O canal GNT apresenta nesta quinta (11/3), às 22h30, a entrevista que Oprah Winfrey fez com o príncipe Harry, de 36 anos, e a duquesa de Sussex, Meghan Markle, de 39. Quatro dias após a exibição original do especial da rede americana CBS, seu conteúdo bombástico – o casal citou pressão da mídia, racismo e falta de apoio da família real britânica para justificar sua saída da monarquia – continua repercutindo no mundo inteiro. Entre nobres e plebeus.
Uma das revelações mais devastadoras foi a de que a duquesa havia pensado em suicídio diante da situação. Na terça passada (9/3), o apresentador de televisão Piers Morgan deixou o programa “Good morning, Britain”, na emissora ITV, após criticar duramente a duquesa.
"Sinto muito, não acredito em uma palavra do que Meghan Markle disse. Eu não acreditaria se ela lesse um boletim meteorológico para mim", afirmou ele, ao vivo. No Reino Unido, a entrevista foi exibida pela ITV na noite de segunda (8/3).
O órgão regulador da mídia britânico, o Ofcom, abriu uma investigação depois que 41 mil pessoas reclamaram do comportamento do jornalista. De acordo com a revista “Variety”, Meghan Markle fez uma queixa formal junto à direção da ITV, citando o impacto negativo das palavras do apresentador na discussão sobre saúde mental.
Depois de sua saída do canal, na quarta-feira (10/3), Morgan voltou a tocar no tema. “Tive tempo para refletir sobre minha opinião, e ainda não (acredito na fala de Meghan na entrevista a Oprah).”
Já a resposta mais aguardada sobre a polêmica, a da Rainha Elizabeth II, foi bem recebida pela imprensa britânica. Na terça (9/3), a monarca de 94 anos afirmou, por meio de comunicado do Palácio de Buckingham: "A família inteira está triste ao saber o quanto os últimos anos foram desafiadores para Harry e Meghan. Harry, Meghan e Archie sempre serão membros muito queridos da família. As questões levantadas, principalmente as de raça, são preocupantes".
A rainha se comprometeu a tratar do assunto de maneira “privada”. O tema é para lá de delicado, pois, durante a entrevista, o casal declarou que um membro da família real teria questionado o quão escura seria a pele do filho do casal, antes de ele nascer.
Gesto conciliador
A imprensa britânica interpretou a reação da rainha como um gesto conciliador, mas também firme, que marca a discordância da monarca das acusações. A escolha de palavras "sugere que a família não concorda com tudo o que disseram os duques de Sussex", afirmou o jornal “The Daily Telegraph”.
"Embora a declaração, como se esperava, destaque o amor da família por Harry e Meghan, o resultado final foi mais forte do que muitos haviam imaginado", destacou o “The Times”. "A mensagem foi razoável, tranquila, generosa e com espírito de conciliação", disse à BBC Hugo Vickers, autor de várias biografias de membros da família real.
O príncipe Charles, de 72, permaneceu em silêncio e respondeu apenas com um sorriso nervoso ao ser questionado sobre a entrevista, durante uma visita na terça-feira a um centro de vacinação contra a COVID-19.
O jornal “Evening Standard” destacou que uma fonte da família real afirmou que o primeiro na linha de sucessão estaria “decepcionado” com as palavras de Meghan e do filho. Harry revelou que o pai deixou de atender suas ligações enquanto ele negociava o afastamento do casal da Inglaterra.
"O príncipe está orgulhoso da diversidade deste país e acredita que a diversidade da sociedade britânica moderna é sua maior força", disse a fonte, em uma referência às acusações de racismo. O duque de Sussex afirmou que se distanciou do pai e do irmão William para aguardar que o tempo cure as feridas.
Pesquisa realizada pela empresa YouGov, com sede no Reino Unido, com 4.656 pessoas depois da apresentação da entrevista na televisão britânica, mostrou que quase um terço dos espectadores (32%) sentiu que o casal foi tratado injustamente.
Esse nível de crise sobre a realeza não é visto desde os anos 1990, durante o colapso público do casamento de Charles e Diana. Em entrevista à BBC em 1995, Diana afirmou que tanto ela quanto o príncipe Charles foram infiéis, comentou ainda que o achava inadequado para ser rei e contou como ela se sentia isolada, lutando contra a automutilação e a bulimia.
Por sua vez, o pai de Meghan, Thomas Markle, com quem ela está rompida desde o casamento, defendeu a realeza, dizendo que esperava que o comentário sobre o tom de pele tivesse sido "apenas uma pergunta idiota". "Pode ser simples assim, pode ser que alguém tenha feito uma pergunta estúpida, em vez de ser um racista total", disse ele à ITV.
A duquesa recebeu o apoio de celebridades. Beyoncé publicou em seu site oficial a seguinte mensagem: "Obrigada, Meghan, por sua coragem e liderança. Estamos todos fortalecidos e inspirados por você”. Amiga de Meghan, a tenista Serena Williams também declarou seu apoio, afirmando conhecer a difamação contra “mulheres de cor” e dizendo que “as consequências da opressão e vitimização sistêmica para a saúde mental são devastadoras".
Pouco mais de 17 milhões de telespectadores assistiram à entrevista de duas horas de Oprah com Harry e Meghan na emissora americana CBS. No Reino Unido, a audiência foi de 11 milhões de pessoas.
O casal deixou a vida real para trás no ano passado e agora mora na Califórnia com seu primogênito, Archie, enquanto espera a chegada de uma filha. Harry admitiu que a morte de sua mãe em Paris, em 1997 – em um acidente de carro em alta velocidade enquanto tentava fugir de paparazzi – afetou sua saúde mental e alterou sua visão da mídia.
OPRAH ENTREVISTA MEGHAN & HARRY
O especial será exibido nesta quinta (11/3), às 22h30, no GNT. Reprise no domingo (14/3), às 20h.