Instrumentistas renomados, jovens talentos e muita prosa. Esta é a programação do projeto on-line “Sons da cidade: Mostra internacional de violão de Belo Horizonte”, que começa nesta quinta-feira (15/3) e prossegue até sábado (17/3). Além de apresentar música de qualidade, a proposta é destacar a profunda ligação do instrumento com a cultura do país.
O universo do violão ainda é masculino, mas as mulheres terão espaço garantido na mostra mineira. Thaís Nascimento é uma delas. Instrumentista, compositora, arranjadora e educadora, a gaúcha pesquisa a obra de importantes autoras de peças violonísticas.
Em janeiro, ela lançou o disco “Expressivas – Mulheres compositoras para violão”. Thaís destaca a importância da obra das brasileiras Chiquinha Gonzaga, Lina Pires de Campos, Lúcia Teixeira e Andrea Perrone, da norte-americana Barbara Kolbe e da venezuelana Elodie Bouny.
“Gravei um repertório para a mostra que tem a ver com a minha pesquisa sobre as compositoras”, afirma, prometendo também apresentar sua produção autoral na mostra.
“Infelizmente, ainda não vemos compositoras tocadas nas universidades e palcos por aí. Em minha pesquisa, tenho descoberto obras geniais de mulheres, com vários estilos e de diversos períodos históricos. Meu objetivo é evidenciar que o repertório das compositoras é tão importante quanto o dos homens”, afirma.
Gravado em 2019, o álbum da gaúcha ganhou lançamento on-line por causa da pandemia. “Talvez meu próximo disco traga criações minhas e de novas autoras. Estou reunindo esse repertório, que precisa ser difundido, divulgado e sistematizado”, reforça.
NOVIDADES
Criador da mostra “Sons da cidade” em parceria com Carlos Walter, Fernando Chagas anuncia novidades nesta terceira edição, promovida pelo Instituto Cultural Abrapalavra.“O 1º Concurso Sons da cidade selecionou seis jovens mineiros, por meio de edital, para a programação deste ano. A ideia é trazer o jovem para mostrar seu trabalho, criar um espaço de divulgação e fortalecer o intercâmbio entre violonistas experientes com aqueles que estão iniciando a carreira”, diz Chagas.
Entre os veteranos está o violonista, arranjador, compositor e professor mineiro Tabajara Belo, que atualmente faz doutorado nos Estados Unidos. Ele promete novidades em seu recital de sexta-feira (16/4).
Atualmente, Tabajara se especializa em composição. “Escrevo para várias formações instrumentais, mas o tema principal são peças para violão chamadas ‘Estudos para improvisação multitextural’. Ainda não gravei esse trabalho, porque quero acabar minha tese e fazer uma publicação conjunta das partituras e da gravação”, conta. “No ‘Sons da cidade’, estou antecipando coisas que o pessoal não me viu tocar, ou seja, parte do novo trabalho e alguns arranjos que ainda não gravei.”
O músico conta que vai se apresentar com violão de cordas de aço, “não apenas naquela utilização mais folk dele, mas para tocar peças”. Uma de suas inspirações vem do guitarrista inglês Steve Howe, da banda Yes. “Porém, misturo com músicas contemporâneas e até mesmo música atonal”, detalha.
''O violão está presente nas casas, nos bares e nas culturas popular, erudita e de massa. O instrumento percorre toda a sociedade, aglutinando suas características''
Fernando Chagas, coordenador da mostra ''Sons da cidade''
VILLA-LOBOS
Além de composições próprias, Tabajara mostrará arranjos criados por ele para “Tristeza do jeca”, de Angelino de Oliveira, e “Trenzinho caipira”, de Heitor Villa-Lobos. “No meu concerto, usarei três tipos de violão: dois de nylon e um de aço”, informa.Na verdade, Tabajara Belo é compositor há tempos, mas seu trabalho autoral foi pouco registrado em disco. “Gravei dois CDs. O primeiro foi lançado 2007 e traz releituras de temas instrumentais de Jacob do Bandolim, Egberto Gismonti, Guinga, Pixinguinha, Garoto e Tavinho Moura em versões de violão solo com banda. No segundo, de 2009, com o flautista Bruno Pimenta, fazemos reverência à tradição do choro e do samba, traçando um panorama da música brasileira”, afirma o mineiro. “Os dois discos, que chamo de meus, são mais de intérprete, mais de arranjos”, conclui.
Programação tem recitais e bate-papos
Fernando Chagas, coordenador da mostra “Sons da cidade”, ressalta a importância social do violão. “Ele está presente nas casas, nos bares e nas culturas popular, erudita e de massa. O instrumento percorre toda a sociedade, aglutinando suas características. Há os violões mineiro, paulista, carioca e aquele tocado no Sul com sonoridade típica, regionalista”, observa.
Nesta quinta-feira (15/4), às 17h, as violonistas Gabriele Leite (SP) e Thaís Nascimento (RS) abrirão a mostra com bate-papo mediado por Isabella Bretz. As duas vão contar como desenvolvem os respectivos trabalhos. Às 19h, haverá recital de Augusto Cordeiro e Matheus Luna, jovens selecionados pelo concurso promovido pelo “Sons da cidade”. Às 19h30, Gabriele e Thaís farão recital.
Na sexta-feira (16/4), às 17h, roda de conversa reunirá dois mineiros, o cantor e compositor Sérgio Santos e o compositor e violonista Tabajara Belo, com mediação de Chicó do Céu. Às 19h, apresentam-se os jovens Júlia Nascimento e Hugo Andrade. Às 19h30, Sérgio e Tabajara fazem recital.
RODA
No sábado (17/4), a programação de encerramento será mais extensa. Às 10h, começa a roda de conversa com Gianfranco Fiorini (MG), Aliéksey Vianna (MG), Matthias Grob (Suíça/Alemanha) e Carlos Walter (MG), a respeito do violão Fiorini, feito no Brasil e equipado com eletrônica suíça.Às 17h, tem bate-papo dos violonistas Juan Falú (Argentina) e Alessandro Penezzi (SP), seguido, às 19h, de recital dos jovens Ana Guerra e Arthur Forattini. Falú e Penezzi se apresentam às 19h30, fechando a terceira edição da mostra. Os recitais foram gravados pelos artistas em casa, devido à pandemia, mas as rodas de conversa ocorrerão ao vivo.
REVELAÇÕES MINEIRAS
Venceram o 1º Concurso Sons da cidade os jovens violonistas Ana Guerra, Arthur Forattini, Augusto Cordeiro, Hugo Andrade, Júlia Nascimento e Matheus Luna.
SONS DA CIDADE: MOSTRA INTERNACIONAL DE VIOLÃO DE BH
De hoje (15/4) a sábado (17/4). Informações no site Sons da Cidade.