Formada somente por mulheres, a big band Jazzmin's levou quatro anos para lançar seu disco de estreia. “Quando eu te vejo” chegou às plataformas digitais no último domingo (9/5), com repertório voltado para a MPB. O registro oficializa o projeto iniciado em 2017 com o objetivo de preencher uma lacuna no mercado musical.
“São Paulo é uma cidade com muitas big bands, mas é raríssimo encontrar mulheres integrando esses grupos”, conta a saxofonista Paula Valente, uma das fundadoras do grupo. “Também sou professora e muitas alunas reclamavam da falta de espaço para tocar. O mercado de música instrumental para as mulheres é muito restrito.”
GERAÇÕES
Pensando nisso, Paula e a pianista Lis de Carvalho decidiram criar a banda feminina reunindo artistas dos universos popular e erudito. Outra característica é o encontro de diferentes gerações.“Temos instrumentistas que estão entrando no mercado de trabalho e outras que já atuam nele há mais tempo. São mulheres de várias idades que se encontram na paixão pela música”, afirma a saxofonista.
Entre as 17 integrantes está a trompista mineira Isabelle Menegasse. A big band também é composta por Marta Ozzetti (flautas), Lais Francischinelli (clarinete), Fabrícia Medeiros (clarinete e clarone), Bia Pacheco (saxofone), Mayara Almeida (saxofone), Tais Cavalcanti (saxofone), Grazi Pizani (trompete), Estefane Santos (trompete), Cindy Borgani (trombone), Sheila Batista (trombone), Carol Oliveira (vibrafone e percussão), Re Montanari (guitarra), Gê Cortes (baixo) e Priscila Brigante (bateria).
Paula Valente explica que o diferencial da Jazzmin's está no fato de a maioria dos instrumentos serem de sopro. “Flautas, clarinete, clarone e trompa dão ao nosso trabalho um som amadeirado. Essa é a sonoridade que inevitavelmente está traduzida no nosso álbum”, afirma.
“Quando eu te vejo” reúne 10 faixas. Oito são autorais. A baixista Gê Cortes compôs “7x1” e “Frevo in changes”. Lis de Carvalho assina “Esperança”. O arranjador e compositor Rodrigo Morte, responsável pela direção musical do disco, compôs a faixa-título, além de “Sevilha” e “O sono do Rio”. “Fácil vem” é de Newton Carneiro e “Passarinho impertinente”, de Nenê.
Duas regravações completam o repertório: “Radamés y Pelé”, de Tom Jobim (1927-1994), e “Doralice”, de Dorival Caymmi (1914-2008). “A ideia inicial era que o álbum fosse totalmente autoral, mas quisemos interpretar essas duas canções, bastante emblemáticas do repertório que a gente apresentava ao vivo”, conta Paula.
Apesar de ter saído só agora em maio, o registro foi gravado durante o carnaval de 2020, ou seja, logo antes da pandemia e das regras de isolamento social. Naquela época, ter 17 instrumentistas reunidas no estúdio não era um problema.
“Não fosse a pandemia, o trabalho teria sido lançado no final de 2020. Quando (a COVID-19) começou, a gente achava que ia conseguir lançá-lo no fim do ano e ainda fazer shows. Como estamos vivendo este momento de incerteza em relação a apresentações presenciais, achamos melhor não esperar”, revela a saxofonista.
A Jazzmin's fará uma série de ações virtuais para substituir as apresentações ao vivo. Nesta quinta-feira (13/5), às 19h, Lis de Carvalho e Paula Valente conduzem roda de conversa sobre a formação de big bands. A transmissão ocorrerá no canal do Museu da Casa Brasileira no YouTube.
SHOW
Em 20 de maio, às 17h, as duas instrumentistas terão novo encontro com o público, desta vez para discutir a presença das mulheres na música. No dia 22, às 16h30, elas se unem às outras 15 integrantes da Jazzmin's para um show on-line. Ambas as atividades serão transmitidas por meio da plataforma Zoom e do canal da Fundação Ema Klabin no YouTube.No dia 24, a partir das 19h, integrantes da big band conduzirão workshop em seu canal no YouTube. Por fim, em 26 de maio, às 20h, o grupo se apresenta novamente, também com transmissão por meio do Zoom e do YouTube.
“QUANDO EU TE VEJO”
• Jazzmin's Big Band
• 10 faixas
• Independente
• Disponível nas plataformas digitais