Em entrevista recente o príncipe Harry afirmou que se sente mais confortável em assistir à série “The crown”, pois é ficção “vagamente baseada na verdade”, do que em ver as notícias de sua família publicadas na imprensa. Nunca saberemos o que o príncipe Philip, morto nesta sexta (9/4), aos 99 anos, pensou ao se ver retratado na tela. Certamente, se assistiu à série, incomodou-se com mais de uma passagem.
Com quatro temporadas lançadas pela Netflix, “The crown” teve, até então, dois intérpretes para o Duque de Edimburgo: Matt Smith, na primeira fase, até meados dos anos 1960, e Tobias Menzies, dos anos 1970 até o início dos 1990.
Na juventude, o príncipe Philip de “The crown” é apresentado como um homem que, a contragosto, teve que se adequar ao papel de príncipe consorte. Quando se casou com a então princesa Elizabeth, em 1947, não se previa que ela se tornasse rainha apenas seis anos mais tarde, com a morte precoce de seu pai, o rei Jorge VI, aos 56 anos.
O Philip da primeira fase é um homem inquieto, que tem dificuldade de se impor frente a própria família. É célebre a história de que sequer seu sobrenome, Mountbatten, pôde ser passado para seus filhos – todos têm o sobrenome real, Windsor. A série também explicita que o casamento entre Elizabeth e Philip, que eram primos de terceiro grau, não era o que desejava a família real – mas a futura monarca fez porque fez para se unir a ele.
No casamento real, somente uma familiar próxima de Philip, sua mãe, a princesa Alice de Battenberg, compareceu. Três irmãs dele eram associadas ao Partido Nazista, o que, obviamente, nunca foi visto com bons olhos.
Mais explorado era o lado mulherengo do príncipe. Philip teve várias escapadelas no casamento, inclusive com duas dançarinas. A rainha, a série mostra, fazia vista grossa com as noitadas do marido (que adorava carros, aviões, e esportes), até que a crise conjugal se instala. Tanto que a segunda temporada da série tem início com a frase: “A saída que existe para todo mundo, o divórcio, não é uma opção para nós. Jamais.”
Já na fase mais madura, a partir do terceiro ano, a série explora um príncipe Philip mais acomodado, porém bastante sensível. Mais presente com os filhos do que a rainha Elizabeth, deixa claro sua preferência por sua única filha mulher, a princesa Anne.
Ressente-se pelo desinteresse de Charles, de quem nunca foi próximo, pela vida atlética.
Tanto que um dos episódios mais tocantes da terceira temporada mostra a solidão com que o primogênito sofre em um colégio no País da Gales, lugar em que foi obrigado a estudar para se preparar para se tornar o Príncipe de Gales.
A temporada mais recente, em que todos os olhos se voltaram para o casamento Diana e Charles e para a gestão da primeira-ministra Margaret Thatcher, Philip teve um papel menos relevante na trama. Mas há um episódio em que ele se destaca, justamente quando a jovem Diana vai fazer sua primeira incursão ao Castelo de Balmoral, na Escócia.
Amedrontada com o momento, Diana contou com o apoio do Príncipe de Edimburgo, que esteve a seu lado em diferentes situações, ao contrário de outros membros da família real.
Para a parte final da série, que seguirá, com duas temporadas, seguindo a saga dos Windsor até o início dos anos 2000, o ator que interpretará o príncipe na velhice será Jonathan Pryce. As gravações estão previstas para começar em julho.