Jornal Estado de Minas

FOTOGRAFIA

Exposição virtual destaca grandes cenas do Festival de Teatro de Bonecos


Homenagear o bonequeiro Lelo Silva, que morreu em novembro de 2019, aos 53 anos, vítima de câncer, é a proposta do fotógrafo Guto Muniz com a exposição virtual em cartaz no site Foco in Cena. Com 230 imagens, a mostra relembra os 15 anos do Festival Internacional de Teatro de Bonecos de Belo Horizonte, realizado por Lelo e sua companheira, Adriana Focas, fundadores do grupo Catibrum, na capital mineira.





Com 34 anos de trajetória, Guto Muniz é um dos fotógrafos de artes cênicas mais importantes do país. Ele conta que assim que a quarentena começou, retomou a organização de seu acervo, encontrando registros do festival, ainda não catalogados, com fotos dele, Kika Antunes, Nereu Jr. e de Marco Aurélio Prates.

“Uma exposição virtual que pudesse disponibilizar aquelas imagens para o público, neste momento de pandemia, seria uma boa homenagem ao Lelo, que deixou enorme contribuição para o teatro de animação”, afirma Muniz.

O festival criado por Lelo e Adriana expandiu a visão do público belo-horizontino sobre o teatro de bonecos, diz o fotógrafo. “Além do Giramundo, que já é grande referência para nós, BH teve acesso a espetáculos das mais variadas técnicas trazidos por importantes companhias nacionais e internacionais.”





Cia. Pequod (RJ), Cie. Phillipe Getty (França), Cia. La Cònica/Lacònica (Catalunha/Espanha), Teatro Hugo e Inês (Peru) e Cia. Moving People (Reino Unido) são alguns desses grupos.

A mostra on-line funciona como uma espécie de retrospectiva do festival, que foi realizado de 2005 a 2015. “Só em 2012 não houve edição. Foram 15 seguidas”, comenta Guto.

"O som das cores", espetáculo da Catimbrum Teatro de Bonecos (foto: Acervo Guto Muniz/divulgação)


O fotógrafo diz que Lelo Silva e Adriana Focas ofereceram sua arte mágica a Belo Horizonte. “Fiquei impressionado já na primeira edição, porque me foi apresentado um mundo de sonhos. Os bonecos têm uma vida maravilhosa, a gente sente emoção e algo incrível naqueles personagens”, comenta, destacando a variedade de técnicas exibidas no festival, além do surgimento de vários grupos sob a influência dele.

A mostra, que terá caráter permanente, pode ser conferida no Foco in Cena. “Criei o site em 2012 para hospedar meu acervo. Agora, junto dele estará nossa primeira exposição permanente”, informa, orgulhoso. O arquivo digitalizado de Muniz reúne 12 mil imagens de cerca de 800 espetáculos. Ele planeja digitalizar fotos dos cerca de dois mil que registrou.





Guto conta que cerca de 90% das fotos são assinadas por ele. “Tem também (imagens) da Kika Antunes, Marco Aurélio Prates e do Nereu Jr., amigos que trabalharam comigo não só no festival de bonecos, mas também no Festival Internacional de Teatro e outros eventos abertos ao público. Uma equipe que foi sendo construída no decorrer dos anos.”

Durante a pandemia, Guto está ensinando fotografia. “Dar aulas e organizar meu acervo são as duas principais coisas com que lido neste momento. A partir dessa organização, acabaram surgindo ideias. Estou começando a escrever projetos e a rascunhar algumas coisas, tudo ligado à memória das artes cênicas”, revela.

FESTIVAL INTERNACIONAL DE BONECOS: 15 ANOS
Exposição virtual permanente. Fotos de Guto Muniz, Kika Antunes, Marco Aurélio Prates e Nereu Jr. Confira no site Foco in Cena. Acesso gratuito.

MULTIARTISTA
Lelo Silva, fundador do Festival de Teatro de Bonecos (foto: Acervo Guto Muniz/divulgação)

 Lelo Silva era diretor, manipulador, roteirista e dramaturgo, além de criador dos bonecos da Catibrum Teatro de Bonecos, fundada em 1991. O grupo pesquisa técnicas de manipulação, com espetáculos baseados nas manifestações populares brasileiras. A companhia apresentou “Homem voa?”, “O som das cores” e “Dom João – A invenção do Brasil”, entre outras peças. Lelo era também coordenador e curador do Festival Internacional de Teatro de Bonecos (FITB).




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