A carreira de prêmios de "Nomadland" chegou ao ponto máximo no domingo passado (25/4), quando o longa obteve as estatuetas de melhor filme, direção (Chloe Zhao) e atriz (Frances McDormand). Mas para as mulheres nômades que inspiraram a produção, muitas delas em situação precária, os dias seguem iguais.
Kathy Wardell passa atualmente pelo estado de Maryland, no Leste dos Estados Unidos, e sua história guarda semelhanças com a de Fern, protagonista de "Nomadland". Aos 56 anos, Kathy começou a viver em tempo integral em seu motorhome em outubro passado.
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Kathy vê ecos da história em sua decisão de se tornar nômade. "Minha vida estava começando a desmoronar. Minha carreira, meu casamento, a doença de minha mãe, que acabou morrendo", conta. Ela comenta que levou vários anos para decidir levantar âncora.
O acampamento é parte de um encontro convocado pela organização RVing Women, que reúne mais de 2.300 membros em todo o país. São mulheres que moram em seus motorhomes, de forma permanente ou ocasional.
A filial local da associação tem 150 mulheres, das quais cerca de 30 se reuniram neste acampamento no fim de semana passado. A maioria tem mais de 50 anos. Segundo Lee Ensor, que coordena esse grupo, 50% das integrantes viajam sozinhas, sem marido, namorado ou outro companheiro.
Vida ao ar livre
Loretta Veney, de 62 anos, se juntou ao grupo RVing Women semanas depois que seu marido morreu de derrame, em 2016, enquanto o casal estava acampando. Ela jurou ao falecido marido que continuaria a viver ao ar livre e apenas trocou o motorhome de 12 metros que tinha com ele por um modelo menor.
"Consegui manter minha palavra, sem me preocupar em fazer isso sozinha", diz Veney.
"Nomadland" mostra mulheres vivendo em veículos mal adaptados e motorhomes remendados. Mas existe uma classe mais rica de viajantes que podem comprar veículos luxuosos por preços que chegam a centenas de milhares de dólares. Essas motoristas não vivem à margem da sociedade.
Kathy Healy, a presidente do grupo local, fala sobre veículos com solo com aquecimento e equipados com mobiliário feito à mão. Seu motorhome, que ela chama de "A Besta" e com o qual viaja com sua esposa, está equipado com som de alta qualidade.
Kathy diz estar realizada com seus primeiros seis meses no trailer. "Houve um tempo em que eu tinha uma casa e gostava dela. Mas agora não quero me preocupar com coisas assim. Eu quero aproveitar a vida."