Jornal Estado de Minas

MÚSICA

Megafestivais voltam ao palco no exterior, mas continuam adiados no Brasil


Foo Fighters, Post Malone, Miley Cyrus e outras dezenas de atrações estão confirmadas para se apresentar – in loco e para milhares de pessoas – na versão norte-americana do Lollapalooza, de 29 de julho a 1º de agosto, em Chicago. Ao contrário da edição brasileira, marcada para abril de 2020 e adiada três vezes por causa da pandemia (a última para a otimista data de março de 2022), nos Estados Unidos, o reencontro com o público já é realidade.





Otimista com a expressiva redução de casos da COVID-19 no país, que vacinou com duas doses 130 milhões de pessoas (40% da população), o Lollapalooza vende ingressos desde 18 de maio. Cem mil pessoas são esperadas no Grant Park. No entanto, será obrigatória a apresentação do comprovante de vacinação ou do teste negativo de COVID feito até 24 horas antes de cada dia de show.

Com previsão de vacinar 70% da população adulta até julho, como anunciou o presidente Joe Biden, megaeventos já se preparam para receber o público. O Riot Fest, um dos maiores festivais do mundo voltados para o punk rock e rock alternativo, anunciou poderosa seleção de atrações, destacando-se Faith No More, Smashing Pumpkins, Pixies e Nine Inch Nails. Os shows ocorrerão de 17 a 19 de setembro, com ingressos já esgotados para o terceiro dia. A previsão é receber 50 mil pessoas.

Nos EUA, a lista de supereventos confirmados para o segundo semestre inclui o Governors Ball. Cancelado em 2020 e considerado um dos maiores de Nova York, o festival, realizado há 10 anos, está marcado para 24 a 26 de setembro. Subirão ao palco Billie Eilish, Post Malone e J Balvin. Parte dos lotes de ingressos já acabou.





“Construir uma recuperação para todos nós significa nos reconectar a eventos icônicos que fazem de Nova York o maior destino turístico do mundo”, disse o prefeito Bill de Blasio, em comunicado sobre o festival.

Outros eventos de grande porte nos EUA anunciaram agendas recentemente. Nem todos adotaram o rigor do Lollapalooza em relação à exigência de testes e vacinação.

Dave Grohl, que fez o show beneficente ''Vax live'' na Califórnia, neste mês, é uma das atrações do Lollapalooza, em julho (foto: Valerie Macon/AFP %u2013 2/05/21)

SEM MÁSCARAS

Na Oceania, onde a COVID-19 foi controlada, shows com dezenas de milhares de pessoas ocorrem desde março, quando a banda Midnight Oil tocou na Austrália para 13 mil espectadores, sem máscaras ou medidas restritivas.

Na Nova Zelândia, a banda local Six60 lotou estádios para 30 mil e 50 mil pessoas. O país de 4,9 milhões de habitantes registrou apenas 26 mortes desde o início da pandemia.

Na Europa, a cautela vem pautando a volta de megaeventos. Testes foram realizados em shows com até 5 mil pessoas e aferição posterior dos espectadores. Em Barcelona, na Espanha, no fim de março, a taxa de contágio praticamente nula surpreendeu.





Em Liverpool, na Inglaterra, o festival Covid Trial, realizado no início de maio, fez parte do projeto do governo para avaliar medidas a serem adotadas a partir de 21 de junho, quando serão suspensas as principais restrições relativas ao coronavírus.


… Tão longe

Pandemia obrigou Roberto Medina a adiar o Rock in Rio para setembro de 2022 (foto: Mauro Pimentel/AFP %u2013 27/9/19)
No Brasil, onde apenas 18,5 milhões de pessoas (8,8% da população) receberam as duas doses da vacina e não há previsão concreta sobre quando os adultos estarão totalmente imunizados, fica difícil pensar em festivais de música em 2021.

Além do Lollapalooza, que trabalha com a previsão de ocorrer de 25 a 27 de março, em São Paulo, o Rock in Rio ficou para 2022. Programado para 2021, o tradicional festival carioca foi remarcado para 2 a 11 de setembro do ano que vem.





“O Rock in Rio mobiliza pessoas dentro e fora da Cidade do Rock. Recebemos turistas de absolutamente todos os estados brasileiros e do Distrito Federal, além de mais de 70 países. São 28 mil pessoas trabalhando para levar festa e alegria para as 700 mil pessoas que nos visitam. Vamos preservar vidas neste momento”, disse Roberto Medina, presidente e idealizador do festival, em comunicado oficial sobre a nova data.

