O universo de Sherlock Holmes, criado pelo escritor britânico Arthur Conan Doyle (1859-1930), já rendeu centenas de filmes e séries. Seja em produções hollywoodianas protagonizadas por Robert Downey Jr., ou interpretado por Benedict Cumberbatch em uma história ambientada no século 21, o personagem está sempre acompanhado de seu fiel escudeiro Watson, e cumpre a missão de desvendar mistérios aparentemente insolúveis. Mas o que acontece quando uma mente brilhante – como a do investigador – está tão debilitada a ponto de ele não conseguir trabalhar?
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Em todos os casos misteriosos, que se complicam com o avanço da temporada, há a presença de algum elemento sobrenatural decisivo para a solução. Ao longo da história, eles vão se mostrando partes de um todo que culminam em uma resolução final.
O suspense que marca a série flerta com o terror ao apresentar elementos liberados por meio de uma fenda aberta entre o mundo dos vivos e dos mortos – recurso já visto em outras produções de sucesso da Netflix, como ''Stranger things'', ''Umbrella academy'' e ''Dark''. Essa 'falha na Matrix' é o que ocasiona uma série de acontecimentos estranhos como o sequestro de bebês, roubos de dentes de crianças e assassinatos.
O que diferencia a série de qualquer outra produção baseada em histórias de Sherlock Holmes, até mesmo da ótima ''Elementary'', da CBS, protagonizada por Jonny Lee Miller e Lucy Liu, são os elementos sobrenaturais. E essa abordagem fantasiosa não está só na narrativa, mas também em um dos personagens. Jessie tem o poder de ler mentes, além de entrar em contato com outras pessoas com a mesma condição através de sonhos.
A personagem, apesar de não ser a líder do bando – papel ocupado pela sagaz Bea –, é a que mais se destaca ao longo dos episódios. É ela quem enfrenta os principais desafios ao se deparar com o dilema de salvar a própria mãe, Alice (Eileen O’Higgins), ou a humanidade. A jovem também é constantemente confrontada com o passado e com o que é capaz de fazer com os próprios poderes.
AGENTES DE INTELIGÊNCIA
Criada por Tom Bidwell, ''Os irregulares de Baker Street'' reprisa a tentativa de traduzir Sherlock Holmes para as gerações mais jovens, movimento que a Netflix fez em ''Enola Holmes'' (2020), filme de Harry Bradbeer protagonizado por Millie Bobby Brown. Enquanto a irmã de Sherlock é uma personagem criada pela escritora norte-americana Nancy Springer, os jovens de Baker Street pertencem ao universo criado por Conan Doyle. Eles aparecem em dois livros e um conto. Na versão original, o grupo é composto apenas por garotos empregados por Holmes como agentes de inteligência.O que a série da Netflix faz é adaptá-los para um contexto mais interessante, atualizando sua formação e dando a eles uma narrativa própria – o que coloca Watson e Holmes como coadjuvantes, apesar de os dois aparecerem na série.
O resultado não foge de fórmulas já testadas pela plataforma de streaming, e é justamente por isso que tem agradado tanto. Não à toa, os roteiristas criaram um enlace amoroso entre Bea e Leo, mesmo num ambiente tão adverso. A reação é imediata: desde que foi lançada, a série figura entre as 10 mais assistidas da Netflix no Brasil.
“OS IRREGULARES DE BAKER STREET”
• Primeira temporada. 8 episódios. Netflix