"Muitos artistas usarão (o valor do prêmio) como ponto de partida para um trabalho independente, mais profissional, para gravar. Mas eles confessam que o mais importante é a janela, o palco"
Gleizer Naves, fundador e organizador do Fenac
Estão abertas as inscrições para o 51º Festival Nacional da Canção (Fenac) em busca de novos talentos da música brasileira. O evento acontece de forma inédita em Passos, no Sudoeste mineiro, entre 3 e 6 de setembro, distribuindo R$ 70 mil em prêmios. Os interessados devem enviar sua música até 16 de junho, por meio do site www.festivalnacionaldacancao.com.br.
A seleção permite a inscrição de artistas brasileiros e do exterior, desde que a faixa seja autoral e cantada em português. Quarenta e cinco canções serão classificadas para a fase final e apresentadas ao público de forma virtual, durante os três primeiros dias do evento. Os 10 primeiros colocados se apresentam novamente em 6 de setembro e serão contemplados com no mínimo R$ 2 mil, além do troféu Lamartine Babo. O melhor intérprete será premiado com o mesmo valor.
A quantia de R$ 70 mil em premiações é menor em relação às edições presenciais devido às consequências da pandemia de COVID-19 no setor musical. Por outro lado, os vencedores receberão valor maior em comparação com os eventos anteriores. Os cinco primeiros colocados ganham, respectivamente, R$ 20 mil, R$ 15 mil, R$ 10 mil, R$ 7 mil e R$ 3 mil. Do 6º ao 10º classificados, cada um receberá R$ 2 mil.
Gleizer Naves, fundador e organizador do Fenac, destaca a relevância da iniciativa para os artistas durante a pandemia. “Não tenho dúvida nenhuma de que a premiação é importante. Muitos artistas usarão (o valor do prêmio) como ponto de partida para um trabalho independente, mais profissional, para gravar. Mas eles confessam que o mais importante é a janela, o palco”, revela.
Segundo Naves, mesmo na ausência de premiação, o Fenac é fundamental para a carreira musical dos participantes ao possibilitar o encontro com diferentes profissionais do meio. “Já vi muitos casos de músicos do Nordeste fazendo parceria com um do Rio Grande do Sul, outro de São Paulo, que passam a fazer trabalhos juntos. Esse intercâmbio cultural (promovido pelo Fenac) é sensacional”.
Considerado o maior festival de música do país, o Fenac surgiu em Boa Esperança, no Sul de Minas, em 1971, inspirado pelo sucesso dos festivais da TV Record, que revelaram grandes compositores e intérpretes brasileiros na década de 1960. Em mais de 50 anos, o evento abriu espaço para a música brasileira e revelou novos talentos no país, mesmo após o fim dos festivais televisivos.
Devido à pandemia do coronavírus, em 2020, o festival aconteceu pela primeira vez em formato on-line, assim como a edição especial para comemorar os 300 anos de Minas Gerais, realizada em abril deste ano. Nessa experiência, Gleizer observou que a troca e a confraternização entre os concorrentes ainda foi possível de forma virtual.
“A proximidade das pessoas é muito grande hoje, mesmo pela internet. Então, existem dezenas de grupos de artistas (na web) e eles mantêm o intercâmbio, inclusive quando o festival é on-line. No ano passado, por exemplo, eu me lembro de que recebia mensagens das pessoas dizendo que 15 pessoas assistiam ao festival em conjunto, cada um em sua cidade, ao mesmo tempo”, descreve.
Em 2021, o festival acontecerá em Passos. Até então, a final sempre foi realizada em Boa Esperança, mas, devido às consequências da pandemia, a prefeitura local não teve condições financeiras de viabilizar mais uma edição na cidade.
Já o 51º Festival Nacional da Canção acontece em formato híbrido. As apresentações das canções seguem em formato on-line, enquanto as atrações de dança, artes circenses, música erudita e instrumental ocorrem presencialmente. O público pode acompanhar por meio do YouTube. A apresentação do evento será dos jornalistas da TV Alterosa Rafael Silva e Grazi Raposo.
As atrações desta edição ainda não estão confirmadas. “Assim que começarem a aparecer os patrocínios, eu espero que dentro de um mês a gente possa começar a fechar os contratos (das atrações). Tenho muita esperança de ter um patrocínio mais vultoso para que eu possa, inclusive, contratar um show bacana, de renome, porque todos os anos nós fizemos isso”, aponta Gleizer. Renato Teixeira, Almir Sater e Paralamas do Sucesso são alguns dos artistas e bandas que já se apresentaram no Fenac.
SELEÇÃO DAS MÚSICAS
A seleção das 45 canções finalistas é feita por uma equipe convidada pelos organizadores, que inclui o Conservatório de Música de Varginha. Na última edição, o festival recebeu aproximadamente 1.600 inscrições, sendo cerca de 150 delas do exterior. Em 2019, foi viabilizada a participação de artistas internacionais de forma on-line no evento e, na primeira experiência, a banda ucraniana Paradush ficou em terceiro lugar, com a canção “No meio do mundo”.Gleizer Naves lamenta apresentar mais uma edição do Fenac com ausência de público. Por outro lado, conta que está com uma expectativa enorme de afetar positivamente as pessoas de maneira remota, em meio ao período de isolamento social. “Acho que é este o objetivo: nós temos que pegar a música popular brasileira e apresentá-la num formato de espetáculo que cause encantamento”, conclui.
*Estagiário sob supervisão da subeditora Tetê Monteiro
51º FESTIVAL NACIONAL DA CANÇÃO – FENAC
Inscrições abertas até 16 de junho, no site www.festivalnacionaldacancao.com.br, onde também consta o regulamento do festival. O Fenac será de 3 a 6 de setembro, em Passos, e transmitido de forma gratuita ao público por meio do canal do YouTube do evento. Serão distribuídos R$ 70 mil em prêmios