Jornal Estado de Minas

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Júlia Ribas faz live com a família para comemorar o aniversário de Marku


Filha do músico Marku Ribas, a cantora e compositora Júlia Ribas organizou uma live neste 19 de maio para homenagear o pai, que faria aniversário hoje. Marku morreu de câncer, aos 65 anos, em 2013.





Júlia, a irmã, Lira Ribas, e a mãe, Fátima, se apresentam às 19h30. Rute, neta de Marku, também estará lá. “Será bem afetivo, na sala da casa da Lira. Estaremos aconchegadas, como já estamos desde o início da pandemia. Com certeza, papai comemoraria o aniversário dele. Como não o temos mais entre nós, ficamos com sua obra e seus causos deliciosos”, diz.

Júlia convidou o compositor, multi-instrumentista e produtor musical BID, fundador da banda Funk Como Le Gusta, e os poetas paulistas Allan Rosa e Rafael Queiroz para a live. Logo depois, estreia o videoclipe da Babadan Banda de Rua sobre a memória de Marku, do qual Júlia participa como cantora convidada.

“Encerraremos com o BID, que lançará um disco de inéditas de papai. Os dois foram grandes amigos”, adianta ela.

INDEPENDENTE 
Cheia de projetos para 2021, a cantora e compositora mandou para as plataformas o EP independente “Tempo”. Entre as cinco faixas, há três autorais, parcerias dela com João Luiz Nogueira. As outras são os clássicos “Mistério da raça”, de Luiz Melodia, e “O morro não tem vez”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.





“A música de abertura, ‘Feliz, por que não?’, está entre as classificadas para o 8º Prêmio da Música de Minas Gerais”, orgulha-se Júlia. Trata-se de uma produção dela, Felipe Fantoni e Fernando Merlino, que foi pianista da cantora Leny Andrade por mais de 20 anos. “O clipe ficou lindo e está à disposição no meu canal no YouTube. Todo o trabalho foi feito com muito carinho”, diz.

A artista mineira vem organizando suas composições e poemas há três anos. “Eles traçam narrativas, vivências e experiências de mulheres em situações de sofrimento, tendo sempre a esperança como ‘menu-base’”, explica.

Se não fosse a pandemia, Júlia estaria fazendo turnê nos Estados Unidos, Alemanha e Áustria para divulgar o EP “De volta pra casa”, lançado no final de 2019. Mas ela não perde o pique. “O tempo” reúne Jimmy Duchowny (bateria), Nick Payton (clarineta e sax), João Luís Nogueira (guitarra e violão), Felipe Fantoni (baixo e produção), Fernando Merlino (piano), Arthur Rezende (bateria), Pedro Surubim (violão) e Breno Mendonça (sax-alto). “A capa é de Pedro Surubim sobre uma arte de Bella Diniz”, afirma.





A chegada da COVID-19 impactou a vida da família Ribas, formada por artistas. “No início deste ano, fizemos o Festival Jazz de Montanha, que foi maravilhoso, trazendo remuneração que nos ajudou por alguns meses”, revela. “Graças a Deus, estamos lutando bravamente para não sucumbir em meio a toda essa loucura. É claro que a arte nunca dependeu de um contexto histórico, pois vem sobrevivendo de maneira digna e divina com a passagem dos séculos. Neste momento não será diferente.”

Todos os artistas tiveram de se reinventar diante do cancelamento de shows e turnês – com Júlia não foi diferente. “Desengavetei muita coisa na busca de não sucumbir em meio a tantas adversidades”, revela. “Não posso deixar de mencionar o movimento colaborativo dos músicos que trabalham comigo: Felipe Fantoni, Pedro Melo Surubim, Artur Resende, Jack Will, Fernando Merlino e Nestor Lombida”, diz, agradecida. 'Tempo' foi produzido a distância, colaborativamente.

Entre os planos para 2021 está o álbum de poemas musicados “Lágrima seca”, que, segundo Júlia, será lançado “se tudo fluir” em termos de editais e leis de incentivo. “É poesia inspirada nas minhas vivências e experiências com mulheres no sistema penitenciário”, adianta, dizendo que elas “exalam o doce perfume de saber que há vida após a dor”. Os vocais são da atriz Lira Ribas.





SERTÃO 
Boa parte da inspiração veio do sertão cearense. “Pude experimentar a vida ordinária ali, o cotidiano junto daquelas mulheres, com quem aprendi muito. Tive a oportunidade de conhecer Maria da Penha e de me aproximar de histórias de mulheres sofridas”, conta.

“Lágrima seca” terá uma parte musical gravada ao vivo. “Já fizemos o violão e agora terminaremos as percussões, restando mixar, masterizar e montar o álbum. Temos de fazer ainda toda a estrutura para que ele possa caber nas playlists, com Lira declamando e eu cantando. Também toco flautas de bambu. Os poemas são todos meus. É um disco independente, gravado por meio da Lei Aldir Blanc”, conclui Júlia.

(foto: Pedro Surubim/Bella Diniz )
“TEMPO”
.De Júlia Ribas
.EP independente
.Cinco faixas
.Disponível nas plataformas digitais

ANIVERSÁRIO DE MARKU RIBAS
Live com Fátima, Júlia, Lira e Rute Ribas, BID, Allan Rosa e Rafael Queiroz. Nesta quarta (19/5), às 19h30, no canal de Marku Ribas no YouTube.




Família organiza o acervo de Marku Ribas (foto: Carlos França/divulgação)

Festivais na agenda

Depois de oito anos sem Marku Ribas, a família está organizando todo o acervo do cantor, compositor e instrumentista mineiro, um dos pioneiros do samba-rock. “Estamos em conversação com a Rede Minas, propondo a exibição do Festival Minas Canta Marku, que realizamos em 2019. Em breve, faremos o festival virtual Pirapora canta Marku”, informa Júlia Ribas.

“Depois de sete anos de luta, eu e minha irmã Lira sacudimos a poeira e começamos, com auxílio da lei de incentivo, a trabalhar na obra markuniana. Já estamos na parte de fotografia, com uma assessoria jurídica que nos ajuda a dar os próximos passos”, revela.

“Estamos felizes, apesar das dificuldades que temos enfrentado durante a pandemia. Continuamos vivos e temos de produzir, porque aqui nesta família a gente enverga, mas não quebra”, afirma Júlia.

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