Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Banda paulista Beatles Cordel leva os Fab Four para o sertão do Nordeste

A vontade de unir duas paixões – forró e Beatles – inspirou o álbum do músico, educador e compositor Rafael Beibi com a banda Beatles Cordel. O repertório, que traz oito canções de Lennon e McCartney, chegará às plataformas digitais em 15 de maio.





O personagem central do disco “Beatles Cordel” é um nordestino legítimo: Seu Quité, sertanejo que ouve em seu radinho de pilha a estação que só toca os Fab Four. “Ele se apaixona pela banda inglesa, mas não faz ideia de quem são aqueles cantores”, conta Beibi.

CAUSOS 

A conexão Liverpool-Nordeste tem música, poesia e causos, além de textos de Beibi e do ator Giovani Bruno, que interpreta Seu Quité. Além de Rafael, a banda é formada por Rafael Virgolino (acordeom), Matheus Tagliati (baixo), Alysson Salvador (violão) e Guegé Medeiros (percussão).

No disco, que traz 10 vinhetas-cordéis, as faixas “Radinho de pilha de Seu Quité”, “Um help de dona Socorro”, “Aprendi a palavra lóvi”, “Juntança” e “O assum preto e o blackbird”, entre outras, são intercaladas com “Day tripper”, “Help”, “Love me do”, “All you need is love”, “Come together”, “Blackbird” e “Get Back”.





“Descobri um forró novo/ Meu radinho endoidô/ Aqui neste fim de mundo/ Ninguém nunca encontrô/ Uma estação em inglês/ Mas eu já conto pra vocês/ O que meu radinho tocô./ Tem um tal de João Eleno/ Vocalista dos bendito/ Paulo Macarti, Jórgi Réro/ E por último um nome esquisito/ Chama Ringo o ritmista/ E esses são os quatro artista/ Desse grupo chamado Os Brito!”, diz o cordel de Seu Quité.

Há 15 anos, Rafael Beibi pesquisa e toca forró. Cantor e letrista, ele é cofundador da Banda Zaíra (ex-Dona Zaíra). Nascido em Piracicaba (SP), conta que começou na noite como forrozeiro. “Amo, faço pesquisa e tenho até blog sobre forró, além de compartilhar estudos sobre zabumba no meu canal no YouTube”, diz. Outra influência veio dos Beatles. “Ouço desde criança, eles são grande referência para a minha composição.”

Beibi explica que seu projeto “não é show de Beatles em ritmo de forró”. Diz que a proposta é oferecer “algo especial”. Daí veio a ideia da intervenção de um ator, cujo personagem, beatlemaníaco sem saber, amarra a história. “Seu Quité nunca tinha ouvido aquele forró maluco, quer entender de onde vem aquele som doido”.





“Beatles Cordel” nasceu como show e virou disco de estúdio. “Não é a mesma coisa do palco, porque lá os cordéis são mais longos e há interação com o público. No caso do álbum, reescrevi os cordéis para que ficassem mais enxutos”, explica o compositor.
Canções de Lennon e McCartney ganharam arranjos em clima nordestino. “O disco tem xote, maracatu, ciranda, baião, frevo e arrasta-pé. Tomei cuidado para não estilizar as músicas, para que não soassem alienígenas. Elas têm o mesmo andamento das originais, as melodias não sofreram alteração.”

O projeto começou em 2019, com shows no interior de São Paulo. Em março de 2020, seriam gravados oito vídeos ao vivo destinados às plataformas digitais. Porém, a pandemia atrapalhou os planos.





“Como surgiu a oportunidade de fazer o disco por meio da Lei Aldir Blanc, não quis perder a oportunidade. Gravamos tudo em meu home estúdio”, conta Rafael Beibi. O próximo passo é lançar clipes das canções de “Beatles Cordel”  )

Repertório

» “Radinho de pilha de Seu Quité”/  “Day tripper”
» “Um help de dona Socorro”/ “Help”
» “A venda da Leonor”/ “Love me do”
» “Aprendi a palavra lóvi”/ “All you need is love”
» “Aboio de João Eleno”/ 
“Strawberry fields forever”
» “Juntança”/ “Come together”
» “O assum preto e o blackbird”/ “Blackbird”
» “Os Brito e pilha palito”/ “Get back”

“BEATLES CORDEL”
Disco da banda Beatles Cordel
Oito faixas e 10 vinhetas
Independente
Disponível nas plataformas digitais a partir de 15 de maio

audima