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Estado de Minas MÚSICA

Disco 'In silence' revela o novo momento da banda mineira Graveola

Realizado antes da pandemia, novo trabalho com estes tempos de solidão, nostalgia e silêncio. Aos 17 anos, grupo tem nova formação, reforçada por Luiza Brina


28/05/2021 04:00 - atualizado 28/05/2021 08:18

Graveola manteve a sonoridade que sempre marcou a banda, mas buscou ressignificar o seu trabalho(foto: Bruna Brandão/divulgação )
Graveola manteve a sonoridade que sempre marcou a banda, mas buscou ressignificar o seu trabalho (foto: Bruna Brandão/divulgação )

Foram cinco anos desde “Camaleão borboleta”, último álbum da banda mineira Graveola, que nesta sexta-feira (28/5) volta a lançar um disco. “In silence” chega às plataformas digitais com sonoridade resultante de um período que pode ter sido silencioso para o grupo em termos de novos lançamentos, mas não de criações e redescobertas.

Formada em Belo Horizonte há 17 anos, a banda passou por mudanças em sua formação, mas manteve a criatividade como forte traço. “Foram sete discos diferentes uns dos outros. Essa metamorfose ambulante é uma das nossas marcas registradas. O fato de ser um disco diferente faz com que estejamos, mais uma vez, buscando a nossa referência identitária, que é estar sempre mudando”, explica o vocalista Zelu Braga.

LEVEZA 
Lançado pela Deck, o novo álbum preserva a musicalidade leve e apaziguada, dançante em alguns momentos, reconfortante em outros, trazendo a mistura de ritmos brasileiros que consagrou a banda. As sete faixas foram produzidas em 2018 e o trabalho finalizado em estúdio no começo de 2020, antes da pandemia. Curiosamente, as letras trazem pitadas da nostalgia típica desses meses em que a vida foi afetada pelo novo coronavírus.

“Nosso estranho amor”, faixa de abertura, fala sobre estar longe. “Tão tá” traz a musicalidade paraense e ritmos nortistas como lambada e brega para cantar a saudade em tom dançante. “Blues da esperança” tem versos sobre mudanças. “Tanto faz” é a mais melancólica, fala de rompimentos, sobre alguém se reencontrar consigo mesmo e se afirmar, mesmo solitariamente. “Tsunami” é cantada em espanhol e “In silence” em inglês.

“Coincidentemente, os temas abordados ganharam amplitude maior nesta fase das nossas vidas. A gente sentiu que era um momento interessante para colocar a nossa cara no mundo depois de alguns anos de silêncio, contenção e autorreflexão sobre a nossa prática. Um período de renovação, de nos fecharmos para entender melhor quais são as nossas ambições com este projeto”, comenta Braga. O vocalista vê o trabalho da banda “ressignificado” em tempos de pandemia.

Para ele, o silêncio absoluto, na verdade, não existe. “Sempre ficam vozes na nossa cabeça. Cabe a cada um o exercício de refletir sobre seu próprio silêncio. Queremos ouvir melhor nossas vozes internas, elas elucidam nossa atmosfera e a nossa busca de sentido”, diz. “Todo trabalho artístico busca não dizer de forma clara e óbvia as coisas para oferecer um caminho interpretativo ao público, no qual ele possa captar coisas além dos autores. É um disco para oferecer experiência estética particular a cada um que ouvi-lo, quantas vezes for”, acrescenta.

Ao comentar o que difere “In silence” de trabalhos anteriores do Graveola, Zelu Braga destaca que, além de trazer “dimensão mais contida e esforço de olhar para dentro”, o disco trabalha canções de amor como a banda ainda não havia feito. “Falamos agora das dores do amor, tema que abordamos pouco ao longo de nosso legado e foi importante para colocar um pouco desta cara nova da banda”, afirma o músico.

O vocalista ressalta o protagonismo de Luiza Brina, com quem divide os vocais no que chama de “novo Graveola”. “A figura dela ganhou mais força no disco. Ela é compositora de quatro das sete músicas. Entrou no grupo como percussionista, hoje é guitarrista e uma das principais vozes”, reforça Zelu, que integra a nova formação ao lado de Gabriel Bruce, Bruno de Oliveira, Thiago Corrêa e Di Souza, além de Luiza Brina.

LUIZ GABRIEL 
O novo disco traz participações especiais de Uyara Torrente (A Banda Mais Bonita da Cidade), PC Guimarães (Semreceita) e Luiz Gabriel Lopes, que deixou o Graveola em 2019 e participa da faixa “Tsumani”.

“Ele foi uma das últimas saídas, uma pessoa superimportante em vários aspectos. Conservar essa participação dele é um elemento importante daquele Graveola antigo que trazemos neste disco”, diz Zelu.

O músico lembra que o período recente de transformações para o Graveola coincide com o esvaziamento das políticas culturais no país. “Mais da metade dos discos anteriores da banda foi produzida com leis de incentivo. O desmanche nos últimos cinco anos fez com que tivéssemos de buscar novas alternativas para nos sustentar”, argumenta. Parte dos recursos para o novo trabalho veio de uma campanha de financiamento coletivo.

(foto: Deck/reprodução)
(foto: Deck/reprodução)
“IN SILENCE”
.Graveola
.Sete faixas
.Gravadora Deck
.Disponível nas plataformas digitais


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