Parceiros há mais de 30 anos, o argentino Victor Biglione e o mineiro Wagner Tiso acabam de lançar o álbum “The finland concert” (CD Baby). O duo de violão e piano gravou composições de Cartola, Tom Jobim, Dorival Caymmi, Ataulfo Alves, Jacob do Bandolim e Chico Buarque, entre outros.
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A preparação para o concerto foi intensa. “Tocamos bem, com arranjos muito bons. Alguns nem tínhamos apresentado, como foi o caso de 'Saudades da Bahia', do Caymmi. Há também variações sobre choros de Jacob do Bandolim, uma composição do Wagner e a
minha interpretação meio flamenco de 'As rosas não falam', de Cartola”, afirma Biglione.
Velhos conhecidos, o compositor, instrumentista e maestro mineiro e o guitarrista e compositor argentino já haviam lançado “Tocar – A poética do som”, que registra o show da dupla realizado em 2004, no Rio de Janeiro. O álbum saiu pela gravadora Albatroz, de Roberto Menescal.
Biglione se orgulha de dividir o palco e gravar com estrelas do Brasil e do exterior. “Na MPB, toquei com Deus e o mundo. Gosto de vários estilos, sempre topei desafios. Tem músico que não sai da bolha, vamos assim dizer. Sempre tive essa coisa de me aventurar, fuçar, estar no dia certo, no lugar certo e na hora certa.”
Com 30 discos solo no currículo, Biglione já se apresentou com os guitarristas Andy Summers (The Police), Steve Hackett (Genesis) e Stanley Jordan. “A empatia maior foi com o Andy. Um negócio sério, oito anos tocando juntos, dois CDs. Tive uma vida de superstar na Califórnia, fiquei hospedado na casa dele, em Los Angeles, e gravamos no estúdio dele.”
O guitarrista aproveita a quarentena para estudar, compor e tocar violão de 12 cordas. “Estou compondo coisas diferentes nesse violão e estudando standards do jazz para não perder o fraseado. Já fiz um baião, um bebop e harmonias. Não paro”, conta.
Nascido em família de músicos, Victor se mudou para o Brasil aos 5 anos. É primo de Claudio Slon (1943-2021), que foi baterista de Tom Jobim. “Ele me mostrou as estrelas do rock, como Jimi Hendrix, Jeff Beck e Lanny Gordin, além do Pepeu Gomes, do pernambucano Heraldo do Monte, que me influenciou, e do Robertinho do Recife, que me ajudou muito.”
Atualmente, Biglione prepara projetos voltados para o rock. Um deles, que estrearia em julho, em São Paulo, foi adiado por causa da pandemia. “Escrevi para orquestra sinfônica e trio sobre 28 músicas de Jimi Hendrix, emendadas uma na outra.” Também criou repertórios semelhantes voltados para Led Zeppelin e The Who.
BLOCO
O guitarrista planeja rodar o Brasil com os novos trabalhos. “Por causa da quarentena, ainda não consegui botar esse bloco na rua. Fiquei chateado com o adiamento do Hendrix, pois ele me deu um trabalho danado. Escrever para orquestra sinfônica não é fácil”, desabafa.
Outro projeto é um programa de TV. “Andy Summers esteve no Brasil e o convidei para gravar, o piloto está pronto. Infelizmente, a normalidade ainda vai demorar para a gente, porque música aglomera. Nossa classe está pagando um preço muito alto. Todos paramos e seremos os últimos a voltar”, conclui.
REPERTÓRIO
“Na cadência do samba”
Ataulfo Alves
“Saudades da Bahia”
Dorival Caymmi
“Sonho de carnaval”
Chico Buarque
“Expresso 2222/Procissão”
Gilberto Gil
“Eu sei que vou te amar”
Tom Jobim e Vinicius de Moraes
“As rosas não falam”
Cartola
“Samba de uma nota só”
Tom Jobim e Newton Mendonça
“Autumm leaves”
Johnny Mercer, Jacques Prevert e Joseph Kozma
“Poema finlandês”
Wagner Tiso
“Doce de coco”
Jacob do Bandolim
“THE FINLAND CONCERT”
.De Wagner Tiso e Victor Biglione
.10 faixas
.CD Baby
.Disponível nas plataformas digitais