Jornal Estado de Minas

MÚSICA

'Mãe na pandemia': o protesto bem-humorado de Júlia Tizumba e Luísa Toller


“Quase 8,5 milhões de mulheres deixaram de trabalhar desde o início da pandemia. Para quem cria os filhos sozinha, os retrocessos foram ainda mais profundos: 61% das mães solo do país são negras e a participação feminina caiu 45,8% no mercado de trabalho, o nível mais baixo em três décadas”, diz Júlia Tizumba. Dados como esses inspiraram “Mãe na pandemia”, que a cantora e compositora mineira Júlia Tizumba lançou esta semana e está disponível nas plataformas digitais.





Com letra de Luísa Toller e produção assinada por Neila Khadí, o single tem ritmo de marchinha de carnaval e expõe os desafios da maternidade durante o avanço da COVID-19. Em tom bem-humorado, fala de desemprego, aulas on-line e da falta de privacidade dentro de casa.

“Uma, duas, três jornadas, esse é meu dia a dia/ É que eu sou mãe, mãe na pandemia/ Planejar, fazer, limpar, saudades da boemia/ É que eu sou mãe, mãe na pandemia”, diz um dos versos.

PROTESTO

A canção viralizou em março passado, depois de ser apresentada por Júlia num vídeo. Como tinha convite para lançar um trabalho por meio do selo Colmeia 22, a artista decidiu registrá-la. “Gravei o vídeo entre uma mamada e outra. A letra é meu protesto contra a romantização da maternidade e o agravamento da nossa exclusão social neste momento de isolamento”, explica.





Mãe de Iara, de 5 anos, e Serena, de 7 meses, ela viveu na pele os desafios intensificados pela COVID-19. “Nós, mulheres, não somos só mães. Também somos profissionais, companheiras, filhas, netas e muitas outras coisas que nos sobrecarregam de diferentes maneiras. Na pandemia, isso ficou muito mais acentuado, porque a casa se transformou em nossa vida. É nela que a gente vive tudo, da obrigação ao lazer”, pontua.

Publicar o vídeo nas redes sociais foi uma atitude despretensiosa, sem a intenção de “bombar”, explica Júlia. “É uma forma de mostrar que a gente vai lutar e gritar. É muito confortável invisibilizar o nosso trabalho. Se o Estado destinasse orçamento para remunerar as pessoas que cuidam de outras vidas, seria muito dinheiro. É conveniente não falar sobre isso. Então, essa música, de certa forma, é um ato político”, afirma.

Júlia Tizumba participa do encerramento do Festival Música para Crianças, amanhã (9/5), Dia das Mães, a partir das 10h. Ela se une a Luísa Toller para cantar “Mãe na pandemia” e outras músicas. “Gravamos um vídeo, eu aqui de BH com as minhas filhas, e ela de São Paulo com a filha dela”.





No mesmo dia, o festival promove dois espetáculos. “Canto de passarim”, da Cia. Pé de Moleque, apresenta diferentes pássaros por meio do cancioneiro nacional. “O menino das cem palavras”, do Trio Amaranto, é inspirado no livro homônimo da escritora, cantora e compositora Marina Ferraz. Conta a história de um garoto que gosta muito de falar.

Neste sábado (8/5), o festival oferece, a partir das 10h, os espetáculos “Inventa”, com Rubinho do Vale; “Batuque DiCasa”, com Maíra Souza; e “Na conchinha de cascudo”, com Jhê e Thiago Amud.

Hoje e amanhã, às 16h, serão exibidos os curtas “O som do artilheiro”, de Filipe Parolin; “Chiquinha Gonzaga”, da série “Mytikah: O livro dos heróis”; e “Rock pauleirinha”, de Marcio Nigro.

FESTIVAL MÚSICA PARA CRIANÇAS
Neste sábado (8/5) e domingo (9/5), a partir das 10h. A Mostra de Cinema começa às 16h. Gratuito. Transmissão no canal do evento no YouTube. Instagram: @festivalmusicaparacriancas

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