No início da década de 2010, quando a música ''Video games'' viralizou na internet e deu fama instantânea a Lana Del Rey, muita gente questionou a autenticidade do trabalho da cantora norte-americana.
Naquela época, as pessoas tinham a impressão de que ela era mais um produto da indústria do que uma artista de verdade. Com o passar dos anos, Lana Del Rey se desvinculou da imagem de “superproduzida” e assumiu uma liberdade criativa tão fértil que lhe rendeu seis álbuns num intervalo de sete anos.
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Lana Del Rey lança clipe de Chemtrails Over The Country ClubLana Del Rey anuncia data de novo disco e rebate críticasLana Del Rey cancela turnê europeia e preocupa fãs sobre vinda ao BrasilLana Del Rey é recepcionada por fãs em desembarque no BrasilLana Del Rey lança novo álbum e é aclamada na internetTame Impala e Metronomy comemoram 10 anos de clássicos de sua discografiaO caminho até aqui foi longo. A primeira música de divulgação do trabalho, ''Let me love you like a woman'', saiu em outubro de 2020. Na época, a cantora já havia confirmado a intenção de lançar o novo álbum até o final do ano, mas a pandemia atrasou a produção. O lançamento foi transferido para o início de 2021, quando foi divulgada a música-título, acompanhada de um videoclipe cinematográfico.
Teoria da conspiração
Como sempre, o trabalho é bastante conceitual. O título se refere à teoria de que a trilha de vapor deixada por aviões no céu seria, na verdade, um composto químico utilizado para prejudicar a população.
Conspiracionismo à parte, ''Chemtrails'' é o disco menos ousado de Lana Del Rey e o mais conciso. Nele, ela consegue passar a mensagem em 10 faixas e dá continuidade à parceria com o produtor Jack Antonoff - conhecido por ter trabalhado com Taylor Swift, Lorde e St. Vincent.
Além disso, Lana aprofunda a sonoridade que marcou seu trabalho anterior, juntando boas letras com instrumentais minimalistas. Na faixa de abertura, ''White dress'', a cantora explora um novo jeito de cantar, extremamente agudo. De início, isso causa certo estranhamento. Uma balada romântica, a música cresce ao longo da execução.
A faixa-título chama a atenção pela produção cuidadosa, cheia de surpresas, como a inserção de cordas e uma bateria com levada jazz.
Veja o clipe:
Em ''Tulsa Jesus freak'', a voz de Lana Del Rey aparece distorcida, o que dá um requinte psicodélico para a música. Reza a lenda que essa seria a música-título do álbum, quando ele ainda tinha como nome provisório ''White hot forever''.
''Já compus algumas partes do disco. Ele se chama 'White hot forever', e eu acho que provavelmente será um lançamento surpresa dentro de 12 ou 13 meses'', disse ela, em entrevista ao “The Times”, em agosto de 2019.
''Let me love you like a woman'' é uma faixa bastante tradicional no repertório de Lana Del Rey, diferente de ''Wild at heart'', na qual ela referencia as grandes composições da música country norte-americana.
Reflexões sobre a fama
Incrivelmente melódica, a sexta faixa, ''Dark but just a game'', traz viradas imprevisíveis e uma letra que reflete sobre a fama. Lana a define como ''sombria, mas apenas um jogo'', conforme diz a letra.
''Not all who wander are lost'' retoma as referências ao country, assim como ''Yosemite'', originalmente escrita para o álbum ''Lust for life'' (2017).
Em ''Breaking up slowly'', Lana concretiza a aproximação com o tradicional gênero norte-americano. Para isso, ela conta com a presença da cantora Nikki Lane.
Já ''Dance till we die'' retoma a morte como tema - no passado, Lana Del Rey virou meme com um verso da música ''Summertime sadness'', do disco ''Born to die'' (2012), que diz: ''Eu queria estar morta''.
A música nova não trata a morte como libertação, mas como catarse. Na letra, ela cita alguns de seus ídolos, como Joni Mitchell, Joan Baez e Stevie Nicks.
É de Mitchell a música ''For free', responsável por fechar o álbum. Nesta faixa, ela conta com a participação das cantoras Zella Day e Weyes Blood.
Ao fazer referência explícita a nomes tão importantes para a história da música norte-americana, Lana Del Rey parece apontar o futuro que deseja para a sua carreira. No melhor estilo “nasci na época errada”, ela não se entrega à lógica de divulgação dos álbuns, está sempre compondo e disposta a entrar em estúdio.
Um detalhe de ''Chemtrails over the country club'' é a maneira como ela inverte o padrão ‘verso seguido de refrão seguido de verso’. A maioria das canções começa com o refrão.
Em uma das músicas do ótimo ''Norman fucking rockwell!'', ela canta sobre a obsessão em escrever ''o próximo melhor disco americano''. E é isso que seus últimos trabalhos têm se mostrado: uma busca incessante pelo verso perfeito, a melodia ideal e o instrumental sublime. Com isso, ela deixa o recado de que o próximo sempre será melhor.
“CHEMTRAILS OVER THE COUNTRY CLUB”
Lana Del Rey
Intercope Records/Universal Music
Disponível nas plataformas digitais