À primeira vista, o nome da banda mineira Chico e o Mar levanta algumas dúvidas. Nenhum dos integrantes se chama Francisco, e ela foi formada em Belo Horizonte. Mas quando Jay Horsth, vocalista da Young Lights, sugeriu, os integrantes Daniel Moreira, Caio Gomes e Guilherme e Gustavo Vittoraci resolveram adotá-lo. Afinal, há aí um atributo que sempre buscaram: leveza. É natural, portanto, que essa mesma característica esteja presente na musicalidade do EP ''sdds'', que chega às plataformas digitais nesta quinta-feira (11/3).
Com quatro faixas, o trabalho pode ser descrito como indie pop, com bastante influência gringa, mas cantado em português, o que dá um charme especial. Os instrumentais são divertidos e as letras falam de relacionamentos, não necessariamente entre casais. É uma ode às relações humanas, com todos os ônus e bônus que carregam.
A ideia do registro surgiu como forma de agradecer aos fãs pelo sucesso na campanha de financiamento coletivo de 2020, para viabilizar a gravação do primeiro álbum, ainda inédito. Com a meta da arrecadação atingida (e depois ultrapassada), eles começaram a se movimentar para produzir música nova. Foram para o estúdio do músico JP Cardoso e ficaram lá três dias trabalhando.
''Foi um momento de criação musical intensa e que deixou todos muito inquietos para produzir mais. Foi a forma que a gente encontrou de entregar algo inédito enquanto o álbum não chega'', conta o baterista Caio Gomes.
Segundo ele, as músicas são ''um olhar cuidadoso sobre a amizade'' e trazem uma ''conversa sobre os relacionamentos''. O título do EP, ''sdds'' – saudades na linguagem virtual – é algo que tem relação com a pandemia e o distanciamento social.
Para a banda, as faixas representam quatro fases de um relacionamento. A primeira, ''acolher'', fala do início, quando há admiração incondicional. A faixa seguinte, ''foi mal'', é um pedido de desculpas. A música que dá nome ao EP diz da nostalgia do início, e ''0601'' é sobre responsabilidade emocional.
Formada em 2018, a Chico e o Mar lançou os singles ''Vida'', ''Sereno'', ''Festa'' e ''Carnaval''. Nenhum, no entanto, tem a mesma cara que as músicas do EP. Nele, a banda investiu em elementos eletrônicos e escreveu letras mais maduras, sem deixar de ter uma abordagem pop.
''Essas primeiras músicas foram basicamente escritas pelo Daniel (Moreira, o vocalista e guitarrista) e a gente repensou para o contexto da banda. Na época, todos eram meio imaturos, não entendíamos muito da dinâmica de gravação. Desde “Carnaval”, a mais recente, dá para ver nossa evolução. Começamos a consumir músicas de diferentes estilos e passamos a entender sobre os processos de produção'', conta Caio.
CICLO
Mas ele considera que, musicalmente, a banda está percorrendo um caminho que só terá fim com o lançamento do primeiro álbum. Por isso, o EP ''sdds'' é tratado como trabalho de transição. O álbum de estreia, previsto para o segundo semestre de 2021, será totalmente inédito.''O álbum é um universo fechado. Temos uma música pronta. A gente vai começar a engrenar a partir deste mês, mas já temos muitas coisas sendo feitas'', esclarece Caio.
No final de 2019, foram traçadas metas pela banda, cujos integrantes têm entre 18 e 24 anos. ''Cada um tinha uma tarefa. Toda entrada de dinheiro tinha um destino. No palco, a gente é coração, mas fora dele é matemática pura. Com a pandemia, nada do que a gente tinha planejado seria possível. Depois de quebrar a cabeça por alguns meses, chegamos na solução do financiamento coletivo'', conta.
Como a volta dos shows com público ainda é uma questão indefinida, a Chico e o Mar realiza o show de lançamento do EP ''sdds'' em formato virtual. A apresentação é parte do Festival Compacto e ocorre no domingo (14/3), às 19h, no canal do YouTube da Arreda Produções (www.youtube.com/arredaproducoes).
“SDDS”
• EP da Banda Chico e o Mar
• 4 faixas
• Independente
• Disponível nas plataformas digitais