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Com mortos-vivos mais espertos, 'Army of the dead' chega à Netflix


Um surto de zumbis toma conta de Las Vegas e obriga o governo norte-americano a isolar a área. As autoridades decidem soltar uma bomba nuclear para exterminar o exército de mortos-vivos, enquanto um grupo de mercenários tem 32 horas para arriscar a última cartada de sorte na “cidade dos pecados”: roubar US$ 200 milhões depositados em um cofre de um cassino abandonado. No entanto, a tropa de zumbis – mais inteligente e organizada do que se podia esperar – não dará vida fácil aos intrusos. 





Essa é a premissa de “Army of the dead: Invasão em Las Vegas”, longa de Zack Snyder que estreia nesta sexta-feira (21/5) na Netflix. Mesclando humor, drama e muita ação, o roteiro procura fugir de alguns clichês típicos das tramas de zumbis. 


O protagonista Scott Ward (Dave Bautista) tenta se reaproximar da filha Kate (Ella Purnell), após a tragédia que abalou a família, sendo esse o pano de fundo da perigosa jornada dos mercenários, que arriscam a vida para garantir seus milhões de dólares antes da explosão de Las Vegas. 

Depois de anos operando no universo dos super-heróis, Zack Snyder retorna à temática dos zumbis de seu primeiro longa-metragem, "Madrugada dos mortos” (2004), remake do clássico de George A. Romero de 1978. Ao se destacar com “300” (2006), no qual dirigiu o brasileiro Rodrigo Santoro, o cineasta norte-americano assumiu grandes produções da DC Comics, como "Watchmen" (2009), “Batman vs Super-Homem” (2016), “Esquadrão Suicida” (2016), Liga da Justiça (2017), “Mulher-Maravilha” (2018) e “Aquaman” (2018). 





Em seu primeiro projeto para a Netflix, ele finalmente teve a oportunidade de propor uma ideia original para um filme, inspirado em clássicos aos quais cresceu assistindo, como “Fuga de Nova York” (1981), e nas sagas “Planeta dos Macacos” e “Aliens”.

Intérprete do protagonista da história, Dave Bautista diz que o filme lhe deu oportunidade de explorar outras facetas de seu talento de ator (foto: Netflix/Divulgação)
FASCÍNIO 
“Sou meio fascinado pelas regras desses filmes (de zumbis) e o que o público definiria como verdade ou uma espécie de ideia de frequência, como até onde o espectador iria conosco neste mundo. Foi assim que começou (a produção do filme)”, descreve Zack Snyder, em encontro virtual com a imprensa latino-americana realizado em 6 de maio último.

Quando lançou "Madrugada dos mortos”, o diretor criou o mote inicial de “Army of the dead”. No entanto, ele acreditava que não poderia voltar a fazer outro filme de zumbi naquele início de carreira. Zack e sua esposa, Deborah Snyder, decidiram desenvolver o roteiro para outro diretor, mas o projeto não foi para a frente, já que o orçamento era alto demais. O casal deixou a ideia guardada na gaveta. 



“Parecia o momento errado (de produzir o filme). Todos esses anos se passaram, e nós acabamos fazendo um monte de filme de super-heróis e brincando nesse playground. Estávamos tentando descobrir o que faríamos a seguir, e me lembro de Zack dizendo: ‘E o exército de zumbis? Podemos dar uma olhada nisso, porque já passou bastante tempo e acho que posso fazer isso’”, contou Deborah Snyder, produtora de “Army of the dead”. 

Zack Snyder fez a proposta do novo filme para a Netflix, que concordou com a ideia e reservou um orçamento de US$ 70 milhões (R$ 370 milhões) para a produção. O diretor decidiu reescrever o roteiro original, ao mesmo tempo em que preparava a produção, trazendo novos elementos para a trama. 

