Em Belo Horizonte e Salvador, dois eventos apostam no diálogo da dança com a linguagem audiovisual, em meio à impossibilidade de apresentações presenciais de bailarinos devido à pandemia. Além de performances, estão previstos debates e atividades formativas.
Na quinta-feira (29/4), começa o evento baiano “Vivadança Festival Internacional”, que até 9 de maio apresentará produções do Brasil, Alemanha, França, Moçambique, Senegal, Espanha, Polônia, Togo, Namíbia, Camarões, Níger e Tanzânia.
O continente africano é o destaque da programação. “Temos uma herança muito grande da música e da dança africana na Bahia. Moro numa cidade (Salvador) onde mais de 80% das pessoas são negras”, afirma Cristina Castro, diretora do Vivadança.
A versão africana da coreografia “A sagração da primavera”, da alemã Pina Bausch, será o destaque da abertura, na quinta-feira, Dia Internacional da Dança. Coprodução entre Senegal, Alemanha e Reino Unido, o filme “Dancing at dusk/ Dançando ao anoitecer – um momento com 'A sagração da primavera'” conta com 38 bailarinos de 14 países africanos.
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A diretora do Vivadança diz que a intensa produção em vídeo é um marco na trajetória do evento. “A dança dialoga muito bem com o audiovisual, mas é outro tipo de conteúdo, não é igual ao presencial. A gente abre caminhos, cria novas estradas para a linguagem da dança. Isso vai ser para sempre, não vejo como algo do momento de pandemia”, afirma.
MULHERES
Em cartaz até domingo (25/4), a mostra on-line “Move Concreto! Mulheres e videodança”, promovida pelo Grupo Contemporâneo de Dança Livre, de BH, reúne 25 trabalhos. Desde 16 de abril, a curadoria busca trazer a poética feminina para a tela, confrontando o ambiente predominantemente masculino do cinema e do audiovisual. O evento recebeu cerca de 700 inscrições.“Os artistas exploraram diferentes modos de fazer, seja com equipamentos amadores ou profissionais, por meio de grandes equipes de produção cinematográfica ou com apenas uma realizadora. Há trabalhos com viés mais documental e também de protesto, danças populares, além de linguagens que mesclam corpo e tecnologia. Tem de tudo um pouco”, afirma Duna Dias, idealizadora da “Move”.
Os trabalhos selecionados vieram de 10 estados. A Mostra Principal exibe 15 criações com até 20 minutos de duração, enquanto a categoria Minuto tem 10 vídeos de até 60 segundos. O evento também disponibiliza quatro trabalhos com audiodescrição.
Nove projetos dirigidos por mulheres se destacam: “Corpo de dados” (Thainá de Carvalho), “Fronteira” (Manuela Mares), “Saliva no céu” (Bianca Sanches), “Sem cabeça” (Jennifer Candeias), “CorPoeira” (Kristiany Nascimento), “Chama” (Luísa Machala e Nicole Blach), “Para atravessar o deserto de um dia” (Flaviane Lopes), “Reminiscência” (Diana Ruth Zamorra, Duna Dias e Heloisa Rodrigues) e “Saguaro” (Duna Dias e Socorro Dias).
A videodança faz parte da Move Concreto! desde a primeira edição, mas agora, com a pandemia, ela se tornou o foco da mostra. “Muitas obras já foram feitas nesse contexto (de crise sanitária)”, diz Duna Dias, observando que a linguagem tem suas especificidades. “Não é simplesmente filmar ou registrar a dança, tem de ter a relação entre a imagem e o corpo.”
Neste sábado (24/4), duas oficinas serão realizadas. Às 10h, “Africanidade e videodança: registro de afetos” aborda a representação das corporeidades brasileiras na diáspora. A atividade estará a cargo das pesquisadoras mineiras Anne Caroline Vaz e Rayane Calixto. É necessária inscrição prévia. Das 19h às 21h, será a vez de “Mulheres na videoarte. Corpo e protesto”, ministrada por Amanda Marques. Inscrições estão dispensadas.
“MOVE CONCRETO! MULHERES E VIDEODANÇA”
• Até domingo (25/4). Gratuito. Transmissão pelo canal do Grupo Contemporâneo de Dança Livre no YouTube.
“VIVADANÇA FESTIVAL INTERNACIONAL – EDIÇÃO ON-LINE”
• De quinta-feira (29/4) a 9 de maio. Informações: www.festivalvivadanca.com.br
* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria