Histórica por premiar o longa sul-coreano “Parasita” e ratificar o caminho da diversidade, a cerimônia do Oscar de 2020 também trouxe outro marco, neste caso, bastante desfavorável: bateu recorde de audiência negativa. É diante de vários desafios que a Academia de Ciências e Artes Cinematográficas de Hollywood realiza neste domingo (25/4) a 93ª edição do prêmio.
A cerimônia televisionada tem que provar sua relevância para sua audiência, bem como para Hollywood – enfrentando uma crise sem precedentes diante do fechamento dos cinemas, adiamento de lançamentos e atrasos nas filmagens provocados pela pandemia do novo coronavírus –, mostrar sua história e sua importância, no momento de explosão do streaming.
Postergada em virtude da crise sanitária, a festa será a primeira da temporada 2020/2021 a ser realizada presencialmente – note-se que o Oscar tradicionalmente encerra o período de premiações do cinema.
O adiamento da entrega do prêmio de fevereiro para abril fez com que a cerimônia acontecesse em um momento de otimismo. Quarenta por cento da população de Los Angeles já recebeu a primeira dose da vacina, e a Califórnia registrou, neste mês, a menor taxa de testes positivos dos Estados Unidos para o novo coronavírus.
PROTOCOLOS
O presencial de que se fala é no modelo pandemia, ou seja, com todos os protocolos sanitários e várias adaptações. Pela primeira vez, o centro da festa será a Union Station, onde apresentadores, artistas indicados e seus convidados irão se encontrar. O Dolby Theatre, palco habitual da cerimônia, também estará presente. Haverá ainda transmissões de Londres e Paris.
Sem a possibilidade de videoconferência – em carta aos indicados enviada em março, a Academia afirmou que “não haverá opção de Zoom para a cerimônia” – cada qual fez sua escolha. Com possibilidades de levar o Oscar de melhor ator por “Meu pai”, Anthony Hopkins, que aos 83 anos cumpre quarentena no País de Gales natal, caso leve a estatueta, não fará agradecimento.
Sua colega de elenco, a também indicada Olivia Colman, poderá fazer o discurso em seu lugar, já que estará no palco de Londres. Outros indicados que estarão no Reino Unido são Carey Mulligan (“Bela vingança”), Daniel Kaluuya (“Judas e o messias negro”), Riz Ahmed (“O som do silêncio”) e Vanessa Kirby (“Pieces of a woman”).
VIAGEM
Mas houve também quem pegasse um avião da Europa para Los Angeles para participar da festa, caso do diretor e roteirista dinamarquês Thomas Vinterberg (cujo “Druk: Mais uma rodada” concorre a melhor filme internacional e direção) e da diretora e roteirista britânica Emerald Fennell (seu primeiro longa, “Bela vingança”, concorre a melhor filme, direção e roteiro).
Três nomes estreantes na produção de uma cerimônia do Oscar estão à frente de tudo: o cineasta Steven Soderbergh e os produtores Stacey Sher e Jesse Collins (este último respondeu pelas recentes transmissões do show do Super Bowl com The Weeknd e o Grammy).
A intenção, segundo o trio informou em recente encontro com a imprensa, é a de levar ao telespectador uma “experiência cinematográfica” diferente do que as pessoas tiveram ao longo de mais de um ano trancadas em casa em frente à tela do computador. Entre as interações ao vivo serão exibidas entrevistas pré-gravadas com profissionais tanto da frente quanto de trás das câmeras.
“Temos os recursos, por meio das histórias que os indicados nos contam, para desvendar os detalhes do que torna os filmes tão especiais, por que nos conectamos com eles tão fortemente em todo o mundo”, afirmou Soderbergh.
A Union Station, octogenária estação art déco de trem Los Angeles, passou por recentíssima restauração – o espaço será reaberto para o público somente no dia 29. A área contará com um tapete vermelho (que terá apenas três fotógrafos e número reduzido de jornalistas para entrevistas) e um anfiteatro para a entrega dos troféus – como o formato é todo reduzido, o local vai comportar somente 170 pessoas. “Nós pensamos em maneiras de criar a elegância dos primeiros Oscars”, disse o cenógrafo David Rockwell.
