Filha do compositor Eduardo Gudin, Elisa Gudin lançou o single “Saudade do mar”, canção de Bernardo Diniz que traduz os sentimentos dela a respeito da pandemia. Produção independente, o clipe foi gravado no quintal de sua casa e numa praia de Niterói (RJ), cenários do cotidiano da cantora durante o confinamento social.
“Bernardo postou na rede a canção que havia feito para um festival on-line. Liguei pra ele e disse: ‘Tenho de gravar a sua música, pois ela está expressando tudo o que estou sentindo, a minha conexão com o mar. Estou presa em casa. A única coisa que me tranquiliza é ir à praia às vezes, apenas para dar um mergulho quando ela está bem vazia, naquele horário em que não tem ninguém'”, relembra.
RIO-SP A cantora, de 32 anos, se divide entre São Paulo e Rio de Janeiro justamente por causa do mar. “Com esse single, quis trazer um pouco da minha personalidade, dos meus próprios sentimentos e da minha busca como artista e mulher. Senti-me à vontade para criar, cantar e dançar de uma forma mais minha, acessando lugares onde ainda não havia ido”, conta.
A letra de “Saudade do mar” traz alento nestes tempos de tanto sofrimento por causa da COVID-19. “Sei que a verdade vai curar o mal/ Ai que vontade do tempo passar/ Pois nunca é tarde pra rever o mar”, diz o refrão. O autor, Bernardo Diniz, é parceiro de Paulo César Pinheiro, padrinho da cantora.
Por causa da pandemia, Elisa passou um tempo longe da música. Em agosto de 2019, lançou o EP “O melhor carinho” (Tratore), homenagem a Elton Medeiros, que morreu no mês seguinte. Ela gravou duas parcerias do sambista carioca com seu pai, Eduardo Gudin, “Estrela” e a faixa-título, além de “Sofreguidão”, de Cartola, e “Sorriso”, de Zé Kéti.
“Elton era grandioso nas melodias e nas letras. Na época, meu pai lhe mandou o vídeo que eu tinha feito antes. Ele chegou a escutar alguma coisa, mas, infelizmente, não chegou a ouvir o EP inteiro”, lamenta Elisa.
SHOWS Quando a cantora começava a divulgar esse trabalho, veio a pandemia. “Não consegui mais fazer shows, os que estavam marcados foram cancelados.” Agora ela planeja dedicar um álbum só a Elton Medeiros. “Acho que esse será o meu próximo passo”, diz.
As dificuldades não têm sido poucas para Elisa. “Por enquanto, estou lançando o single e o clipe. Venho tentando patrocínio para conseguir gravar um disco inteiro, mas desde que a pandemia começou, não consegui produzir muita coisa, essa doença mexe com a gente. Eu não toco, não componho. Sou apenas intérprete e por isso dependo de outras pessoas”, comenta.
“Demorei a movimentar alguma coisa dentro de mim”, admite Elisa. Porém, ao ouvir “Saudade do mar”, viu ali “uma ferramenta de esperança”. Participaram da gravação os músicos Bernardo Diniz (violão), Gabriel Policarpo (percussão), João Rafael (baixo acústico) e Federico Pucci (violoncelo).
A formação foi pensada como um diálogo das referências dela: samba, cordas e percussão. Porém, de acordo com Elisa, “Saudade do mar” traz outra pegada em relação a seus trabalhos anteriores. “Não deixa de ter a raiz do samba, com percussão e violão, mas eu queria uma coisa diferente do samba e do choro tradicionais.”
As “dificuldades pandêmicas” estão aí, mas Elisa Gudin prossegue com seus planos. Planeja uma live no final deste mês ou no começo de junho para cantar músicas de Elton Medeiros, além do novo single. O show, claro, terá repertório ligado à sua paixão pelo mar.
“SAUDADE DO MAR”
De Elisa Gudin
Single/Clipe
Tratore
Disponível nas plataformas digitais