"Joca e Dado – Uma amizade diferente”, livro de Henri Zylberstajn lançado pelo selo Leiturinha, foi ilustrado durante a pandemia pelos profissionais do estúdio La Casa de Carlota. “Não acredito em nada do que é construído com o objetivo de falar de minorias, quebrar barreiras e diminuir preconceitos, mas sem representatividade”, comenta o autor. Criado na Espanha, o estúdio tem em sua equipe, no Brasil, seis profissionais com diferentes tipos de deficiência intelectual, além de três designers/diretores de arte.
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Artistas da dança estudam os efeitos da pandemia no corpoSociólogo Simon Schwartzman lança o livro de memórias 'Falso mineiro'Projeto 'Os mestres dançam' faz tributo póstumoArtistas com deficiência exibem seu talento no festival Acessa BHA obra de arte vendida durante o regime nazista que a França vai devolver a família judiaEscritora relata em livro abusos e agressões que sofreu durante 20 anosOs jovens artistas fizeram o trabalho em casa. Com papel cortado, giz de cera e tinta, criaram personagens e cenários, escolheram cores. Periodicamente, alguém recolhia os desenhos. Depois disso, designers gráficos criaram as ilustrações: pegavam um pedaço daqui e outro dali, um olho feito por um e a boca feita por outro.
É difícil dizer se foi Tais, Roberto, Lucas, Danyel, Feliphe, Layla, Diego ou Francesca quem desenhou isso ou aquilo. Trata-se de um trabalho coletivo. Mas dá para saber, por exemplo, que Dado está cercado de dadinhos, porque Danyel Mendes, de 23 anos, ficou encafifado quando apareceu um “Dado disse”, durante a leitura.
“O Dany é muito literal, tem esse olhar para tudo o que recebe. Isso é interessante criativamente”, diz Luiza Laloni.
O desenho surgiu na vida de Danyel antes de ele ser descoberto pela Casa de Carlota. Ele conta que ficava desenhando na diretoria enquanto esperava a van para voltar para casa. Já ilustrou, por vontade própria, “João e o pé de feijão” e “O gato de botas”.
“Gosto de ler e trocava livros com uma professora, mas, por causa do coronavírus, não posso mais. Gosto de fazer livros, mas não é tão fácil. Tem que fazer bem as páginas”, diz Danyel.
Tais Araujo, de 25, teve uma experiência profissional anterior, ela trabalhou com arquivo. Com o novo emprego, os sonhos ganharam outra dimensão. Agora, ela pretende fazer faculdade de fisioterapia, que a ajudou a recuperar o movimento de uma das pernas, além de ser terapeuta ocupacional e professora de espanhol.
Tais relembra passagens de sua infância difícil na escola, onde não encontrou ajuda ou amigos. Era relegada à sala dos alunos especiais, sem fazer nada. “Foi bacana esse trabalho. Desenhei com meus amigos, gostei da professora Maria Vitória, do livro”, afirma.
Luiza Laloni explica que não se trata de criar um espaço para pessoas com deficiência trabalharem. “A ideia é que eles ocupem o espaço de uma agência de publicidade e design que trabalha para empresas como Facebook e Danone, fazendo o trabalho deles. Isso é incrível”, conclui.
SERENDIPIDADE
O empresário Henri Zylberstajn criou o Instituto Serendipidade, voltado para a inclusão de pessoas com deficiência intelectual. Pedro, filho dele, tem síndrome de Down. Um dos projetos da instituição atende famílias com portadores de síndromes de Down, de Williams, de Edwards, de Kleefstra, de Moya Moya e de Patau (T-13), entre outras. Voluntários, os acolhedores já enfrentaram situações assim e ajudam famílias a lidar com as deficiências. Informações: https://pepozylber.com.br/.
“JOCA E DADO: UMA AMIZADE DIFERENTE”
De Henri Zylberstajn
Ilustrações: La Casa de Carlota
Leiturinha
R$ 49,90
R$ 29,90 (assinantes da Leiturinha)
Informações: