Foram anunciados neste domingo (18/4) os vencedores do festival de documentário É Tudo Verdade. Em cerimônia transmitida pelo YouTube, “Os arrependidos” levou o troféu de melhor documentário da competição brasileira entre os médias e longas-metragem, enquanto “Presidente” ganhou o mesmo prêmio na competição internacional. Entre os curtas, o troféu nacional ficou com “Yaõkwa: Imagem e memória” e a disputa estrangeira foi vencida por “A montanha lembra”.
Vencedor do prêmio principal entre os brasileiros, “Os arrependidos”, de Ricardo Calil e Armando Antenore, remonta uma das épocas mais duras da ditadura militar brasileira quando, em 1970, cinco guerrilheiros presos vieram a público renegar a luta armada e elogiar o regime. Com muitas imagens de arquivo da época, o filme mostra como o governo transformou as retratações forçadas em prática de Estado, lembrando o contexto que envolvia perseguições e torturas de jovens militantes.
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O júri internacional ainda concedeu menção honrosa ao documentário animado argentino “Vicenta”. A filmagem feita com bonecos conta sobre o caso de uma mulher argentina que levou até a suprema côrte do país a luta pelo direito de interromper a gravidez da filha, deficiente mental, que havia sido abusada sexualmente por um tio. “Um testamento visceral pelo qual esse direito é tão urgente e básico a experiência feminina”, justificou o júri. Leia mais sobre "Vicenta" aqui.
O curta brasileiro premiado, “Yaõkwa: Imagem e memória”, de Rita Carelli e Vincent Carelli, aborda a preservação da cultura e das tradições ancestrais indígenas através do audiovisual. “A montanha lembra”, coprodução entre Argentina e México dirigida por Delfina Carlota Vazquez, explora as diversas ligações do vulcão Popocatépetl, no México, com a sociedade local.
Na briga pelo Oscar
Por ser reconhecido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográfica de Los Angeles, o troféu dado pelo júri do É Tudo Verdade credencia os documentários vencedores a participar da disputa por uma indicação ao Oscar no próximo ano, tanto entre os longas quanto entre os curtas. Em 2020, o prêmio internacional no festival foi para o longa romeno “Collective”, que no próximo domingo concorre a duas estatuetas em Hollywood: melhor documentário e melhor filme internacional.
O júri da Competição Brasileira de 2021 foi formado por Sandra Kogut, Eduardo Morettin e Daniel Solá Santiago. O júri das competições internacionais tinha Júlia Bacha, Pierre-Alexis Chevit, e Ehsan Khoshbakht.
Além dos prêmios principais, ainda foram distribuídos troféus paralelos. O Prêmio Canal Brasil de Curtas ficou com “Yaõkwa: Imagem e memória”. Os Prêmios EDT (Associação de Profissionais de Edição Audiovisual) foram para “Ser feliz no vão”, de Lucas Henrique Rossi, na categoria curta-metragem, e “Máquina do desejo - 60 anos do Teatro Oficina”, na categoria longa-metragem. O Prêmio Mistika também foi para “Yaõkwa: Imagem e memória”
Assim como em 2020, o festival aconteceu em formato totalmente on-line, por causa da pandemia do novo coronavírus. A abertura havia sido no dia 8 de abril e um total de 70 filmes de 23 países foi exibido exibido, gratuitamente, através das plataformas Looke, Sesc Digital e Spcine Play; no site do Itaú Cultural, no canal do YouTube do Sesc 24 de Maio; no site do É Tudo Verdade; e na TV, pelo Canal Brasil. É possível conferir os filmes exibidos em www.etudoverdade.com.br .
Veja a lista de vencedores:
Melhor Documentário da Competição Brasileira - Longas ou Médias-Metragens
R$ 20 mil e Troféu É Tudo Verdade: “Os arrependidos”, de Ricardo Calil e Armando Antenore
Menção honrosa: “Máquina do desejo - 60 anos do Teatro Oficina”.
Melhor Documentário da Competição Internacional - Longas ou Médias-Metragens
R$ 12mil e Troféu É Tudo Verdade: “Presidente” (Dinamarca / EUA / Noruega), de Camilla Nielsson
Menção horrorosa: “Vicenta” (Argentina), de Dário Doria
Melhor Documentário da Competição Brasileira - Curtas-Metragens
R$ 6mil e Troféu É Tudo Verdade: “Yaõkwa: Imagem e memória”, de Rita Carelli e Vincent Carelli
Melhor Documentário da Competição Internacional - Curtas-Metragens
R$ 6mil e Troféu É Tudo Verdade: “A montanha lembra” (“Puede una montaña recordar”, Argentina / México), de Delfina Carlota Vazquez
Premiação Paralela
Prêmio Canal Brasil de Curtas R$ 15mil e Troféu Canal Brasil: “Yaõkwa: Imagem e memória”, de Rita Carelli e Vincent Carelli
Prêmio Mistika – Melhor Documentário da Competição Brasileira de Curtas-Metragens
R$ 8mil em serviços de pós-produção digital: “Yaõkwa: Imagem e memória”, de Rita Carelli e Vincent Carelli
Prêmios EDT. (Associação de Profissionais de Edição Audiovisual) – Melhor Montagem (Curta e Longa-Metragem): Lucas Henrique Rossi por “Ser feliz no vão” (curta) / Lucas Weglinski e Joaquim Castro por “Máquina do desejo - 60 anos do teatro oficina” (longa)