Em 1999, Graciela Pozzobon estrelou o curta “Cão guia”, de Gustavo Acioly, em que interpretava a cega Lúcia. O filme, basicamente uma história de amor, teve carreira inesperada, com prêmios nos festivais de Gramado, Brasília e do Rio. O diretor e a produtora Lara Pozzobon, irmã de Graciela, foram convidados a exibi-lo em um festival alemão. Chegando lá, descobriram que o evento tinha foco em filmes sobre deficiência.
No retorno para o Brasil veio a ideia de fazer um festival nos mesmos moldes, evento então inédito no país. Em 2003, nascia o Assim Vivemos – Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência, que vem realizando edições bienais nas unidades do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio, São Paulo e Brasília.
primeira versão on-line do evento, com a seleção de filmes – nacionais e internacionais, curtas e longas – exibidos ao longo de quase duas décadas.
Neste sábado (10/4), tem início a DEBATES
Até quarta-feira (14/4), em duas sessões diárias, estarão em cartaz filmes do Brasil, Bielorrússia, Canadá, Espanha, França, Irã, Israel, Moçambique, Mianmar, Rússia e Tailândia. Após as exibições haverá debates sobre diversidade, vida independente e autismo, entre outros temas.
A programação só exibirá filmes produzidos por deficientes ou que tratem do tema. Todas as sessões oferecerão recursos de acessibilidade: audiodescrição, legendas LSE (para surdos e ensurdecidos) e interpretação em Libras.
Desde 2019 à frente do festival, Graciela Pozzobon percebeu que a versão on-line poderia ampliar o acesso ao evento. “É uma demanda que a gente identificou desde sempre, pois os filmes ficam restritos à exibição no festival e têm circulação pequena”, conta ela, que nunca conseguiu realizá-lo no CCBB-BH. A capital mineira só recebeu o evento em 2009, no extinto Savassi Cineclube.
A versão digital não invalida a presencial – a décima edição, só com produções inéditas, está prevista para o segundo semestre. Ainda não se sabe qual o formato, se híbrido ou não, pois isso depende da evolução da pandemia. Mas até segunda-feira (12/4) interessados em participar podem se inscrever na plataforma FilmFreeway (https://filmfreeway.com/assimvivemos).
Quatro filmes brasileiros estão na programação, dois deles documentários inéditos. “Stimados autistas” (2020) é de Cristiano de Oliveira, fonoaudiólogo que aos 34 anos recebeu o diagnóstico de autismo. Ele ouviu outros adultos diagnosticados tardiamente. Já o curta “O que pode um corpo?” (2020), de Victor Di Marco e Márcio Picoli, trata da paralisa cerebral – Victor filma a si mesmo, portador da deficiência.
ASSIM VIVEMOS
A edição on-line do festival será realizada deste sábado (10/4) até quarta-feira (14/4), no site www.assimvivemos.com.br. Sessões diárias às 15h e às 17h, seguidas de debate, às 19h. Após a exibição do dia, as produções ficarão disponíveis até 14/4. Gratuito.