Ainda não há confirmação das atrações internacionais para 2022 nem data para o início da venda de ingressos. A presença de artistas estrangeiros no Rock in Rio dependerá de condições favoráveis ao trânsito internacional de cidadãos.

MINAS

O Sarará, um dos mais importantes festivais mineiros, enfrenta problema semelhante. Geralmente realizado no fim do inverno, ele não ocorreu em 2020. Diante de incertezas em relação à abrangência da vacinação, a próxima edição foi anunciada para 27 de agosto de 2022.




“Sonhamos com o que planejamos, um evento presencial, físico, mas as perspectivas variam o tempo inteiro. Estamos de olho na progressão da vacina e nos índices de casos e ocupação hospitalar, mas também no que acontece a partir de agora no resto do mundo, em como será o processo de sanitização de eventos que voltam a ocorrer lá fora”, afirma Bell Magalhães, diretora-executiva do evento.

Em 2019, o Sarará recebeu cerca de 40 mil pessoas na Esplanada do Mineirão. Bell diz que o festival tem compromisso com o público e não será feito “a qualquer custo”. A data marcada é apenas uma referência. “Seguimos de olho na ciência, mas é um limbo. No início deste ano, tínhamos o planejamento de acontecer em 2021, mas mudamos várias vezes. A expectativa é fazer (o festival) com público em agosto de 2022.”

A logística sanitária traz desafios. “Não sabemos ainda se o Sarará será exatamente igual a antes. Precisamos saber, por exemplo, se teremos de testar o público, se será o caso de exigir cartão de vacinação, se haverá estrutura para testar 50 mil pessoas de uma só vez em BH. Não somos aventureiros para propor festival para uma multidão sem que ele seja totalmente seguro”, afirma Bell.





O Meca Inhotim, que costuma atrair milhares de pessoas para o museu a céu aberto em Brumadinho, na Região Metropolitana de BH, é outro em compasso de espera.

“O contexto atual da pandemia segue pedindo cautela e responsabilidade com a segurança de todos. Por isso, com as informações que temos até o momento, decidimos que adiar a edição do Meca Inhotim para o ano que vem é o melhor a ser feito”, diz o comunicado que anunciou nova data para 14 e 15 de maio de 2022.

Programada para maio de 2020 com shows de Milton Nascimento, Emicida, Johnny Hooker e Mariana Aydar, a sexta edição do Meca chegou a ser marcada para junho deste ano. O adiamento se deve ao agravamento da COVID-19 no primeiro trimestre. Ingressos já adquiridos permanecerão válidos.

O Breve Festival ainda mantém a esperança de ser realizado em 2021. Marcado para maio de 2020, com O Grande Encontro (Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo), Ney Matogrosso, Orishas e Racionais MCs, o evento foi adiado sucessivamente. No momento, está anunciado para 7 de agosto deste ano, no Mineirão.





Porém, tudo depende das condições sanitárias. “O evento só será realizado quando for seguro para todos. Estamos acompanhando de perto o andamento da pandemia e da vacinação, estudando possíveis cenários, inclusive nova data. Caso seja necessário adiar, ingressos comprados continuarão valendo”, afirma Guilherme Rabelo, um dos sócios da Box Entretenimento, empresa responsável pelo Breve.

MIGRAÇÃO

Diante da reabertura do mercado de shows no exterior, artistas articulam apresentações em outros países. É o caso das duplas Zé Neto & Cristiano e Jorge & Mateus, dois dos 10 nomes mais ouvidos no Spotify brasileiro em 2020. Em 4 e 5 de setembro, os sertanejos vão cantar no Summer Festival, em Miami e Boston, nos EUA. Ingressos custam a partir de US$ 115 (R$ 611).

Se os sertanejos fizeram sucesso com as lives, a aposta agora é na possibilidade de cruzar fronteiras para voltar aos palcos. Ainda sem confirmar datas, Gusttavo Lima anunciou turnê pelos EUA. Marília Mendonça, após alguns adiamentos, confirmou tour europeu em novembro. Inicialmente, o giro por Inglaterra, Bélgica, Suíça e Portugal ocorreria em março, mas foi adiado.

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