longa-metragem do cineasta mineiro Helvécio Marins Jr. que estreou em dezembro passado nos cinemas, agora está disponível no catálogo da Netflix. O filme conta a história de Marcelo (Marcelo Di Souza), um vaqueiro que tem sua vida transformada depois da ocorrência de um grande assalto a gado na fazenda onde trabalha.
Traumatizado com o episódio, Marcelo recorre à ajuda de sua irmã e de amigos para se recompor e realizar o seu maior sonho: tornar-se um grande narrador de rodeios.
Com uma proposta quase documental, o filme registra o cotidiano dos atores e é marcado pelas paisagens de Unaí, no Noroeste de Minas Gerais, onde foi rodado.
Planos mais abertos mostram os peões Marcelo e Kaik Lima tangendo gado no pasto, enquanto quadros mais fechados revelam cenas do cotidiano rural – como negociatas de frangos, cuidados com as criações e momentos de confraternização, boa prosa e troca de saberes –, nas quais os diálogos ganham destaque.
O trabalho com atores que jamais haviam pisado num set foi facilitado pela amizade de longa data entre o diretor e o elenco. ''Marcelo já tinha um lado artístico, assim como Kaik. Eles escrevem versos, fazem locução. Então, foi um trabalho de preparação. Investi muito tempo do projeto nisso. Tecnicamente, é a preparação de elenco, mas quem faz sou eu mesmo, é algo de que gosto'', comentou o diretor em entrevista ao Estado de Minas, na época do lançamento do filme nos cinemas. Vivendo atualmente na Europa, Marins oferece cursos de preparação de atores não profissionais.
Além das estratégias usadas pelo diretor para atingir seus objetivos cênicos, o roteiro, totalmente ligado ao cotidiano dos artistas, facilitou o processo. ''Tudo foi discutido de acordo com a vida deles. Não gosto de me impor muito. Se colocasse coisas minhas na boca deles, soaria estranho. Então, tudo é de acordo com a vivência deles. Claro que tem o link dramatúrgico, uma curva dramática do roteiro, mas quase tudo ali é real'', afirmou.
''Querência'' teve sua estreia mundial no Festival de Berlim e também passou por outros festivais europeus na Polônia, França e Portugal antes de chegar ao circuito comercial. No Festival Internacional de Cinema Jeonju, na Coreia do Sul, o longa ganhou o troféu de melhor filme.