Jornal Estado de Minas

INSTALAÇÃO

Artista leva o 'mar' a Capitólio para promover um dia de praia


A geografia sempre foi cruel ao apartar Minas Gerais do mar. Contudo, esse encontro pode se dar de várias maneiras por meio da arte e da poesia. Nesta sexta-feira (28/5), a artista visual carioca Beatriz Mom chega a Capitólio, na região Centro-Oeste do estado, com seu projeto Diário do Mar em Minas, que mistura intervenção, instalação e fotografia para conectar as cidades mineiras ao litoral.





Criada em 2013, a iniciativa já passou por Aimorés, Belo Horizonte, Cataguases, São Joaquim de Bicas e São João del-Rei. A ideia é reproduzir nos locais aspectos visuais, sensoriais e sociais ligados ao mar, excetuando a água salgada, já que essa não pode ser levada até o interior mineiro. 

“É um clichezão. Coisa de uma carioca com saudades do mar”, diz Beatriz Mom, moradora de Belo Horizonte há 20 anos, em tom de brincadeira, sobre sua própria criação. A artista visual e designer gráfica explica que o sentido da produção é o próprio corpo. “Isso (a saudade do mar) começou a ‘supitar’ em mim e no meu trabalho da pintura, do desenho, até que dessa falta máxima surgiu esse projeto”, afirma Beatriz.  


LITERATURA

Ela cita ainda a inspiração em grandes autores mineiros que abordaram o desejo do encontro com o mar em suas obras. “Tive esses insights na literatura. Lendo poetas que demonstravam sentir essa mesma falta que eu. Sempre atuei nas artes visuais, mas sempre tive essa ligação com a literatura.  Ana Martins Marques, Drummond, Rosa, Murilo Mendes e tantos outros mineiros tratam dessa falta do mar”, destaca. 

O ponto-chave para a instalação itinerante é a palavra ‘mar’ escrita no chão, em grandes letras feitas com sal grosso. Uma alusão ao "mar desidratado". A montagem é feita em um local escolhido para simular uma praia imaginária, onde atividades ligadas à experiência litorânea são recriadas em volta. 





“Em cada lugar foi de um jeito. Mar não é só água. Tento trazer essa coisa da expansão, de se lançar ao mar. Uma grande navegação, ter um mar pela frente. É descontração, troca, essa coisa que o litoral traz”, diz a artista sobre as edições anteriores, que incluíram sarau de poesia, vôlei de praia, performances e até o biscoito Globo acompanhado de mate com limão –  clássico das areias cariocas. 

Desta vez, será preciso adequar o formato à realidade da pandemia do novo coronavírus. Beatriz afirma que as interações entre o público serão reduzidas ao mínimo. “Será tudo com muito cuidado. Serão menos cadeiras de praia e mais espaçadas.”

Outro ponto importante do Diário do Mar em Minas são os depoimentos concedidos pela população local sobre a relação de cada um com o mar. Segundo Beatriz, serão gravados em vídeo com o devido distanciamento. 





Realizado durante a pandemia através da Lei Aldir Blanc, o projeto terá uma curiosa edição na cidade já conhecida como o “o mar de Minas”, em razão do balneário no Lago de Furnas. “Tem esse peso. Infelizmente, com a pandemia, não poderei fazer toda a bagunça praiana que Capitólio merece. Espero que as pessoas se interessem pela aproximação, pelos depoimentos”, afirma Beatriz Mom.

A montagem no calçadão de entrada da cidade permanecerá até domingo (30/5). O público de outras cidades poderá acompanhar o evento pelas redes sociais do projeto: www.facebook.com/diariodomaremminas e www.instagram.com/diariodomaremminas. Depois de Capitólio, o “mar” chegará também a Ipanema, no Vale do Rio Doce; Juiz de Fora, na Zona da Mata; e Januária, no Norte de Minas.  “Ainda vão faltar 841 municípios. É difícil, mas não custa sonhar”, brinca a artista.

Diário do Mar em Minas – Em Capitólio
De sexta-feira (28/5) a domingo (30/5), sem horário definido, na entrada de Capitólio e nas redes sociais: www.facebook.com/diariodomaremminas e www.instagram.com/diariodomaremminas/.

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