O time é respeitável: Edgard Scandurra, Andreas Kisser, Dado Villa-Lobos, João Barone, Ivan Lins, Armandinho, Flávio Venturini, Zé Renato, Evandro Mesquita e Bruno Gouveia, entre outros destaques da música brasileira. Todos eles participam do quarto disco da banda capixaba Clube Big Beatles, que se dedica há mais de 30 anos à obra de John, Paul, George e Ringo.
O álbum “Clube Big Beatles e seus sócios – Deluxe” traz 16 faixas, três delas gravadas ao vivo. O repertório reúne 12 canções de Lennon e McCartney, duas de George Harrison e uma preciosidade: a canção folclórica escocesa “My Bonnie”, da fase pré-beatlemania, que fez parte do álbum de estreia do cantor e guitarrista britânico Tony Sheridan (1940-2013), outro convidado dos capixabas.
Naquela gravação, Sheridan estava acompanhado pela banda The Beat Brother, formada por John Lennon (guitarra), George Harrison (guitarra), Paul McCartney (baixo) e Pete Best, o baterista que fez parte dos Beatles por dois anos, foi demitido e substituído por Ringo Starr. Best também participa do tributo gravado em Vitória.
BAÚ
Outra pérola do baú capixaba é “Money (That’s what I want)”, do cantor e compositor norte-americano Barrett Strong, o primeiro a gravar um hit para o selo Motown. Essa canção, lançada pelos quatro cabeludos de Liverpool em 1963, era a última faixa do disco “With the Beatles”.
Edu Henning, integrante da banda capixaba, diz que “Clube Big Beatles e seus sócios” levou 10 anos para ficar pronto. “Esse disco reflete os nossos caminhos musicais”, afirma. Ele destaca as faixas bônus da versão deluxe gravadas ao vivo em Vitória, que contaram com Tony Sheridan, Pete Best e a Banda da Polícia Militar do Estado do Espírito Santo.
“De maneira orgânica e confortável, cada convidado do projeto trouxe sua personalidade para dentro do universo dos Beatles”, explica Henning. As guitarras de Edgard Scandurra, Andreas Kisser e Armandinho, segundo ele, exploram caminhos distintos no repertório da banda.
“Do rock à MPB, cada convidado oferece uma nova experiência ao ouvinte ao longo de 45 minutos. Isso torna ‘Clube Big Beatles e seus sócios’ mais representativo do que apenas um disco de banda brasileira com regravações de canções consagradas de John, George, Paul e Ringo”, defende.
LIVERPOOL
Criado em Vitória, o grupo Clube Big Beatles é reconhecido no Brasil e no exterior, afirma Edu Henning. “Há 26 anos consecutivos nos apresentamos no International Beatle Week, o festival de Liverpool. Nenhuma outra banda de fora da Inglaterra participou tantas vezes do festival como a nossa.”
Além de Henning (percussão, sopros e voz), o grupo é formado por Mark Fernandez (guitarra e teclados), Márcio Yguer (baixo e voz), Marcos Sucupira (guitarra e voz) e Dudu Rossi (bateria e voz).
Clube Big Beatles não é banda cover do quarteto britânico, avisa Henning, argumentando que o grupo apresenta interpretações e arranjos próprios, sem reproduzir os clássicos da maneira como foram gravados. Esse conceito se estendeu aos convidados do disco, que imprimiram a própria marca às faixas que gravaram.
Edgard Scandurra (Ira!), por exemplo, revisita “While my guitar gentle weeps”, Bruno Gouveia (Biquíni Cavadão) comparece em “When I’m sixt-four”, Andreas Kisser (Sepultura) participa de “Get back”, Dado Villa-Lobos (Legião Urbana) de “Ticket to ride”, Armandinho (A Cor do Som) de “Something”, e Ivan Lins de “Eleanor Rigby”.
Baterista do Paralamas do Sucesso, João Barone dá canja em “Money (That's what I want)”, o mineiro Flávio Venturini comparece em “The long and winding road”, e Jerry Adriani canta “I feel fine”. Zé Renato é o convidado em “Nowhere man”, Leo Gandelman em “Come together”, e a Banda da Polícia Militar do Estado do Espírito Santo em “She loves you”.
Os dois convidados estrangeiros são Pete Best, que revisitou sua “My Bonnie”, e Tony Sheridan, com nova versão para “Yesterday”. “Cada um trouxe um elemento, um tempero, uma verdade”, resume Edu Henning.
CARTEIRINHA
O disco está ligado a uma antiga iniciativa da banda capixaba. “Ele é a continuação da história do Sócio de Carteirinha do Clube Big Beatles, projeto que existe há 12 anos em Vitória, apresentado mensalmente no Teatro da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Recebemos 118 artistas brasileiros e estrangeiros dos mais variados estilos para cantar e tocar com a gente”, conta Henning.
“Nesses anos todos, fomos gravando um álbum de estúdio, sempre com alguém colocando voz ou instrumento. Quando me dei conta, já estava com o material todo pronto. Durante a pandemia, partimos para a mixagem e a masterização. Agora estamos lançando o disco.”
O baterista Pete Best veio duas vezes ao Brasil tocar com o Clube Big Beatles. “Aí tem aí todo um peso histórico”, comenta Henning, contando que Tony Sheridan saiu de Hamburgo, na Alemanha, só para se apresentar com os capixabas no Brasil. “Ele fez uma versão de ‘Yesterday’ sensacional, juntando partes de músicas de Lennon e Paul”, destaca.
Ivan no Cavern Club
Ivan Lins, conhecido por seu trabalho na MPB, já tocou duas vezes com a banda Clube Big Beatles no Cavern Club – meca dos beatlemaníacos em Liverpool, na Inglaterra. “Fizemos uma versão de ‘Eleanor Rigby’ com todos os ingredientes possíveis da música latina, principalmente bossa nova. Funcionou muito bem. Quando convidamos o Ivan para gravar nosso disco, ele concordou na hora”, diz Edu Henning.
Andreas Kisser também se apresentou duas vezes com os capixabas na Inglaterra. “Ele trouxe elementos do heavy metal para ‘Get back’. Canta e toca com toda a garra, é o virtuoso do heavy metal”, elogia Henning.
Ele destaca a releitura de Zé Renato para “Nowhere man” e diz que Flávio Venturini fez “interpretação magistral” de “The long and winding road”. Na seara instrumental, elogia as performances de Armandinho (“Something”) e Leo Gandelman (“Come together”).
“CLUBE BIG BEATLES E SEUS SÓCIOS – DELUXE”
Banda Clube Big Beatles
16 faixas
Independente
Disponível nas plataformas digitais