“Claro que o roteiro evoluiu, porque eu estava diferente; seus olhos anunciam os anos que passaram. Então é um tipo diferente de perspectiva”, afirma Zack. As experiências de vida e da bem-sucedida carreira de cineasta contribuíram para o diretor balancear diferentes gêneros – como ação, drama e comédia – dentro da premissa do exército de zumbis. Nesse processo, o contexto de reaproximação entre um pai e uma filha conquistou parte importante da trama. 



PATERNIDADE 
“Apenas pelo relacionamento que tenho com meus filhos e pelo fato de ser pai, sinto que essa parte do filme realmente se tornou muito mais importante para mim do que talvez fosse 15 anos atrás”, afirma. Zack Snyder, de 55 anos, e Deborah Snyder, de 58, estão casados desde 2004 e têm dois filhos.  

Mas não é somente a paternidade que ganhou destaque no roteiro. Cada integrante do grupo de mercenários tem um motivo distinto para arriscar a vida na missão. Para Snyder, o aspecto emocional dos personagens se tornou o coração do filme. 

“No final, a peça central do filme se tornou o lugar onde cada personagem está emocionalmente. Ainda que você possa dizer ‘é um filme de zumbi’, realmente, no fim das contas, é um filme de personagens de várias maneiras”, afirma ele. 

O protagonista Dave Bautista diz que o diretor promoveu a união do elenco no set e deu oportunidade para que cada ator se destacasse na trama. “Acho que a espinha dorsal do filme é realmente o relacionamento entre Scott e Kate, mas não sinto que minha história ofusque o resto. Todo mundo teve um momento para brilhar, todos os personagens são muito fortes e foram tratados de forma delicada”, diz o ator. 



Com elenco muito diverso, a experiência poderia ser "um desastre", mas resultou na união de todos no set, segundo Dave Bautista (foto: Netflix/Divulgação)

QUÍMICA 
“Era um elenco tão diversificado, poderia ser um desastre se não tivéssemos uma química tão grande. Todo mundo simplesmente se fundiu muito bem, então isso acabou criando uma história completa na qual ninguém realmente se destacou. A paciência e a química foram tão grandes que todos tiveram seu momento de brilhar.”

Dave Bautista é conhecido por papéis em grandes filmes de ação, como “Guardiões da galáxia”, “Vingadores: Ultimato”, “Blade runner 2049”, “007 – Contra Spectre” e “Rota de fuga 2”. Para ele, “Army of the dead” se diferencia das experiências anteriores por revelar outras qualidades suas como ator, sendo o que lhe atraiu no projeto. 

“Quando ouvi falar do filme pela primeira vez, não fiquei muito interessado porque ele me foi descrito como um filme de zumbis, e isso não era o que eu procurava. Eu estava realmente decidido a me provar como ator. Quando descobri que Zack estava interessado em mim como Scott, li o roteiro e era completamente diferente do que pensei. Essa era a oportunidade de realmente mostrar todos os lados diferentes de mim”, afirma. “Foi uma história de redenção para mim.”



O ator procura deixar de lado a rivalidade DC vs Marvel e diz que há muito tempo queria trabalhar com Zack Snyder. A experiência não o decepcionou, segundo diz. Ele conta que o diretor parecia fazer parte do elenco, ao ficar sujo e suado junto com os atores nas gravações, em meio ao calor do verão do Novo México (EUA).“Nunca experimentei esse vínculo com um diretor em um filme antes. Então, foi uma experiência especial e aprendi muito com ela. Somos estudantes, aprendemos com pessoas que são melhores e mais experientes do que nós. Zack me levou para a escola.  Recebi a formação e a direção do Zack, algo que levo comigo e que me servirá ainda quando começar a fazer filmes.”

"Army of The Dead: Invasão em Las Vegas"
Direção: Zack Snyder. Roteiro: Zack Snyder, Shay Hatten e Joby Harold. Com Dave Bautista, Richard Cetrone e Michael Cassidy. Estreia nesta sexta-feira (21/5), na Netflix. 

*Estagiário sob supervisão da editora Silvana Arantes





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