“Fidel tem só um defeito: não sabe fazer nada pela metade”. A afirmação de Ricardo Alarcón, vice-ministro das Relações Exteriores de Cuba, 60 anos após a Revolução Cubana (1959), mostra a força que o líder que governou o país por quase seis décadas ainda carrega.
Produção franco-britânica (Arte e BBC), o documentário “Cuba, a revolução e o mundo”, dirigido por Mick Gold e Delphine Jaudeau, estreia nesta sexta-feira (16/4) no canal Curta.! Hoje será exibida a primeira parte, “Os combatentes”; na próxima semana irá ao ar a segunda, “Os diplomatas”.
BARBUDOS
Lançado em 2019, no aniversário da revolução, o filme traça a história de Cuba a partir do momento em que os “barbudos das montanhas”, liderados por Fidel Castro (1926-2016) e Che Guevara (1928-1967), deram início ao movimento. Seis décadas mais tarde, a política externa que Castro conduziu por tanto tempo na pequena ilha caribenha ainda é capaz de surpreender – seja você partidário ou opositor do que ocorreu em Cuba.
Esquerda versus direita, comunismo versus capitalismo, União Soviética versus Estados Unidos, o documentário procura não tomar partido. Reconstitui a história em clima eletrizante, por meio de imagens históricas, muitas delas inéditas, e do extenso elenco de pessoas envolvidas no conflito: militantes, combatentes, diplomatas cubanos, pró e anti-Castro, bem como norte-americanos e russos.
A primeira parte vai de 1959 até 1991, com a desintegração da União Soviética e a queda do comunismo no mundo, que culminaram com a retirada do apoio econômico à ilha. O documentário começa com a deposição do ditador Fulgencio Batista (1901-1973), depois de quase duas décadas no poder.
A invasão da Baía dos Porcos, o embargo econômico imposto pelos EUA e a crise dos mísseis de Cuba são alguns dos marcos destacados na primeira parte. A partir da História conhecemos também as histórias.
Um opositor castrista que participou da frustrada invasão de 1961, quando 1,2 mil exilados cubanos treinados pela CIA chegaram à costa da ilha para tentar tomar o poder, conta como tentou se safar da prisão. Ao perceber que o ataque havia fracassado, trocou seu uniforme pelo de um combatente castrista. Foi preso por causa das botas – as do exército de Cuba eram diferentes.
Em meados da década de 1960, enquanto os Estados Unidos se atolavam na Guerra do Vietnã, Castro proclamou: “Devemos criar vários Vietnãs!”. Foram exportados homens e armas para grupos guerrilheiros de vários países do Terceiro Mundo: Argélia, Congo e Bolívia (que culminou com o assassinato de Che, em 1967).
CONGO
Viktor Dreke, alto oficial do exército cubano, relembra que foi chamado em 1965 para formar um grupo de combatentes encarregados de levar o movimento guerrilheiro para a República Democrática do Congo, independente da Bélgica desde 1960.
Dreke conta que a primeira condição era de que os homens deveriam ser “bem negros”. Logo descobriu que seria o segundo no comando. O primeiro era um tal de Ramón, de quem nunca tinha ouvido falar. Ao vê-lo, também não reconheceu o homem de cabelo curto, bigode e chapéu. Só depois foi revelado que se tratava de Che Guevara.
“CUBA, A REVOLUÇÃO E O MUNDO”
A primeira parte do documentário será exibida nesta sexta (16/4), às 23h, no canal Curta!. A segunda vai ao ar na próxima sexta (23/4), no mesmo horário. O longa também está disponível na plataforma Curtaon! e no Now (Net/Claro).