“Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, está fora do Oscar. O filme brasileiro mais celebrado dos últimos anos tentava uma indicação nas categorias principais da premiação da Academia de Ciências Cinematográficas de Hollywood.
Ainda que o filme tenha estreado no Brasil em agosto de 2019, ele se tornou elegível porque chegou aos cinemas americanos em 6 de março de 2020, pouco antes do início da pandemia.
"Bacurau" percorreu uma longa estrada desde que debutou no Festival de Cannes há quase dois anos, quando dividiu o prêmio do júri com o francês "Os Miseráveis".
De lá para cá, acumulou outros troféus e indicações a premiações importantes — está indicado a melhor filme estrangeiro do Spirit Awards, de cinema independente, cuja cerimônia de premiação será três dias antes do Oscar.
O filme protagonizou extenso debate quando foi preterido por “A vida invisível”, pela Academia Brasileira de Cinema (ABC) para tentar uma vaga na categoria de filme internacional no Oscar de 2020. O drama de Karim Aïnouz não ficou nem entre os pré-indicados e o filme de Mendonça Filho ressurgiu na disputa de 2021.
A produção tentava repetir o cenário da corrida de 2004. Naquele ano, enquanto “Carandiru”, de Hector Babenco, disputou (e perdeu) uma vaga na categoria de melhor produção estrangeira, “Cidade de Deus” brigou pelos prêmios de direção, roteiro adaptado, fotografia e edição — no ano anterior, o filme de Fernando Meirelles e Katia Lund ficou fora da lista de finalistas de filme internacional.
O Brasil nunca ganhou um Oscar, mas tem uma história de indicações. A primeira participação brasileira foi em 1945, quando a música “Rio de Janeiro”, de Ary Barroso, concorreu a melhor canção pelo filme americano “Brasil”.
A categoria filme internacional foi criada em 1957 e quatro longas entraram nela: “O pagador de promessas” (1963), “O quatrilho” (1996), “O que é isso, companheiro?” (1998), e “Central do Brasil” (1999), que também recebeu indicação de melhor atriz para Fernanda Montenegro.
Já a categoria documentário teve cinco participações brasileiras, algumas delas coproduções com outros países: “Raoni” (1979), “El Salvador: Another Vietnam” (1982), “Lixo extraordinário” (2001), “O sal da terra” (2015), e “Democracia em vertigem” (2020).
Também em 2001 o curta “Uma história de futebol” concorreu ao prêmio da Academia. Em 2004, o curta de animação “Aventura perdida de Scrat”, produção americana dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha, foi indicado. Um feito foi o longa de animação “O menino e o mundo” estar na lista dos cinco indicados do Oscar de 2016.