Passado pouco mais de um ano do primeiro caso de COVID-19 no Brasil, a pandemia do novo coronavírus continua fora de controle no país, enfrentando números recordes de casos e mortes diários.
O mundo das artes, fortemente impactado pelas medidas de isolamento e restrições adotadas para tentar conter a disseminação do vírus, sofre ainda mais com a perda de inúmeros talentos, que deixaram para sempre suas marcas na cultura brasileira.
A seguir, a lista de vítimas do vírus no cenário cultural brasileiro em 2021.
Tarcísio Meira
(12 de agosto)
Aos 85 anos, o ator Tarcísio Meira morreu nessa quinta-feira (12/08), por complicações da COVID-19. Ele esteva internado no hospital Albert Einstein desde o dia 6 de agosto, e no último boletim de saúde, na terça-feira (10/08), constava que ele estava intubado na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e com "diálise contínua" por problemas nos rins.
De acordo com a família, o ator se infectou por um descuido. Durante sua carreira, o ator foi um dos mais reconhecidos artistas da televisão brasileira, tendo atuado em mais de 60 trabalhos, entre novelas, séries, filmes, teleteatros e telefilmes.
Sua esposa, Glória Menezes, também foi infectada e segue internada, mas seu quadro é mais leve.
Robson Rocha
(11 de julho)
O artista mineiro Robson Rocha, de 41 anos, morreu neste domingo (11/7) vítima da COVID-19. A informação foi divulgada por familiares em redes sociais. Ele estava internado no Hospital Eduardo de Menezes, que fica na Região do Barreiro, na capital mineira. O desenhista trabalhou em diversos quadrinhos do selo DC desde 2016 como "Sinestro", "Aves de Rapina" e "Batman/Superman". Ele deixa uma filha pequena e a esposa.
Cecília Ramos
(3 de julho)
Participante do MasterChef Brasil 2020, Cissa Pretinha, como era conhecida, esteve internada por mais de um mês.
Durante a edição do MasterChef de 2020, Cecília conquistou o público pela simpatia e ficou marcada por um dos pratos que realizou, deixando todos os elementos muito distantes uns dos outros. Os telespectadores brincaram com a situação. "Triste que os jurados não entenderam o conceito desse prato da Cecília fada, que respeita o distanciamento até na comida", se divertiu uma internauta. "Até o prato da Cecília respeita o isolamento e você não", alfinetou outro.
Ela deixa o filho Emmanuel Victor e o marido Francisco, aos 41 anos de idade.
Nelson Sargento
(27 de maio)
Lenda do samba brasileiro, Nelson foi autor de alguns dos samba-enredos mais importantes da história da escola de samba Mangueira. Nascido no Rio de Janeiro, o artista dedicou parte da vida a socorrer o samba da agonia, luta eternizada na letra de uma de suas músicas, "Agoniza mas não morre".
Aos 96 anos, o sambista foi internado no Instituto Nacional de Câncer (INCA) na última sexta-feira (21/05), após ter testado positivo para a COVID-19. Ele faleceu às 10h45 dessa quinta-feira (27/05). Sua morte foi lamentada por colegas de profissão e políticos ao redor do Brasil, enaltecendo seu legado.
Nelson Sargento foi vacinado contra a COVID no dia 31 de janeiro, em cerimônia no Palácio da Cidade, dando início à vacinação da terceira idade no Rio de Janeiro. Ele foi infectado mesmo após receber as duas doses da vacina, reforçando a necessidade de distanciamento social e cumprimento das medidas preventivas mesmo após a vacinação.
Paulo Gustavo
(4 de maio)
Carisma, timing para comédia e personagens simples, de fácil identificação. Tais características, apontadas por atores e comediantes mineiros, marcam o trabalho de Paulo Gustavo.
Um dos maiores comediantes brasileiros, não apenas de sua geração, mas de todos os tempos, Paulo deixa para trás um legado de amor, tolerância e diversidade. Gays, negros e outras minorias eram fontes das esquetes de humor do ator. Com sutileza, delicadeza e muito humor, ele fazia as pessoas pensarem, refletir, aprender e sentir orgulho.