O espaço diminuto levou uma tradição da cerimônia – as apresentações dos candidatos a melhor canção – para outro local. No pré-show “Oscars: Into the spotlight”, que será exibido uma hora e meia antes da festa principal, serão exibidas as cinco canções – quatro delas do telhado do Museu da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que será aberto para o público em setembro.
Quando a cerimônia terminar, haverá um pós-show ao vivo: “Oscars: After dark”, com os apresentadores Colman Domingo e Andrew Rannells, que vão apresentar os destaques da premiação.
Ainda que tentando se aproximar de uma experiência “real” e se distanciar das premiações via Zoom – vide o Globo de Ouro, em fevereiro, de triste lembrança – o Oscar da pandemia vai utilizar todas as regras estabelecidas para as de uma filmagem ou transmissão. Será obrigatória a verificação de temperatura e todos os participantes deverão fazer três testes para COVID-19 nos dias que antecedem a cerimônia.
Só quem estiver na frente das câmeras ficará sem máscaras – em todas as demais situações, a utilização é obrigatória. “Elas são um tópico central para a narrativa”, completou Soderbergh.
GUIA DA FESTA
Confira como será a transmissão e os principais concorrentes à estatueta
Principais indicados
Melhor filme
>> “Meu pai”
>> “Judas e o messias negro”
>> "Mank"
>> "Minari – Em busca da felicidade"
>> “Nomadland”
>> “Bela vingança”
>> “O som do silêncio”
>> “Os 7 de Chicago”
Melhor direção
>> Thomas Vinterberg: "Druk - Mais um rodada"
>> David Fincher: "Mank"
>> Lee Isaac Chung: "Minari - Em busca
da felicidade"
>> Chloé Zhao: "Nomadland"
>> Emerald Fennell: "Bela vingança"
Melhor ator
>> Riz Ahmed: "O som do silêncio”
>> Chadwick Boseman: “A voz suprema do blues”
>> Anthony Hopkins: "Meu pai”
>> Gary Oldman: “Mank”
>> Steven Yeun: “Minari – Em busca da felicidade”
Melhor atriz
>> Viola Davis: "A voz suprema do blues"
>> Andra Day: "Estados Unidos vs. Billie Holiday"
>> Vanessa Kirby: "Pieces of a woman"
>> Frances McDormand: "Nomadland"
>> Carey Mulligan: "Bela vingança"
Melhor filme internacional
>> "Druk – Mais uma rodada" (Dinamarca)
>> "Better days" (Hong Kong)
>> "Collective" (Romênia)
>> "O homem que vendeu sua pele" (Tunísia)
>> "Quo Vadis, Aida?" (Bósnia)
Onde assistir
A transmissão no Brasil começa a partir das 20h pelos canais pagos TNT e TNT Séries e plataformas Globoplay (aberta também para não assinantes) e TNT Go. A Rede Globo exibe edição da cerimônia depois do “BBB”. As redes sociais oficiais do Oscar farão a transmissão via YouTube, Facebook e Twitter. O canal pago E! exibe, a partir das 18h, o tapete vermelho.
A cerimônia
A partir das 21h transmissão ao vivo de Los Angeles (Union Station e Dolby Theatre), Londres (BFI Southbank) e Paris (Canal Plus)
Duração: Três horas de cerimônia para entrega de 23 prêmios
Apresentadores
Angela Bassett, Halle Berry, Bong Joon Ho, Don Cheadle, Bryan Cranston, Laura Dern, Harrison Ford, Regina King, Marlee Matlin, Rita Moreno, Joaquin Phoenix, Brad Pitt, Reese Witherspoon, Renée Zellweger e Zendaya
Pré-festa
Uma hora e meia antes da cerimônia (19h30 no Brasil) será exibido o especial “Oscars: Into the spotlight”, com a apresentação das cinco canções indicadas. Quatro concorrentes farão sua performance do telhado do Museu da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas: Celeste e Daniel Pemberton (“Hear my voice”), H.E.R. (“Fight for you”), Leslie Odom Jr. (“Speak now”) e Laura Pausini e Diane Warren (“Io sì/Seen”). Molly Sandén, da canção “Húsavík”, fará a apresentação da Islândia, diretamente da vila de pescadores de menos de 3 mil habitantes que deu nome à música.