Com mais de 60 anos de carreira, o compositor, arranjador, tecladista e acordeonista Célio Balona está feliz por conseguir realizar o velho sonho: gravar um disco autoral com os amigos pianistas. Túlio Mourão, Christiano Caldas, Marilton Borges e Clóvis Aguiar participam do novo álbum, além do baixista Kiko Mitre e do baterista Pingo Balona.
“Célio Balona & Convidados” (Tratore) chegará às plataformas digitais na sexta-feira (28/5). “Algumas músicas são inéditas, compostas recentemente. Outras antigas”, comenta. Gravado em abril no estúdio Murillo Corrêa e Cia., em BH, o álbum traz arranjos do próprio Balona.
“Meu objetivo era contar com a participação de pianistas com quem havia tocado. Com Túlio, tenho trabalho em duo. Com o Chris, já fiz quarteto e quinteto. Eu e o Clóvis fizemos o ‘Projeto Brasil’. Já com o Marilton foram inúmeros bailes e shows ao longo dos anos”, diz Balona. “Queria um documento da alegria que sempre tive de tocar com eles.”
DUO
Com Christiano Caldas, ele fez duo de piano (“Choroso” e “Um amor tão leve”). Marilton gravou “Corpo de baile” e “Tudo de mim”. Clóvis participou de “Choro nº 1” e “Cantiga para Stella”, dedicada à neta de Balona. Túlio Mourão é o convidado em “Imagens” e “Canção do adeus”. “Toquei piano acústico em 'Noturno', que compus em homenagem a minha mãe”, diz Célio.
O instrumentista ressalta a participação de Murillo Corrêa, que gravou, mixou e remasterizou “O velho e o novo”, “Cantiga para Stella”, “Choro nº 1”, “Tudo de mim”, “Choroso”, “Um amor tão leve” e “Corpo de baile”. Na casa de Túlio Mourão, “Imagens” e “Canção do adeus” foram gravadas pelo violonista e compositor Renato Saldanha, enquanto “Noturno” foi registrada por Dirceu Cheib no Estúdio Bemol, com mixagem e masterização de Murillo.
Pingo Balona, filho de Célio, tocou tabla em “O velho e o novo”; o contrabaixo acústico em “Corpo de baile” é de Kiko Mitre.
“É um álbum de melodias. Doce, sem ser açucarado, e simples, sem ser simplório. A participação de todos foi extremamente positiva, linda. Cada um contribuiu com seu talento para que a gravação ficasse da forma como queríamos. Fiquei muito feliz”, comenta Balona, ressaltando o empenho do produtor Márcio Souza.
Outro parceiro é Murilo Antunes, no bolero “Corpo de baile”. “Murilo colocou uma letra linda, mas como fiz um disco só instrumental, a letra, infelizmente, ficou de fora”, explica o “anfitrião” do disco.
O projeto foi realizado durante a pandemia. “Tive a oportunidade de fazer o disco através da Lei Aldir Blanc, que nos ajudou muito nesta época com todo mundo sem trabalho. Quem dera tivéssemos mais leis assim. A cultura no Brasil precisa de ajuda e não pode ser tratada da maneira como está sendo”, lamenta Balona.
As gravações foram presenciais, em salas separadas e seguindo protocolos sanitários, informa. “Gravamos no estúdio do Murillo. Todo mundo de máscara, mas sempre olhando na cara do outro na hora de tocar.” A exceção foi Túlio Mourão. “Gravamos na casa dele por causa de um piano de cauda maravilhoso que tem lá. Quem fez a gravação foi Renato Saldanha, ótimo violonista.”
"Balona atravessou este mundo com canções, com a música instrumental, com a carreira solo, além de improvisos. Tem a capacidade de se renovar"
Túlio Mourão, compositor e instrumentista
PAQUISTÃO
Aos 82 anos, Célio Balona se adaptou aos novos tempos e não pensa em lançar disco físico. “Não está valendo muito a pena, pois a maioria das pessoas migrou para as plataformas digitais. Hoje, você faz um disco, joga nas plataformas e ele estará no mundo inteiro. Uma pessoa lá no Paquistão pode ouvir a sua música”, comenta.
Marilton Borges revela que temeu não conseguir gravar, pois está parado há um ano por causa da pandemia. “Não é fácil. Se ficamos muito tempo sem tocar, os dedos vão enrijecendo.” Porém, não comentou a preocupação com o amigo. “Depois da gravação, saí do estúdio um pouco receoso, achei que tinha pisado na bola. Fiquei com aquele grilo na cabeça até a hora em que vi o anúncio do lançamento na internet. Na chamada, apareço tocando teclados. Fiquei aliviado e feliz.”
Túlio Mourão destaca o trânsito de Célio Balona com artistas de várias idades. “O fato de ter sido líder de uma grande banda de baile por muitos anos lhe trouxe uma vivência, uma capilaridade. Ele rodou o estado, viajou pelo país e pelo mundo. Sua carreira carrega um significado muito grande. É uma pessoa generosa, extremamente aberta, que não se fechou em nenhum caminho específico”, diz. “Balona atravessou este mundo com canções, com a música instrumental, com a carreira solo, além de improvisos. Tem a capacidade de se renovar.”
“CÉLIO BALONA & CONVIDADOS”
.Disco instrumental de Célio Balona
.Tratore
.10 faixas
.Disponível nas plataformas digitais