Internado desde 13 de março com complicações decorrentes da COVID-19, o ator Paulo Gustavo teve grave piora em seu quadro de saúde na segunda-feira (03/05), quando uma embolia pulmonar foi registrada pelos médicos. O comediante faleceu na terça-feira seguinte (04/05), após 53 dias de internação. Ele deixou o marido, o médico Thales Bretas, dois filhos de um ano, Romeu e Gael, além da mãe Dea Lúcia e a irmã Juliana Amaral.
Ismael Ivo
(8 de abril)
Bailarino e coreógrafo, trabalhou por mais de três décadas na Europa, onde foi diretor da Bienal de Veneza e o primeiro negro e estrangeiro a dirigir o Teatro Nacional Alemão, em Weimar. Em 2010, foi condecorado com a Ordem do Mérito Cultural, outorgada pelo Ministério da Cultura (MinC) a pessoas, grupos artísticos, iniciativas ou instituições, a título de reconhecimento por suas contribuições à cultura brasileira. Em 2017, assumiu a direção do Balé da Cidade de São Paulo.
Passou aproximadamente um mês na UTI e, após uma leve melhora, seu quadro piorou novamente na madrugada de 8 de abril. Ele tinha 66 anos.
Alfredo Bosi
(7 de abril)
Crítico literário, autor de 18 livros, militante de causas sociais e um dos mais destacados intelectuais brasileiros, Alfredo Bosi era uma referência na literatura. Bosi foi o sétimo ocupante da cadeira 12 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Tinha 84 anos.
Agnaldo Timóteo
(3 de abril)
O cantor e político nascido em Minas Gerais, de origem pobre, conquistou seu espaço no cenário musical nacional ao gravar a canção “Meu grito”, de Roberto Carlos. Em 1982, tornou-se o deputado federal mais votado da história do Rio de Janeiro, tendo sido também vereador. Timóteo tinha 84 anos e havia sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) em 2019. Ele estava internado desde o dia 17 de março.
João Acaiabe
(31 de março)
Conhecido por interpretar o Tio Barnabé do “Sítio do Pica Pau Amarelo”, o ator tinha 76 anos e testou positivo para o vírus no dia 15 de março, exatamente a data em que teve início a vacinação para a sua faixa etária no estado de São Paulo.Leia Mais
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(20 de março)
Ficou conhecido por sua atuação no longa-metragem “Cidade de Deus” (2002), em que interpretou Dito, pai do protagonista Buscapé. Formou-se em artes cênicas pela Escola de Arte Dramática (EAD) da USP e participou de várias novelas, séries, peças teatrais e filmes. Estava com 63 anos.
Irmão Lázaro
(19 de março)
O cantor gospel morreu aos 54 anos, após quase um mês internado na UTI de um hospital de Feira Santana, cerca 100km de Salvador. Além de artista, Lázaro foi eleito vereador em Salvador, no ano passado, com 4.273 votos, depois de ter sido deputado federal entre 2015 e 2018.
Nos anos 90, foi integrante do Olodum, mas abriu mão do grupo para se tornar cantor gospel, após se converter à religião evangélica. Um de seus principais sucessos foi a música “Eu te amo tanto”, gravada em 2008.
Kleber Lopes
(7 de março)
O humorista se tornou conhecido como integrante do programa do SBT/Alterosa "A Praça é Nossa”. Começou a carreira como bailarino, antes de passar a atuar também como ator. Ele tinha 39 anos.
Izael Caldeira
(15 de fevereiro)
O cantor e instrumentista ingressou no grupo Demônios da Garoa em 1999. Tocava timba e cantava. O grupo, cuja primeira formação data de 1943, é o mais antigo em atividade no Brasil.
Genival Lacerda
(7 de janeiro)
Ícone do forró e mestre das letras de duplo sentido, é autor de megasucessos como “Severina xique-xique”. Em 26 de maio, Genival sofreu um AVC e ficou internado no Hospital D’Ávila, na Zona Oeste de Recife, recebendo alta três dias depois. Voltou a ser internado no dia 30 de novembro, desta vez devido a complicações derivadas da COVID-19. Tinha 89 anos.
*Estagiário sob a supervisão da editora Silvana Arantes